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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Poesia.





Hoje a poesia escorreu-me por entre os dedos,
Num ruflar de asas tão intenso, que podia tocar com ímpeto o céu e a terra,
Era parte de mim castigando a essência racional,
Dando vida a tantas palavras mortas no imaginário constantemente maculado,
E percorriam a distância que existe entre si e os sentimentos,
E não era meu o sopro da criação,
E não eram meus os brados loucos e a voz cansada,
Eu era apenas interprete de emoções,
Moldando palavras...
E dominavam-me de tal forma que não ousava questioná-las,
Quem de fato eram elas,
Se eu, se palavras.
E tornavam-se vivas, num bailado eloquente,
Morriam e transfiguravam-se teatralmente,
Subversivas a qualquer denominação,
Interpretes de si mesmas,
Criadoras de emoções.
E por fim já cansadas, adormeceram,
Talvez para perturbar-me em qualquer outro dia,
Tão ditas palavras soltas,
Tão dita poesia.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Intenso.


Por vezes preciso de um amor,
Um amor que me ouça quando meu silêncio for profundo,
Que me tome nos braços quando o cansaço for visível em minha face,
Um amor que por vezes enfade-se de meu jeito estranho,
Que me beije o sorriso quando me for oculta a dor,
Por vezes preciso de um amor...
Que admire-se com o por do sol,
Que seja meu sol...
...A observar o por da juventude em mim...
Por vezes...
Eu espero,
Aquele amor,
Cheio de travessuras,
Tão doce e pequeno em seu gigantesco significado,
...Preciso de um amor,
Que divida-se para me completar,
Tão amor,
Tão necessário...
Abrindo-se em mim como aquela flor que ontem brotou no jardim,
E beije-me como um beija-flor sedento,
Por vezes preciso de um amor...
Que perca-se ao meu encontro,
Que seja um pouco de mim sem nenhuma semelhança,
Preciso por vezes...
Encontrar-me em um amor tão preciso e certeiro,
Que seja de fato um amor,
E que ele seja o que eu jamais senti,
Doce e intenso...
Tão necessário quanto o que eu imaginava...
Apenas meu amor...

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meias verdades.


Eu não quero olhar esse mundo de costas,
Como se as costas do mundo estivessem voltadas prá mim,
Não quero entender essa linguagem de gente que diz que entende,
Que diz que é gente,
E não faz sua parte no que diz que entende,
Não quero trocar palavras com as poucas palavras que aprendi no dicionário,
Porque cegam minha visão humana, de ser, de revolucionária,
Não me venha com esse papo de meias verdades paliativas na busca para definir justiça,
Todo dia tem morto na calçada,
Todo dia tem direito humano, prá quem mata,
Não me venha com histórias que ficaram na gaveta,
Que dizem que temos um país para todos,
Mas sei que nem todos possuem esse país,
Então não venham trazer nos papeis obras,
Porque o tempo apaga o que não se ergue do lado de fora,
Eu não acredito em muitas coisas,
Coisas que se fazem presente na vida da gente,
Mas a gente é diferente daquela gente que diz que entende,
Que diz que é gente,
E não faz sua parte no que diz que entende,
Porque a gente luta,
Rala,
Se mata,
Prá ser gente de forma concreta,
Na vida desse país que degrada o nosso direito de ser humano...
De ser gente.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 20 de novembro de 2011

Qual a cor da Consciência?





Era a oração calada vinda do âmago dos navios negreiros,
Era um amontoado de gente, sem vida de gente,
Numa dor doída e vazia,
Silêncio gritante nos olhos inflamados,
A história que se criava,
De lutas, derrotas e vitórias...
E o cântico doloroso que se espalhava em fraca voz,
Ganhou coro em tantos cantos,
Em tantas vozes,
E era a liberdade desejada,
Buscada na luta dos dias comuns,
No morro de tantos Cristos,
Longe de chibatas e fuzis,
E o choro que outrora doía,
Abriu-se em fortes brados,
De homens e mulheres, rompendo as algemas da história,
Detendo a chibata maldita,
Abraçando sua real identidade,
Afundando os navios de onde o choro e o lamento eram orações,
Abrindo os olhos ao invés de fecha-los diante da insanidade da intolerância,
E o cântico outrora doloroso, fere os ouvidos dessa história,
Escrita com sangue de tantos,
Com a fé de muitos,
Pelas mãos da insensata covardia,
E não se calaram as vozes,
E ainda não cessaram os lamentos,
Porque a luta não finda,
É renovada a cada dia,
Revestida de tantas formas,
De derrotas e vitórias...
Marcando na pele a certeza de que é a cor da alma que revela real cor da pureza.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sobrenatural.



Olhai para a campa fria que jaz sob os braços negros do velho carvalho,
Não há nada mais sublime que a vida abraçando a morte em seu leito nupcial.
Ambos perdidos num abandono silencioso, em que a terra,
Apenas a terra, concentra todo o conteúdo vital...
Enquanto guarda o sopro fenecido,
Dá vida ao que parece morto, de forma sobrenatural.


Raquel Luiza da Silva.

Vamos embora.




Vamos embora,
Dessa terra já não brota mais as sementes que lançamos,
Os frutos já pesam envelhecidos nos galhos,
Não há mais motivos para continuarmos,
Vamos embora,
Essa pátria outrora mãe, desgarra-nos de seus seios,
Dá-nos por alimento o amargo de seu âmago,
Não nos alimenta mais como filhos,
Despede-nos de mãos vazias como indigentes,
Partamos antes que a lembrança nos assalte e a pobreza venha bater em nossa porta,
Antes que choremos de saudade,
Vamos embora,
O mundo com sua boca escancarada nos aguarda,
Oferece-nos a oportunidade de sermos gente novamente,
Dá-nos seu peito duvidoso e farto de mãe de todos,
De mãe de tantos,
Partamos antes que a lágrima venha a cegar-nos,
Antes que os belos momentos passem pelos nossos olhos como um filme há muito passado,
Vamos embora,
Findou-se nosso tempo nessa terra,
Digamos adeus e partamos sem olhar para trás,
Partamos em busca do que a mãe terra nos negou,
Encontremos outro ventre para abrigarmos nossos sonhos e lançarmos nossas sementes,
Não percamos mais tempo...
Vamos embora...

Raquel Luiza da Silva,

domingo, 13 de novembro de 2011

Cegueira.






Ontem faltou-me a visão,
Debrucei-me por sobre as folhas em branco espalhadas em minha mesa,
Eram o espaço vazio que me desafiava,
Eu cega, elas sem palavras...
Entre nós um vácuo,
Eu a gritar interiormente,
Elas mudas, numa complexidade ausente,
Sem expressão nenhuma me fitavam,
Zombavam de minha incapacidade,
Eu em minha falta de visão,
Elas vazias de palavras,
Então abri os olhos,
Elas emudeceram em sua palidez de morte,
Tornei-me palavras,
Elas cegueira de minha sorte.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 12 de novembro de 2011

Talvez eu me encontre.



