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sexta-feira, 12 de março de 2010

Um pouco de mim...





Nasci Raquel Luiza da Silva, Raquel em homenagem a minha bisavó, Luiza em homenagem a minha avó, avó e mãe de meu pai Antônio Pinto da Silva, adotei o pseudônimo literário Júlia Bibiana D’Brígida, sendo Júlia D’Brígida, mãe de minha avó e Bibiana, mãe de meu avô, pais de minha mãe Maria da Conceição Silva.
Cresci em uma família pobre na cidade de Gouveia, interior de Minas, há exatamente 26 anos atrás, sou a 6º de sete filhos totalizados e a 5º dos cinco filhos vivos, sendo meu pai carpinteiro e minha mãe dona de casa.
Aos 5 anos de idade não pude freqüentar a escola, o que era meu sonho, devido há uma doença chamada nefrite, uma das poucas coisas que me fazem lembrar desse tempo são as fortes cólicas de rim e os poucos amigos que tinha, uma menina paraplégica que chamávamos de Rapunzel, pelas suas longas tranças, nunca soube o nome real dela, e um menino chamado Carlos, só me lembro que tinha cabelos negros e lisos, éramos inseparáveis á correr pelos corredores da pediatria e arquitetarmos planos de fuga, porque não entendíamos o motivo pelo qual estávamos ali enquanto todas as crianças estavam á brincar lá fora, acho que éramos felizes, ou eu era feliz, já que no outro hospital passei boa parte do tempo amarrada ao leito por querer ir embora com minha mãe.
No hospital aprendi á detestar café com leite e pão com manteiga, pois era obrigada a tomar e comer sob os olhos de uma enfermeira que não lembro o nome, mas a víamos como uma megera, aprendi também á detestar wafer, pois na época havia um lanche que levava o nome de personagem infantil e pedi a minha mãe que me levasse isso na próxima visita, comi e minutos depois me senti mal.
Acho que fui uma criança mimada, é feio, mas era egoísta, detestava partilhar as coisas gostosas que meu pai comprava ou que parentes me traziam, protegia balas e chocolates como se fossem meus tesouros.
Aos seis anos o mundo mágico da escola se abriu á mim, as tias, os coleguinhas, os lápis de colorir, os trabalhinhos feitos com papel picado, as tintas, o uniforme cruzado nas costas, o cheirinho da merenda, a escola Estadual Augusto Aires da Mata Machado foi definitivamente meu “reino encantado”, também foi lá que aprendi á detestar matemática e á amar literatura, o que mais gostava? Hum...Dia de redação, só ficava triste quando limitavam por linha e a gente tinha tantas idéias...
O Rapha era meu companheiro, todos os dias na biblioteca da escola, sempre queríamos ser os primeiros, sempre recebíamos prêmios em sala por termos lido mais livros que o resto da classe, e todos os anos estávamos juntos, pois ele também era meu vizinho.
Na segunda série fui reprovada, não que eu não fosse boa aluna, na verdade foi a junção de dois fatores, dificuldade em aprender matemática e pavor da professora de matemática. (Risos) Me lembro uma vez que fingi estar doente porque teríamos argüição de multiplicação e divisão de números, a tal professora mandou um recado com o Rapha dizendo: “Galinha não foge da panela”, não era isso maldade, mas me apavorava, minha sorte é que ela nunca se lembrara de me argüir.
Essa foi uma época meio triste, pelo fato de eu ser uma criança triste, nunca tinha as coisas que queria, era a menininha feia da sala, a estranha, mas também foi uma época que mais aprendi á gostar de poesia, meu irmão e eu fomos premiados pela escola num concurso que falávamos sobre a cidade, uma experiência impar.
Bom...O tempo passa e se aprende muitas coisas, passei á estudar na escola Estadual Joviano de Aguiar, sonho de toda criança, já estava na 5º série, mas não mudara a minha pessoa, sempre calada, sempre séria, estudiosa e a mais feinha da sala, centro de ataques constantes.(Oh céus!). Conheci pessoas boas e pessoas nem tão boas assim até concluir o ensino médio.Ainda tenho saudades de alguns colegas, sempre se tem.
Meu primeiro trabalho foi aos 18 anos, seguindo os passos de minhas irmãs mais velhas, éramos empregadas domésticas e recebíamos R$ 50,00 por mês, lavando, passando, cozinhando, no meu caso ainda cuidava de crianças, mas sempre pensávamos que antes isso do que nada e tocávamos a vida feliz. Nesse período de doméstica senti na pele o preconceito quando uma patroa, não a primeira com quem trabalhei me entregou um prato, um garfo e um copo, pedindo que os deixasse separado, acho que nunca havia sentido uma coisa tão ruim como senti naquele dia, mas...Continuei á trabalhar.
Aos vinte anos participe na rádio local do programa locutor por um dia, tenho a gravação, foi exatamente no dia 8 de março 2003, para a época foi legal, hoje não seria(Risos), após essa primeira apresentação, algum tempo depois passei á trabalhar, de graça, aos sábados, mas precisava ganhar algo e pelo visto não era possível me pagarem, fui para BH no dia 11/04/2004, não deu certo e voltei no dia 16/05/2004, rapidinho...Mas se não deu certo, fazer o que, não é?
Pois bem, voltei para a rádio, substituindo um colega que se afastara para concorrer á câmara municipal, alguns meses depois um grupo de homens do partido que governava a cidade entrou e destruiu tudo, só não me bateram, gritei e esperneei enquanto pude, daí aprendi a me meter em política, á brigar pelo que achava certo, não pensem, pois não me sai candidata e nem pretendo, mas me tornei popular sendo amada ou odiada, conquistando um espaço permanente no quadro de funcionários da rádio.
Me tornei Raquel Luiza, ganhei amigos, aprendi á entender ás pessoas, á atender telefonemas e ás vezes entender que as pessoas só queriam um pouco de atenção, alguém que as ouvisse, não me importava mesmo em ouvi-las, mesmo que aquilo atrapalhasse um pouco minha programação.
Início de 2007 comprei meu computador, com ajuda de minha irmã, aqui na net fiz alguns amigos de verdade, gente que às vezes penso que nasci conhecendo como é o caso da Faby, uma pessoa simplesmente extraordinária, claro que tem várias pessoas, mas ela foi a primeira e para não ser injusta não citarei outros.
Em 2007 tive coragem de ousar e participei de minha primeira antologia, um texto escrito no Orkut , numa comunidade, selecionado para um livro de microcontos (Retalhos-Andross Editora), digo que era ousado porque tinha que vender um certo número de exemplares já que não podia comprar todos, então passei á perseguir as pessoas que conhecia para alcançar meus objetivos e consegui, com todos os exemplares vendidos estava eu satisfeita e feliz.
Participei de várias seleções para antologias mas não pude estar nos livros por falta de recursos, mas em 2009 participe de algumas e sou orgulhosa por isso são elas: Preces e Reflexões (Editora Taba Cultural), Projeto literário Delicatta IV(Organização Luiza Moreira), Uma viagem pra Pasárgada( Litteris Editora) e Mulheres em prosa e verso(Hoje Edições) e conquistei o 3º lugar nos 2ºs Jogos Florais do séc.XXI , o que é para mim algo muito valoroso.
No dia 20/12/09 resolvi deixar a rádio, creio que foi algo necessário para que eu aprendesse á me valorizar e não concordar sempre com o que não estava certo.
No dia 24/02/2010 lutava por meus direitos os quais me haviam sido negados por 5 anos, venci, não foi apenas o meu direito assegurado, mas foi quando enfim aprendi á ter voz e vez.
Tenho saudades dos meus amigos ouvintes, guardo comigo mais de 5.000 cartas, parte do meu trabalho de locutora amadora, aprendiz da vida, amiga á distância, enfim parte de mim.
Como está em meu perfil sou parte do que me criaram, por isso agradeço á minha mãe, de coração, por sempre estar ao meu lado torcendo por mim, por ter lido para mim quando criança, por me fazer ler para melhorar a escrita...Tantas coisas devo á ela e á tantas pessoas que se foram e amo de coração.A outra parte é o que crio, sempre estará em constante transformação, creio eu que isso durará a vida inteira.
Essa sou eu, Raquel Luiza da Silva, claro que não falei toda a minha vida, deixarei para uma futura biografia (Risos).
Exatamente amanhã 13/03/2010 completo 26 anos e posso dizer que valeu á pena cada momento e que nada foi ou é por acaso, viver nessa grande esfera chamada terra é uma experiência significante e fascinante, algo inexplicável para uma “criança” de 26 anos,acreditem, começa á dar os primeiros passos agora.

