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quarta-feira, 31 de março de 2010

Falta de inspiração.


A xícara de capuccino com chocolate sobre a escrivaninha,
Idéias que rodam, rondam sem serem minhas,
A leve fumaça de bom odor á subir para algum lugar,
Como minha imaginação, sei lá,
Uma música brasileira á tocar,
Inspiração hoje não parece chegar,
Falar de que?
Amor, vida,sexo, palavras, corpo ou alma?
Letras que fogem sem se fixarem,
Sem me olharem,
E esse sono que não vem!
Deitar e sonhar no momento não me convém,
Não gosto de café, mas capuccino, o que é?
Acho que é o chocolate que me atrai,
Ou me distrai,
Talvez eu consiga hoje alguma coisa,
Falar da beleza da vida ou de algum moço,
Gosto da variedade de palavras,
Pena que agora não consigo organizá-las,
Formando algo que lhes valha,
Aí então dou por mim,
Poeta e poetisa, são mesmo assim,
Conseguem fazer poesia até da falta de inspiração,
Isso é normal ou não?
Sei la, melhor deixar rolar,
Pode até não se tornar uma obra prima,
Mas sempre acaba em rima.

Raquel Luiza da Silva

Entre por aquela porta...


Entre por aquela porta e diga que é primavera,
Que a beleza das flores invade os campos,
Que o cheiro de mato invade as narinas,
Que a chuva fina leva consigo os resquícios do que se foi,
Entre por aquela porta e abraça-me,
Diga o que desejo ouvir,
Que lá fora não há mais mortes estúpidas,
Que a desigualdade por encanto deixou de existir,
Que pessoas de raças diferentes caminham juntas rumo ao progresso,
Entre por aquela porta e traga seu mais belo sorriso,
Que diz que o futuro é promissor,
Que os homens partilham o que semeiam,
Que as nações são irmãs e que caminham juntas,
Entre por aquela porta com noticias,
Que o homem sanou suas dívidas com a natureza,
Que a tecnologia apenas salva vidas sem nada destruir,
Que envelhecer se tornou uma dádiva de Deus,
Entre por aquela porta e diga,
Que estamos juntos nessa estrada,
Que descobrimos o valor real da vida,
Que só há musica e festa lá fora,
Entre por aquela porta...
Não me deixe á esperar...
A desanimar...
Por favor, entre por aquela porta!
E traga consigo a certeza de que ainda somos humanos,
De que ainda temos bons instintos e nobre coração.
Por favor, entre por aquela porta e diga que é primavera...

Raquel Luiza da Silva

terça-feira, 30 de março de 2010

Felicidade.


Uma vez me perguntei onde se escondia a felicidade,
Se tinha formas ou se era ela apenas uma mera inverdade,
Talvez pudesse ser uma arte oculta de algum artista sem culpa,
Ou ainda um segredo da tão alta realeza,
Não sabia se estava na terra ou em alguma parte do mar,
Se era preciso estar parada ou muito andar,
Só sei que era uma incógnita ou tese sem explicação,
Uma coisa que não sabia se era real ou não,
Guardada talvez estivesse por fiéis guardiões
Em algum lugar inalcançável pela imaginação,
No plano terreno ou não,
De alguma forma eu a precisava encontrar,
Prendê-la para sempre, sei lá
Em algum lugarzinho em que ela me servisse sempre,
Ou eternamente,
Era só uma questão de tempo,
Esperando que ela viesse ao som do vento,
Cantada em alguma canção,
Ou bem escondidinha a tocar o coração,
Mas como estava difícil encontrar a tal felicidade...
Tão invisível e imperceptível,
Confesso que já começava a desistir,
A sorte não me parecia sorrir,
Quando do nada comecei a perguntar:
A felicidade me encontra ou eu que a devo procurar?
Então parei cheia de desânimo, sem nada esperar
E qual não foi minha surpresa ao descobrir que a felicidade estava em todo lugar.

Raquel Luiza da Silva

segunda-feira, 29 de março de 2010

Por favor, feche a janela.


Por favor, feche a janela,
Antes que a luz da lua me cegue,
De alguma forma ela me perturba com seu brilho,
Diz-me com sua muda voz que alguém la fora a namora,
E esse alguém já a mim pertenceu,
Chamava-me de sua Julieta e dizia ser meu eterno Romeu.
O tempo se tornou algoz de nossos sentimentos,
Fomos nos tornando comuns um para o outro,
E não notamos que o amor se ia aos poucos,
Quando demos por nós já era fim,
Ele se foi e eu fiquei aqui,
Por favor, feche a janela,
Essa clara luz me desespera,
E me faz relembrar doces momentos,
Que se encobriram com a poeira do tempo,
Lua cruel, porque não poderia ser eternamente de mel?
Prefiro que fechem a janela,
Para que não zombe de mim com sua doçura bela,
Em algum lugar alguém a namora,
Alguém que eu deixei que fosse embora,
Abriu a porta e não mais voltou,
Era uma noite de lua,
Tão clara e bela quanto essa que aos meus olhos cega.

Raquel Luiza da Silva.

Quero querer.