Cansei dessa luta,
Que a felicidade me encontre na próxima esquina,
Cansei dessa ilusão bandida que assalta-me constantemente,
Disseram-me que sou sonhador,
Que trago na bagagem amontoados de nada,
E sei que não estão errados,
Mas também nunca estiveram certos...
Atiram-me pedras, com seus pecados encrostados nos atos,
E eu acaso sou pecador?
Ora, não quero carregar essa cruz pela vida afora...
Tenho que levar comigo tantos planos,
Planos de acaso, planos de ninguém,
Cansei dessa ilusão bandida,
Assaltante de mim,
Roubando os espaços contidos nesse meu acaso,
Cansei...
Não volto mais,
Mas digam-me,
Para onde irei?
Para os braços do impossível?
Para debaixo das pontes imaginárias, dessa minha construção efêmera?...
E é tão pequeno esse espaço,
Revestido de coisinhas tão miúdas,
Tudo escondido aqui,
Aqui onde ninguém consegue perceber,
Mas digam-me, para onde vou?
Se emprestarem-me um pouco de imaginação...
Talvez eu consiga sem muito esforço construir morada,
Talvez a felicidade me encontre na próxima esquina,
Talvez eu me encontrei nessa tal felicidade...

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Apenas eu.




Ora, foram-se embora os amigos, os amores, o cão e a juventude...
Partiram todos sem que eu notasse,
Ontem me faziam companhia,
Cercavam-me com seu calor,
Alguns partiram sem dizer adeus ou sem deixarem um recado qualquer num bilhete de papel velho e amassado,
Apenas partiram...
Por alguns chorei,
Por outros apenas uma saudade contida incomodou-me por algumas horas, alguns dias talvez...
Ou foram meses?
Ou foram anos?
Foge-me da mente o tempo,
Fogem-me da mente as lembranças,
Sei que partiram, sei por que vejo o espaço vazio,
Preenchido apenas em minha estante, por aqueles velhos porta-retratos,
Momentos encravados numa folha de papel especial,
Coloridos por tinta especial,
Tão especial que nunca fugirão dali,
Serão eternas e empoeiradas lembranças por sobre minha estante.
Mas ainda consigo recitar um poema,
Algo sobre felicidade,
Aprendi em minha infância a muito passada,
Mas não o irei recitar, dá-me saudade,
Saudade é tema?
Sempre foi de um ou dois de meus poemas sem fim,
Mas eram só palavras naquele tempo,
Viraram essa realidade,
Ora, todos, quase todos já partiram...
Os amigos, os amores, o cão, a juventude...
Ainda não sei quando me vou,
Disseram-me que ainda terei histórias para contar,
Mas para quem?
Todos já partiram...
Resta-me a breve visão desse tempo forjada no que um dia fui, adormecida na lembrança,
E é esse tempo que prende-me a ele sem que eu entenda,
Enquanto todos, quase todos já partiram...

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 6 de novembro de 2011

Tão doce mistério.

Essa poesia que grita,
Tão controversa em si,
Revestida de matizes fortes,
Desafia essa vida, enfrenta a desvairada morte,
E não são apenas palavras,
Não são flutuantes desejos,
São de firme propósito,
São do peito ensejo,
E não são feitas dessa vontade,
Tão humana vontade de gente,
É ela viva,
Tão viva quanto a realidade existente.
E eu não desafio suas linhas,
Não ouso questionar sua razão,
Mas como posso se sai ela de mim então?
Nada sei,
De palavras pouco entendo,
Não questionaria o que toma vida a seu contento.
E se esse peito fala,
Não existem para a mente palavras,
Poesia é feita de emoção,
Do tipo que liberta a alma,
Cega os olhos,
Mas é legível ao coração.

Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amor de momento.


Amar-te-ei sem pedir nada em troca,
Dar-te-ei por asilo meu corpo sem negar calor,
Falar-te-ei das tantas aventuras passadas nesses amontoados de anos,
Afagar-te-ei os cabelos para que sintas meu toque,
Selarei teus lábios com meus beijos, para que na mudez em que se revestirá esse momento não hajam palavras que definam um futuro,
Não negar-te-ei meus segredos,
Mas também não forçar-te-ei a entregar-me os teus,
Ainda que eu seja verdade, algo será oculto em mim,
Então peço-te que ame-me e que seja tão intenso quanto a chama que brota de uma vela,
Que arda e dê luz e calor durante toda uma noite,
Mas quando acabar, não delongues em despedidas,
Que não dure o adeus por toda uma vida que corre,
E quando acabar, que seja eu a partir de teus braços,
Que seja eu a carregar a culpa,
Porque a culpa de quem vai-se em nada compara-se á dor de quem fica,
Deixe-me ser a culpada para carregar na mente tua doce imagem,
E de mim...
Guardarás todos os momentos, de tantas horas em lembranças passadas,
Serás tu tudo para mim, e eu para ti nada,
Então não tardais!
Amemo-nos por essa noite que será de nós a eternidade,
E entre os lábios teus não haverão palavras que definam um futuro,
Porque se revestirão em silêncio, selados pelos beijos meus.

Raquel Luiza da Silva,

Tempo de vento.






Eu era feita de vento,
Na amplidão de um tempo de rocha,
Corria uivante por entre as frestas,
Como se nada fosse real,
Como se o ser intocável que era eu, fosse indestrutível...
Mas um dia descobri que na verdade o tempo era feito de vento,
Que na verdade era eu quem era feita de rocha,
Rocha que desfazia-se á cada toque do vento,
Vento que passeava por entre minhas frestas...E a cada toque levava um pouco de mim...
Não me desfazia totalmente, por ter a firmeza e a consistência da rocha que era eu...
E na verdade o vento apenas espalhava-me por essa terra,
Como pó da criação,
Mas feita de rocha dançante com o vento.
E a música de sabedoria entoada a cada passagem sua, me era doce,
Por vezes feita de nostalgia,
Por vezes desafiadora,
E o que ainda sei é que o tempo continua a ser de vento,
E eu...


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Poema do dia.