Raquel Luiza da Silva.

3 comentários:

  1. Continuo te acompanhando..... e gostando.
    PARABÉNS PELO DIA DE HOJE. UM DIA CHEIO SÓ DE COISAS BOAS !!!!!!!!! E ESPECIALMENTE QUE TODOS TEUS SONHOS SE REALIZEM!
    Saudades e bjos do portuga ainda sem net! ( mas tentando o que não é fácil neste país agreste)

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  2. Olá Raquel! Espero que estejas bem; você é mais uma prova de que o ser humano precisa de chances pois todos nós temos potenciais a serem desenvolvidos.Prova também que é preciso, uma melhor educação para todos independente de classe social ou condição financeira. Que venham novas "Raqueis" Luizas ou não; mas que consigam percorrer o caminho da vida sempre buscando felicidade e satisfação pessoal.Torço por você! bjos, Ari.

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  3. "... Não precisa medo não/ Não precisa da timidez /Todo dia é dia de viver/Eu sou da América do Sul/Eu sei, vocês não vão saber/ Mas agora sou cowboy(cowgirl)/ sou do ouro eu sou vocês/ sou do mundo sou Minas Gerais."(Para Lennon e McCartney de Milton Nascimento e Fernando Brant). Para Raquel Luiza!! Bjos,Ari.

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