Tal qual cortesã sedenta de desejo espreita-me a morte,
Na loucura esfaimada de dar-me seus quentes beijos de febre terçã,
Deslumbrada com a nudez de minha alma quase infantil,
Rodeia-me a ouvir meus poucos poemas,
Tocando as linhas imaginárias como se ali pudesse sentir a vida que em mim habita,
E seus olhos de púrpura cintilam á cada verso,
E posso ouvir cada passo seu ao meu redor,
Circunda-me com sua vontade,
Mas sabe ela que ainda é cedo,
Que terá que ouvir-me tantas e tantas manhãs,
Ou estarei eu errada?
Nada sei do dia que virá,
Mas posso senti-la ,
Posso ouvi-la ao meu redor,
Ao encalço da vida,
Tão necessitada e insaciável com sua vontade insana,
E então a olho nos olhos que não posso ver e recito meus poucos poemas,
Ela ri-se de minha ousadia,
E eu sei que ri,
Mas ela não pode me tocar,
Não agora,
Toco a escrever o poema dessa hora que respiro, visto que o amanhã me é incerto,
E ela ouve-me recitá-lo,
E já decora as ultimas estrofes que serão suas,
Não hoje...
Amanhã, talvez.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

....

Se minha poesia for capaz de calar minha consciência,
Se minha poesia for capaz de submeter-me á cegueira,
Se minha poesia for capaz de enganar-me á cerca do mundo,
Se minha poesia mutilar meus objetivos...
Eu renuncio á minha poesia.
Porque ela será viva, na alma de um ser humano morto.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sem palavras.



Queria dizer-te ao menos uma palavra de conforto agora,
Mas não há palavra alguma que conforte a dor de quem fica,
Nem a de quem com culpa vai-se embora.
Tenho vontade de abraçar-te, sentir tua cabeça sobre meus ombros...
Chorar contigo essa dor amarga,
Ouvir-te a dizer que de mim não guardarás mágoas.
Mas utópico é esse meu pensar,
Egoísta essa forma de querer,
Não posso impedir-me de sentir culpa e nem tu de sofrer.
E diante desse vazio perverso,
Olhando-te pálido,
Silencioso e triste,
Questiono-me se a felicidade a mim algum dia fará convite.
Não há mais nada que prenda-me a essas paredes,
Não há nada mais que prenda-me a teu corpo,
Partirei antes que brotem sufocadas palavras, ditas por esse meu coração oco.
E se seu silêncio doí-me na alma,
Sou merecedora de tal sentença,
Pois paga o corpo, pela cabeça que não pensa...
Adeus!
Até mais?
São palavras por demais perversas,
Para quem fica ou para quem vai-se.
Apenas fecho a porta, num adeus mudo e doído,
Enquanto do lado de fora espera-me com um sorriso,
Aquele que de ti roubou-me,
Amor impiedoso,
Amor bandido.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aquele meu tempo antigo.




Sou de um tempo meio antigo,
De uma visão sem demora,
Onde filho respeitava pai,
E pai respeitava filho,
Onde a benção pela manhã era essencial para começar a vida lá fora,
Vida a mercê de tantos males,
Que nada era mais seguro que a benção dos pais.
Sou desse tempo meio antigo,
Perdido para tantos,
Para outros apenas sem sentido,
Mas era um tempo em que o respeito era passaporte para a vida,
Onde o sorriso fazia algum sentido,
E onde o sentido era uma necessidade,
Onde sofrer fazia parte de um aprendizado constante,
E onde lutar era meta de horizontes,
Esse já é um tempo antigo,
Hoje os pais não dominam as mesmas técnicas de ensino,
São velhos perdidos na modernidade avassaladora,
Sem diálogo,
Sem força.
E esse tempo tão moderno, por vezes muitos comparam-no ao inferno...
Feito de almas vazias,
Feito de liberdade excessiva,
Feito de vícios,
Feito de caprichos...
Eu sou de um tempo antigo,
E é esse o orgulho que trago comigo,
Sem invejar tudo que se tem hoje,
Amontoados de valores perdidos.
E esse tempo que se foi, parece que não mais voltará...
Perdido em tantos que se vão,
Guardados em qualquer lugar...
E se sou antiquada, não me causa constrangimento,
Orgulho-me de ser de um tempo antigo, perdido...
Onde filho respeitava pai,
E pai respeitava filho.

Raquel Luiza da Silva

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tão complicado...




Não quero brincar de amor e guardar todas aquelas velhas cartas,
Espalhar fotos por toda casa,
Ouvir o som enfadonho daquela canção que já foi nossa,
Esperar que volte após bater a porta,
Não quero a saudade bandida,
Ou o triste adeus da partida,
Velar um sono tardio,
Ou rolar pela cama feito fera no cio,
Não quero esconder o rosto para chorar,
Se tiver que ir, vá!
Se me prender é perder o tempo,
Quero a liberdade que vem com o vento,
Não quero essa ilusão mesquinha,
Que assalta-me pela noite e vai-se á luz do dia,
Levando aquele bocadinho humano,
Que só me aparece em sonhos,
Não quero asas atadas,
Que espera o regresso na calada,
Vazia de mim, perdendo a alma,
Não quero ter grades á minha volta,
Quero abertas todas as portas,
E se é vazio que anseio,
Voarei pelo meu desejo,
Só não quero brincar de amor e guardar todas aquelas cartas...
Repletas de sentimentos, ou meras palavras.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Desejo.





Suave veneno que corre de teus lábios,
A embriagar-me,
Deixando-me indefesa, refém destes beijos,
E entrelaçada nesse corpo viril,
Sinto-me tal qual ave cativa,
Despindo-me da virginal face e entregando-me a lascívia,
E entre sussurros e juras,
Entre suspiros e gemidos,
O calor a rasgar-me as entranhas,
Dando-me uma personalidade de indomável animal,
Dando vida a outro ser,
Ser humano, ser real.
E ao sentir-te por completo,
Nesse desejo mútuo,
Fundindo-se a mim,
Não sei onde tu começas,
Nem onde é meu fim.
E nossos corpos a bailarem,
Sem necessitarem da razão dos dias comuns,
Perdemos a noção do tempo,
Perdemos o paraíso enfim,
Na eternidade de poucas horas,
Enquanto a vida corre do lado fora.
E ao chegar o final,
Não nos diremos palavra alguma,
Despedir-nos-emos como amigáveis criaturas,
Para não desconfiarem de minha vida, nem da tua,
Porque amanhã...
Ah...Amanhã...
Estaremos cá novamente, segredando a essas paredes,
Nossos desejos, essa insaciável sede.

Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Versos de vento.




Faço versos de vento em outonos cinzentos,
Embriagados de um fulgor harmônico,
Modelados pela mente que não dorme,
Regidos pelas mãos de uma alma incessante,
E as notas?
Ah...As notas...
São composições de um coração entre mundos de sentimentos inconstantes,
E os versos são de outonos,
São de vento,
São cinzentos.
Nascidos do toque,
Suave toque,
De tudo que me absorve,
Desse tempo,
Que me leva,
Que me traz,
Que foge,
Contido em palavras,
Gritantes,
Caladas,
De mim,
De tudo,
De nada...

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sou.




Eu diria a essa montanha lança-te ao mar,
Oxalá fosse minha fé do tamanho de um grão de mostarda.
Sempre perco-me por entre mundos de conhecimentos e ignorância nata,
Sou tão humana quanto minhas conflituosas palavras,
Por vezes crente nos sonhos que me aparecem em espasmos,
Por vezes cética diante do que posso tocar,
Vislumbrando o mágico mundo em sua mutação frenética á minha frente,
Sou luz,
Sou trevas,
Tudo num estado de espírito totalmente humano,
Natural,
Moldado pela divergente forma de ver,sentir, agir e pensar...
E é essa complexidade de coisas pequenas que moldam-me,
Tão cheia de perguntas sem respostas, de regras indefinidas...
Magia visionária de uma alma abrasiva, penetrante...
De um coração relaxado, por vezes amante, por vezes amargo...
E diante de meus olhos erguem-se as montanhas,
Pesadas...
Negras...
Oxalá tivesse eu a fé do tamanho de um grão de mostarda...

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

De mim.





Meias palavras de culpa,
Encravadas na morbidez de um papel velho e encardido,
Diziam de mim,
De algo perdido,
Era eu aquele objeto que riscava seu âmago,
Sôfrego,
Torpe,
Feito de aromas, feito de puro mofo,
E não me diziam as bocas escancaradas,
Que eu era vazio,
Cheio de nada,
Na pureza perdida ao nascer,
Eram de mim tais palavras que sangravam o velho e encardido papel,
Antes de morrerem por baixo do invisível véu,
Ditas de mim em silêncio,
Como se pudessem rasgar esse virginal ventre,
Na aspereza sentida,
Dessas palavras,
Dessa vida,
Eram de mim que falavam afinal,
Criando vida,
Antes de adormecerem no ultimo ponto final.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Canção muda.





Trago nas mãos apenas um punhado de dedos cansados de dedilharem teclas mudas,
Dando vida a palavras surdas,
Que esgotam suas vertentes sentimentais por ai...
Tão cheias do humano tocável,
Na vastidão desse mundo interior revestido de eus,
Ora criando,
Ora morrendo,
Ora construindo,
Ora destruindo o que foi criado,
Numa profecia inconstante e silenciosa,
Tão real,
Tão invisível quanto o ar que invade as narinas e me possui,
Trago nas mãos apenas um punhado de dedos cansados,
Dedilhando o imaginário de uma mente que não dorme,
Perdendo-se num emaranhado de vidas e desejos,
Como se o mundo parasse ao me ouvir dedilhar tais teclas...
...Mudas, dando vida a palavras surdas.


Raquel Luiza da Silva.

sábado, 1 de outubro de 2011

Sem resposta.

Porque lamentar-se por algo que nunca se teve?
Algo que nunca venceu as barreiras da imaginação...
Perdido por entre linhas de pensamentos,
Crescendo e crescendo...
Tão agoniante quanto o tempo a transcorrer por entre os ponteiros do velho e empoeirado relógio,
E era assim toda aquela história,
Vivida,
Sofrida,
Perdida...
Não há porque lamentar-se pela pele nunca tocada,
Pelo beijo nunca dado,
Ou pela lágrima jamais sentida,
Porque nada disso foi real,
Era apenas o desejo impregnado no coração,
Ou no pensamento talvez,
Numa distância de mundos,
De um oceano, talvez...
Nada que explique-se em palavras,
Ou aos normais,
Talvez numa dor doída,
Sem porque nem pra que...
Enquanto as lágrimas cegam os olhos que tentam conter-se,
E o peito tenta ocultar o que sente, a mente ,única sóbria nesse momento tenta entender...
Por que lamentar-se por algo que nunca se teve?

Raquel Luiza da Silva.

...

Da janela de minha mente posso ver o mundo, o mundo que me pertence e não posso tocá-lo.


Raquel Luiza da Silva.

...

A ciência recria o homem a cada dia, a história perpetua esse homem, entre a ciência e a história não teria algo para concertar as duas?


Raquel Luiza da Silva

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Adeus...





E de repente apaga-se o brilho nos olhos,
Guarda-se o sorriso para uma próxima ocasião,
As palavras já mudas, adormecem na voz calada,
O poema repousa no fundo escuro do bolso do velho casaco,
E a vida segue seu rumo,
Como se a dor que o coração sente fosse apenas mais um momento,
Momento sem brilho, talvez...
Perdido na desilusão da triste palavra...
Adeus...


Raquel Luiza da Silva,

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Infinito que sou eu.





Não quero o pudor dos corpos intocados,
Nem a beleza de cera dos rostos fingidos,
Quero a liberdade dos cativos em si mesmos,
Para alçar voo nesse infinito desconhecido que sou eu.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 25 de setembro de 2011

Ocioso coração.




Ocioso coração,
Esqueceu-se de amar então,
Batendo calmamente alheio á dor pungente,
Parece sentir-se protegido do tão temido perigo,
Ao olhar da fresta dos olhos,
Tanto semblante desiludido,
E a todos causa espanto coração sem dor, sem desencanto...
Como pode ele nem uma lágrima derramar?
Apenas sabe-se que é um coração que esqueceu-se de amar.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Irmão vento.



O vento que agora toca-me os cabelos,
Brinca por entre águas e rochedos,
Vagando pelos mistérios profundos,
Vistos pelos átrios do mundo,
E eu também ponho-me a vagar,
Sem sair deste mesmo meu lugar,
Correndo pelos vãos dessa história,
Presas em mim pela incessante memória,
E eu diria que sou irmã desse vento,
Com meus inquietantes tormentos,
Vagamos sem rumo,
Corpos sem vertebradas,
Vidas sem prumo,
Tocando o oculto pela razão,
Ele é vazio,
Eu tenho um coração,
E se me assusto com os toques do vento,
Temo que me possa descobrir por dentro,
Eu tenho alma,
Isso a ele falta,
Ele vagueia sem entender o que vai á razão,
E eu... Sou presa a essa liberdade quando viajo pela imaginação.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Entre mundos.



Arremeto-me aos campos de girassóis,
Cujos sois de suave purpura me fascina,
Beijando o azul de meu céu,
Tão meu...
Tão cheio de ilusões ,
Brincando com as doces borboletas multicores,
De cores que furtam de minha imaginação toda essência infantil,
Voando por esses campos...
Tão alegre ser,
Longe da vida corrida,
Longe do perto fim,
Atrás de borboletas multicores que voam por entre girassóis que beijam o azul de meu céu,
E então não quero mais voltar...
Prefiro deitar-me na grama e namorar os sois de suave púrpura que me beija a face,
Tal como enamorado por seu primeiro amor,
Enquanto as nuvens, brancos carneirinhos, saltam por entre as colinas invisíveis...
O relógio desperta trazendo-me ao mundo que me espera,
Meu doce quimera.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

...

Creio que se o homem vertesse-se em estrume ao invés de pó, teríamos infinitos jardins...
Raquel Luiza da Silva.

...

Ora, talvez sejam os sonhos fagulhas incandescentes dentro de nós e para não perturbarmos nosso comodismo ás sufocamos.
Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

...

Se eu calar a voz que há em mim,
Deixarei morrer o tempo que segue desde minha concepção,
Não serei eu feita de vento?
Passeando por entre os espinhos e lamentos...
Talvez traga na pele a ardência do sol,
A leveza tempestuosa das ondas se quebrando na praia,
Se eu calar a voz que há em mim,
Não serei poesia,
Talvez serei apenas palavras soltas em um universo sem fim.


Raquel Luiza da Silva,

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Falando de nada.

Se hoje eu tivesse uma gota que fosse de inspiração,
Falaria de flores,
De amores...
Traçaria almas poucas e incontidas palavras,
Mas como não a tenho...
Não falarei de nada...


Raquel Luiza da Silva

domingo, 11 de setembro de 2011

...

Deita o homem por terra sua própria raça,
Ancorando sua fé nas terríveis e mortíferas armas,
Matando de fome e sede aquele que é sangue de seu sangue,
Como se no céu sobre suas cabeças não houvesse um Senhor de justiça,
Observai o que restou das colinas verdejantes,
Chorai por seus filhos oh terra de homens maus!
Pela terra de seios secos e úteros inférteis,
Pelo paraíso perdido na soberba do desejo de grandeza,
Grite enquanto ninguém te ouve em meio ao caos,
Por entre esses campos de dor semeados por tuas próprias mãos,
Enquanto raças se confrontam
E nação se levanta contra nação,
Chore enquanto podes ouvir a ti mesmo oh raça de homens maus!
Enquanto tuas lágrimas ainda encontram a terra seca para engoli-las,
Porque chegará o dia em que diante de Deus te prostraras,
E apenas teus atos serão contatos,
E pelo sangue de tuas mãos julgado,
A tua força e sabedoria de nada te servirão,
Erguerás os olhos para os céus e não mais haverão céus,
Nem tuas armas,
Nem o jugo com que aprisionavas o teu semelhante
Apenas seras tu e Deus...
Chorai enquanto podes
Aspirando a liberdade de teus sonhos,
Chorai pelos teus mortos,
Por aqueles que repousam em campas de injustiças,
E que pacientes aguardam pela terra prometida,
Chorai oh raça de homens maus...
Enquanto se aproxima o fim dos dias teus...


Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Beijo de ópio.

Não era o sol que me cegava,
Nem as lágrimas que rolavam solitárias,
Nem mesmo o tempo que me transformava em pó,
Era apenas a ilusão da eternidade contida num beijo,
Em um nada de segundos que me roubaram a paz,
Paz de felicidade momentânea rompida na partida,
No despertar utópico de sonhos futuros,
E se foi...
Levando dos meus lábios o sorriso,
Os segredos,
O beijo...
E furtaram o ser do humano,
E eu fiquei,
Nesse canto,
Sem encanto,
Sendo eu,
Sendo só,
Tão perdido de mim,
Ao encalço do tudo que verteu-se em nada,
Diante de meus olhos,
Fugindo por entre os dedos,
E o toque da pele está marcado nas

linhas horizontais desse coração,
Digitais indeléveis de uma alma cansada,
Vazia de si
Repleta de nada.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Presença.


Fui-me embora para longe,
Deixei para trás um pouco de mim,
Naquelas paredes escuras,
Naquelas paredes frias e escuras,
Como uma pichação vazia de ilusões,
Talvez um dia entendam um pouco de minha presença,
Tão calada,
Tão estranha,
Naquelas paredes frias e escuras...


Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Paz


Quero um pouco de paz,
Não a paz comercializada nos templos religiosos,
A paz rica em bênçãos que não se encontra nos frascos e envelopes que custam um propósito financeiro,
Quero a paz que vai do antigo ao novo Testamento,
A paz revestida de luz e doação espiritual,
A que transforma o coração e que não cega,
Que é tão necessária quanto o ar que respiro,
E tão real quanto minha existência nessa terra,
Quero um pouco de paz,
A paz que foi resgatada da morte um dia,
Que foi gerada por Deus e em Deus,
Aquela paz que a Virgem Maria trouxe no ventre,
E que ao nascer trouxe luz,
Adormeceu em um berço de palha, num estábulo,
Tão humilde,
Tão pequena,
Tão cheia de Deus e vazia do mundo,
Quero a paz que habita nos vales,
No doce da manhã,
Na nostalgia do cair da aurora,
Na noite que entorpece,
Aquela que alimentou a multidão com cinco pães e dois peixes,
Que disse á mulher que tocou em seu manto: “A tua fé te curou”.
Ou ainda, aquela que fez o cego enxergar,
Que fez coxos andarem,
Quero essa paz que abriu os olhos do mundo,
Mas que o mundo se fechou a ela, se escondendo nos luxuosos templos,
Quero a paz que não se transforma em dinheiro,
Que é verdade mesmo quando o terreno é de inverdades,
A paz que não condena,
Que não consome,
Aquela que faz nascer, ressurgir, crescer,
Aquela que não tem limites,
Aquela que não deixou religiões, apenas ensinamentos,
Quero a paz que se perdeu na vaidade humana,
Que se transformou em pequenos fragmentos de luz nos corações terrenos,
Quero a paz que se perpetua pela fé,
Nos braços das verdades de Deus,
Quero apenas a paz de Jesus.


Raquel Luiza da Silva

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Brincado de ser...


Por vezes penso que sou criança brincando de ser gente grande,
Em um mundo de coisas superficiais,
Onde a razão é desnecessária quando se tem um truque na manga,
E o imoral é mais sensato do levar tudo a serio,
Olho a vida pelas lentes escuras de meus óculos,
Como se não fosse minha, essa responsabilidade de ser gente,
De abraçar os caminhos com a voracidade de um estômago invisível,
E eu não sei mesmo quem vai ao meu lado,
Gente daqui, gente de lá...
Nessa caixinha redonda que gira, gira...
Como se no correr das horas, tudo isso fosse um propósito apenas, para dar voltas á minha cabeça,
Cabeça vazia, cabeça dura, cabeça pensante, cabeça...
E tudo o que sei está nos livros,
Ou nos bancos da tal escola vida,
Onde se é corriqueiro a greve moral,
Por vezes falta um pouquinho disso ou daquilo...
Mas todos acabamos diplomados,
Uns com algum juízo, outros sem nenhum...
E mais uma vez não sei quem vai ao meu lado,
Porque o tempo, senhor das mudanças, muda tudo...
É como se isso fosse mesmo a realidade escondida na primeira esquina,
É como se o óbvio fosse a encarnação da verdade,
E é por isso que penso que sou criança,
Criança brincando de ser gente grande,
Carregando nas costas as responsabilidades de uma idade,
Sem perder a graça e real sabedoria da tenra idade que preservo interiormente.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poeta.


Eu era sol,
Eu era lua,
Era a consciência num universo de sonhos,
Era a beleza,
Era o espanto,
De tudo que se abria em mim eu era um pouco,
Da dor sofrida,
Da magia buscada,
Da alegria insana,
Eu era um mundo...
Um pouco da terra molhada,
Da aridez de um coração,
Do suor imperceptível que nenhuma mão secava,
E do toque resplandecente do Criador,
Eu era a quimera criação,
Mutação de planos,
De aspirações talvez,
Apenas a cegueira nos olhos da lince,
Ou o voo alquebrado da águia já cansada,
Mas eu era alguma coisa,
Eu era o tudo em meio ao nada,
E não me perdia ainda que estivesse em pedaços,
Sempre abria portas,
Caminhos pintados pelo imaginário de mãos tortas,
Mas eu seguia,
Meio assim...
Sem saber o que procurar,
Se eu causava dor,
Ou se as podia curar,
Mas eu era vendedor de ilusões,
Um vulto possuidor de carne e alma,
Talvez de um variável coração,
Tão sozinho em si,
Em meio a uma multidão de olhos,
Tão longe da sensatez que ainda me cerca,
Eu era...
Eu sou...
Eu sempre serei poeta.

Raquel Luiza da Silva,

sábado, 13 de agosto de 2011

...

O mal da humanidade chama-se, falta de inspiração,
Se a tivéssemos faríamos poesia ao invés de guerras.

Raquel Luiza da Silva.

...

Minha alegria incomoda aos outros,
Minha tristeza incomoda aos outros,
Serei alegre em silêncio,
Serei triste em silêncio.
E se alguém se incomodar...
Não me restará mais nenhuma alternativa.

Raquel Luiza da Silva.

...

Se soubéssemos apreciar a beleza do tempo presente,
Não desejaríamos tanto a eternidade das coisas.


Raquel Luiza da Silva.

...

A validade das coisas está em sua embalagem,
A validade das pessoas em seu caráter.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Apenas ouse .


Tenho alguns caminhos para seguir,
Talvez eu escolha um ou dois quando acreditar que me levarão a algum lugar,
Qualquer lugar, onde eu possa me deitar na grama e meu olhar se perca no azul do céu,
Sem ter medo de buscar as formas amorfas que existem em cada sentimento que alimento,
Simplesmente deixar que a ilusão dos dias de calmaria invada cada segundo desse tempo que me escravizou por anos,
Talvez eu escolha um ou dois caminhos quando acreditar que é seguro transpor a soleira do meu eu interior e seguir...
Abraçando tudo o que se perdeu por acaso, ou se fez acaso em minha vida pela ignorância que me cegou,
Deixar partir de mim tantos tesouros que tranquei num canto escuro chamado de eu interior,
Apenas para não dividir com os outros, porque eu sabia que era bom...
Talvez um ou dois caminhos farão a diferença quando eu acordar pela manhã e desejar acreditar,
Acreditar naquele amigo que se foi sem dizer adeus,
Nas palavras de um alguém que nunca me disse nada,
No sorriso discreto que não percebi,
Nas lágrimas que rolaram e eu não as pude controlar,
No amanhã que me era promissor,
Na dor como oportunidade de renascimento,
Na verdade como trunfo,
No amor como dádiva...
Talvez eu acorde e deseje seguir, sempre seguir...
Perseguindo a felicidade tão sonhada,
Incrustada na essência de um ou dois caminhos que sempre estarão á minha frente,
Convidando-me apenas a dar o primeiro passo.

Raquel Luiza da Silva.


Para Miguel Ferreira.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pode ser...


Se eu não gostasse de poesia,
Talvez gostasse de outra coisa qualquer,
Que trouxesse os reflexos conflitantes do coração,
Ou a razão tão tranquila das coisas comuns,
Se eu não gostasse de poesia,
Talvez gostasse de outra coisa qualquer...
Talvez eu aprendesse a gostar de poesia,

Raquel Luiza da Silva,

sábado, 6 de agosto de 2011

Sentimento em palavras.


Já dei vida á palavras gritantes,
Que perturbadoras no silêncio da alma gritavam por si só,
Eram loucas revestidas pela beleza invisível de um sentimento que nunca soube,
Se desprendendo como lágrimas de olhos sem visão,
Mas sua clareza era tamanha a ponto de serem confundidas com cristais,
E feriam,
E perturbavam,
E calavam,
Mas também causavam paixão, lascívia...
Ardentes como o ferro em brasa sobre a pele nua,
Ou o doce toque do amante em horas mortas,
Distinguiam-se pela agressividade do momento,
Ou pela doçura transbordante,
Uns julgavam serem heresia,
Outros, tormentos da alma,
Eu apenas as classificava de sentimentos em palavras.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Amante.


Adormece minha alma em profundo sono,
Na relutância da liberdade perdida de outrora,
Na ignorância que levou a findar-se um paraíso,
Do triste som do cair da chuva lá fora,

E meus olhos cegos de desejo,
Abraçando a paisagem morta á minha frente,
De amorfas formas,
De dor pungente,

E em meu peito a bater relutante,
Coração sofrido,
Insistente,
Solitário amigo,

E as chamas invisíveis que me devoram,
Trazem em seu puro teor a saudade,
Do calor e da luxúria de tantos corpos,
De tudo que jurou ser verdade,

A carne que repousa sobre a terra,
Num ultimo suspiro,
De um adeus doido,
De amores que se foram com um triste sorriso,

E que cravem em minha lápide,
Tais palavras que murmuro agora
Sendo fiel ao que por si só dizem,
“Teve como ultimo amante a beleza que traz o cair da aurora”.


Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Lágrimas de tinta.


Era a dor que forjava o sofrimento,
Era a lágrima que corria a seu contento,
O que me ia á alma vertia-se em palavras,
E meus olhos embaçados nada viam,
Nada sentiam...
Não eram de vento,
Não eram de chuva,
Lagrimas de tinta corriam pelas ruas,
Em letreiros de neon,
Nas notas da canção proibida,
Eram dor,
Eram vida,
Num renascimento que nunca se se soube,
Partes vivas,
Encarnadas naqueles caminhos,
Um sangue carmesim,
Encrustado naquelas poucas cores,
Linhas divididas,
Suavemente destorcidas,
E a veste de festa de outrora,
Hoje repousa do lado de fora,
E o que nasce nesse corpo,
São lembranças do que se sentiu,
Apenas toques, setas de puro ardil.
E tantos olhos incrédulos ainda vislumbram,
Ainda que não entendam ou sintam,
Tanta dor, nessas lágrimas de tinta.


Raquel Luiza da Silva

sábado, 30 de julho de 2011

Tal qual a esfinge.


Por vezes sou tal qual a esfinge em meio ao nada,
Em um império abrasador de almas caladas,
Velando o sono através de olhos que nunca dormem,
Como se tudo fosse um mero acaso, fugindo por entre os vãos dos dedos da sorte.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Primeira vez


O poeta tem a eterna mania de transformar a tristeza em algo aceitável,
Talvez sua alegria choque por ser tão nostálgica,
Ou por suas lágrimas serem nada mais, nada menos do que palavras,
Palavras que se espalham caladas,
Num silêncio tão profundo para não chamar atenção,
Porém gritantes o suficiente para confundirem a todos, ou apenas a um coração,
Tão ateístas,
Sofridas talvez,
Mas cheias de tantas coisas,
Que sempre que escritas,
No passar de tantas Eras, soam como se fosse a primeira vez.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 9 de julho de 2011

Tempo perdido.

Embora o tempo corra, não me arrasta consigo,
Trago atado nos pés todo um tempo perdido,
Tal peso de horas mortas,
Contadas de forma que não tenho aprendido,
Porque o tempo corre e não me arrasta consigo?
Porque trago atado nos pés todo um tempo perdido.



Raquel Luiza da Silva.



Ps: Lógica?
Ora, eu não preciso disso!

domingo, 19 de junho de 2011

Plágio.


Porque que a tristeza poética me fascina?
Ora,a alegria por si só dita rimas,
É um poema de Deus traçado com maestria,
Se abraçasse tanto esse tema...
Plagiaria de Deus um poema.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 18 de junho de 2011

Um pouco...


Eu sou hoje um pouco do que fui ontem,
Um pouco de nostalgia,
Um pouco sem sentido,
Abraçando o estranho mundo do vazio que me fascina,
Tão vazio...
Tão cheio de silêncio,
Tão cheio de nada,
Procurando palavras cruzadas,
Em cada canto,
Em casa sacada,
E o que sou hoje é mesmo um pouco do ontem,
Se desfazendo no novo dia que desponta-se no horizonte.


Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Do viver...

Viver é tão descomplicado,
Tão descomplicado quanto apanhar um ônibus ou um trem,
Se você pegar o número ou apanhá-lo na estação errada,
Vai parar na rua de alguém...


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Criação de Deus.


Não sei se sou poesia,
Não sei se poesia sou eu,
Às vezes não sei onde ela começa,
Às vezes não sei onde termino eu,
Total é nosso envolvimento que me perco em rimas,
Ou as rimas em mim se findam,
Talvez ela não me seja,
Talvez não seja ela eu,
Quiçá somos uma só matéria,
Criadas no sopro e nas rimas de Deus.

Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Do presente...


Do tempo que corre não guardo receio,
Do sol que adormece nada me surpreende,
Colho os frutos de agora,
O Amanhã pouco me importa,
Já me prendi ao improvável das coisas vindouras,
Como se o futuro escolhesse minha espera,
Minhas ilusões atravessavam Eras,
E o tempo presente, solitário se findava,
Vindo a ser passado sem que eu o notasse,
Sem sabor da fresca, sem sabor de fim de tarde,
E eu abria os olhos para tantos planos,
Visualizando o que que ainda estava longe,
Enquanto o que se podia tocar, fenecia sob meu impassível olhar,
Com alguns fracassos e a demora da espera,
O cansaço que a tudo cega,
Descobri a visão de algo que me fugira até então,
E ao presente me dei,
Temendo o que eu ja sabia,
Tudo que encontrei,
E o futuro...
Passei a esperar tão docemente,
Quanto o momento que vivo,
Meu tão precioso presente.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Segredos ...


Eu guardei em minha caixinha alguns segredos,
Embrulhada no papel azul de meias verdades,
A poeira escura do medo que a cobriu deu um certo quê de saudade,
São apenas segredos,
Mas são meus segredos,
Do tipo que ao mundo não importa,
Mas que a mim espiam por trás da porta,
Deixados nos vãos de tantos rumores,
Ou no farfalhar de meus humores,
São doces e tímidos sorrisos,
Ou lágrimas, choro no falar contido.
E ninguém os viu á luz do sol,
Ou no brêu coberto pelos lençóis,
Ninguém os viu...
Pintados no inverso do espelho,
Ou no reflexo do sol vermelho,
Ninguém os verá...
Pois estão trancados numa caixinha,
Embrulhados num papel azul de meias verdades,
Ainda que empoeirados pelo medo, tem um certo quê de saudade...
Esses meus ingênuos ou nefastos segredos.


Raquel Luiza da Silva.

Desvirtuado sentimento.


Desvirtuado sentimento,
Nascido numa roda de samba,
Coração pulsante que a ninguém engana,
Ritmado pelo compasso do pandeiro,
No seu gingado izoneiro,
Ah meu nêgo,
Jeito de moleque,
Jeito brasileiro,
E esse coração não bate, apanha,
Sentindo seu corpo,
Seu cheiro...
Pedindo para que como nesse banjo, venha me tocar
Venerando minhas curvas como nessa oração que cantas,
Oração do samba,
Ah meu nêgo,
Jeito de moleque,
Jeito brasileiro,
Não me olhe assim...
Despindo minha fragilidade em plena rua,
Rua de amores,
Desejos escondidos entre o pudores,
E que falem,
E que aumentem os rumores,
Ah meu nêgo,
Jeito de moleque,
Jeito brasileiro,
Vem me embalar no teu ritmo,
Me fazendo perder os sentidos,
Sentir meu peito arfar,
Eu desejosa de ser razão desses seus lábios,
Desse seu cantar.
Ah meu nêgo...


Raquel Luizada Silva

terça-feira, 17 de maio de 2011

Quando aprendemos.


Há coisas que perdemos ao longo da vida e descobrimos que seriam úteis em um dado momento,
Só o passado revela o valor das coisas, e o futuro a necessidade delas.
Quantas sementes foram lançadas e nunca brotarão,
Só um dia percebemos que sobre a pedra dura e fria as sementes sempre serão grãos e nada mais.
Passamos a vida acumulando tesouros e imaginando como protegê-los dos saqueadores.
Só com o desfalecer do corpo, aprendemos que tudo de valor estava em nós e deixamos que os saqueadores espirituais levassem e que o que acumulamos foi dividido entre os que espreitavam por trás das portas.
Não notamos os fracos e oprimidos que se espalham pelas ruas, pela vizinhança...
Só nos damos conta de quantas pessoas sofrem, quando estamos em seu meio, experimentando os mesmos sofrimentos e necessitando de ajuda, tal como elas.
Tantas coisas só possuem um peso justo ao serem experimentadas,
Só sabemos o que causam em nós depois que passam...

Raquel Luiza da Silva.

...

Toda mudança vem precedida de uma vontade,
Algo levemente incrustado no intimo desconhecido,
Se até para mudar tem que se ter um motivo, imagina só quantos não existem para não mudar?


Raquel Luiza da Silva.

...

Não quero dar vida á palavras mortas,
Quero apenas que alguém me leia!
Oi, tem alguém ai?!


Raquel Luiza da Silva.

...

É burrice querer voltar no tempo para concertar grandes erros, porque não deixar que o tempo corra e descobrir que ter nobres ações, ainda que pequeninas é algo mais valioso?
Sonhar com esse impossível é mais fácil e cômodo do que botar mão á massa.

Raquel Luiza da Silva.

...

Ás vezes me pergunto se a carência que sinto, é de mim mesma ou de outra coisa qualquer, deixada em algum lugar que da mente me foge.

Raquel Luiza da Silva.

Sobre os bons.



Os bons tornam-se fortes não pela capacidade de serem bons,
Mas pelo irrefutável dom de olharem para frente enquanto lhes atiram pedras pelas costas.


Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Horas mortas.


Se hoje eu parasse o tempo e voltasse os ponteiros de horas mortas, vislumbraria todo o infinito de erros por cometer,
Toda a realidade escondida num mundo de coisas perdidas,
Uma fantasia talvez,
Ficaria a fitar de minha janela tudo o que dorme ao meu redor,
Como se eu fosse a única coisa viva, o único ser que respira diante do monstruoso universo,
E como uma criança encantada com seu brinquedo novo, sorriria para o nada tão constante num momento de horas mortas...
Tocaria todos os sinos silenciosos de tantas noites turbulentas,
Abraçaria tantos sonhos quanto me fosse possível, para libertá-los depois e vê-los alçar vôo como lindas borboletas azuis,
E na solidão do vazio, ousaria alguns passos de dança ou ficaria apenas a olhar o céu negro cedendo sua soberania a magnificência da doce lua,
Não me cansaria de esperar o novo dia,
Simplesmente porque eu teria as horas a meu dispor, girando os ponteiros para algum lugar que não permitisse o tempo fugir por entre os dedos,
E daria vida a cada minuto que encontrasse pelo caminho,
Espalhados feito pequeninas flores ao alcance de minhas mãos,
E depois....
Voltaria para casa e deixaria a normalidade das coisas tocar sua canção,
Reavivando as horas,
Para que o tempo desse vida e carregasse consigo todas as vidas,
Tudo isso apenas, para sentir-me tal qual criança encantada com seu brinquedo novo a vislumbrar o monstruoso universo de sua janela enquanto o mundo dorme no vazio de horas mortas...


Raquel Luiza da Silva.

Abra a porta!


Há uma porta para cada momento da vida,
Há um quadro pintado nas galerias da mente para cada momento vivido,
Há uma luz diferente para cada olhar,
Há uma frase criativa para cada amor,
Há uma lágrima para cada dor, para cada alegria,
Há uma surpresa na caixinha de valores esquecidos nas dobras da personalidade,
Há uma reação para cada adversidade,
Há uma cor para cada estação do humor,
Há um adeus para cada partida e um seja bem vindo para cada regresso,
Há um sentimento para cada ser, ter e poder,
Há uma variedade de explicações para o inexplicável,
Há um caminho para várias chegadas,
Há um fim para cada início e um início para cada fim,
Há mil e uma razões para sorrir e uma variável inconseqüente para chorar,
Há um sonho tímido escondido em algum lugar, como um presente colorido,
Há sempre alguém a espera de alguém,
Há um infinito existencial a ser explorado,
Abra a porta,
Exponha os quadros,
Deixe á luz seus talentos,
Perca tudo, mas sempre tenha uma frase criativa,
Nunca lute contra uma lágrima,ela sempre terá um porque,
A maior surpresa da vida é vermos o sol anunciando um novo dia,
A reação que se deve ter tem uma forte ligação ao estado de espírito,por isso devemos ter uma preparação constante,
Dar cor á vida é simplesmente pintar as paredes de cada ato sem preocupar-se com as gostas que irão ao chão,
Dizer adeus é deixar partir de forma carinhosa tudo e todos que amamos, assim como seja bem vindo é deixar voltar para nós e em nós tudo o que amamos,
Os sentimentos variados são um teste para nossa paciência, o suficiente para nos enganarmos ou acertamos, de tal forma a entendermos para que servem,
As várias explicações são apenas justificativas que um dia iremos procurar num dicionário, no google..., ou simplesmente em nós mesmos,
Os caminhos são apenas escolhas, com grandes conseqüências,
O fim e o inicio são irmãos incompreendidos, apenas sentidos com intensidades diferentes,
As razões para chorar ou sorrir independem de nós, mas sempre estarão ligadas a nós,
Os sonhos tímidos e escondidos são uma questão íntima que devemos desvendar,
Esperar ou ser o motivo da espera de alguém é o princípio fundamental para a ausência de solidão,
Quanto ao infinito existêncial...Depende unicamente de cada explorador mesmo sabendo que nunca haverá uma resposta exata ou um calculo concluído, sendo apenas uma vontade, uma questão de exploração que depende apenas de um único início...
Abra a porta"...

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 14 de maio de 2011

Dar vida.


Eu daria um rosto ao meu silêncio,
Daria vida as formas amorfas de meus sentimentos,
Se tudo isso não levasse parte de mim,
Se tudo isso não estivesse incrustado no real invisível que se esconde no pulsar em meu peito,
Seria um pouco de razão misturada a tantos devaneios de uma mente incansável.
Sim, eu daria vida ao que dorme no desconhecido,
Ao que se esconde no fundo do meu eu,
Seria um sopro criador,
Um despertar sem dor.
Daria vida a tantos planos,
Inesquecíveis memórias,
Incontidas histórias,
Ao que se perdeu com o tempo,
Nas mãos do cansaço,
Traria á tona tantas verdades,
Coisas que me cegaram,
E preferiram tornarem-se mudas.
Vida, eu daria!
A cada minuto perdido a vislumbrar o nada,
Sem temer as horas de cansaço,
Transformando o medo em estilhaços,
Eu daria vida a tudo que dorme em mim...
Acordando o adormecido,
Erguendo na amplidão desse espaço,
Toda magnificência da criação de um deus,
Trazendo á tona esse vasto mundo que sou eu.

Raquel Luiza da Silva.