Quero dias de sol,
Numa doçura oscilante entre a melancolia e a alegria,
Quero noites de frio,
Numa loucura envolvente de loba no cio,
Quero um pouco de saudade,
Numa clareza de sentimentos e verdades,
Quero sentir, ainda que seja dor,
Numa certeza de que tenho um destino a cumprir,ou seja o que for,
Quero cansaço,
Numa idealização de planos e tudo que faço,
Quero gotas de dúvida,
Numa brincadeira de descobrir o que se esconde na próxima curva,
Quero tardes de solidão,
Numa busca de coisas que simplesmente se vão,
Quero descansar,
Numa leveza do tempo que passará,
Quero sentir,
Numa maturidade de poder chorar ou sorrir,
Quero então seguir,
Na certeza de que tudo passa e nada se torna eterno por aqui,
Quero sempre esse querer louco,
De loucuras que de mim se tornam um pouco,
Transformando ou moldando essa minha personalidade,
De formas e coisas que ficarão na história, com sabor de saudade.

Raquel Luiza da Silva

Viagem


Tenho pensamentos que voam,
Tenho sentimentos que sempre me invadem e povoam,
Na busca de algo que não sei,
Por caminhos que nunca passei,
Em terras que jamais vislumbrei,
E continuo á andar,
Estou aqui ou em qualquer lugar,
Pintando a vida de cores,
Sons sem rumores,
Com palavras mudas,
Presas em céus azuis que se criam em folhas de papel,
Na imensidão de instintos insolúveis e infiéis.
E o tormento que vai á mente,
É tal como a doçura que o coração sente,
Abrindo-se em versos cheios de facetas,
Que se desdobram em coisas de sentimento ou simplesmente da mente,
Algo que se vê ou algo que ninguém sente,
Abrindo os braços em todas as direções,
Apontando para tantos espaços,
Na tentativa de encontrar-me em algum retrato,
Descrito por mãos de pintores imaginários,
Numa sensação de que a imaginação se confunde com o que se pode tocar,
Fechando os olhos e deixando-me levar,
Correndo sem medo,
Perseguindo desejos,
Até que volte de onde parti, de uma sala,
Ou da realidade instante, não imaginada,
Vislumbrando o que é tão real e mortal,
Deixando de lado o mundo da poesia e voltando ao mundo meu,
Tão humano e tão normal.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 28 de março de 2010

Jeitinho brasileiro


Dancei samba na grande aquarela da vida,
Vestida de baiana,
Tão perfeita quanto o figurino manda,
Aprendi a jogar fora a dor que aperta o peito,
Cantarolar uma canção alegre, ainda que sem jeito,
Andar com passos lentos,
Deixar os cabelos ao vento,
E ainda que sem ver o mar,
Descobrir as ondas que ninguém consegue acalmar,
Tenho instintos de cavalo bravo,
Os piores talvez,
Correr solta, sem rédeas,
Fazendo tudo como se fosse a primeira vez.
E gritar para os ouvidos do outro lado:
É esse o caminho ou tá errado?
E se responderem eu sigo,
E senão, me viro,
Sei lá, se a vida tem gosto de rio ou gosto de mar,
Por vezes sei que é doce, por vezes salgada,
Por vezes se caminha,
Por vezes se para,
E no samba brasileiro,
Pão de todo dia,
Com ou sem tempero,
Nas bordas de um copo,
Ou nas barras da vida,
A gente constrói,
A gente recria.
E aos que não acreditam... Viver é isso,
Andar certinho,
Ou em pleno e total desalinho.

Raquel Luiza da Silva

Lúcida loucura


Viver de doces sonhos,
Num mundo cheio de assombros,
Poder sentir a força transformadora da imaginação,
Quando á todo momento te exigem a razão,
Pedir um pouco de luz ás estrelas do céu,
Fazer brilhar luas de papel,
Dançar na chuva,
Sem olhares assustados pela rua,
Ter um cãozinho amigo á andar sempre contigo,
Cantar uma canção inventada,
Trocando ritmos, criando palavras,
Mudar o disco do tempo,
Segredar algo ao vento,
Deixar que o passado parta,
Que leve um pouco da tranquilidade que nunca te falta,
Fazer descansar com um beijo,os seus amores,
Ou seus mais escondidos anseios,
E depois de tão lúcida loucura,
Entenderas que o poeta é um ser que beira á perfeição,
Ainda que seja apenas sua e parta das pontas dos dedos,
Ou de cantinhos de seu coração.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 27 de março de 2010

Amigo


Estar junto sem desejar a carne,
Amar sem segundas intenções,
Ter companhia sem desejar um corpo ao findar do dia.
Andar junto sem exigir nada em troca,
Chorar, sorrir, deixar partir...
Sentir calor,
Falar de si, de amor...
Sentir saudade,
Daquela que mata,
Ouvir a chuva a tamborilar seus dedos invisíveis na vidraça,
Ouvir a doce voz dizendo que não há motivos para medos, pois tudo passa,
Sorrir sem censura,
Dançar na praça, na rua,
Descobrir a vida assim, bela, nua e crua,
Precisar, entender, desabafar...
Esperar que chegue,
Contar como foi aquele esperado beijo,
Ouvir com atenção alguma observação,
Magoar as vezes,
Dizer que desejaria que nunca aqui estivesse,
Voltar atrás, saber que nunca é tarde demais...
Partilhar sonhos ainda que enfadonhos,
Precisar de abrigo, abraço, sorriso...
E então o mais eterno e sincero,
Quando se descobre o quanto é feliz quem tem um amigo.

Raquel Luiza da Silva

sexta-feira, 26 de março de 2010

Amor ou desejo?


Quem poderá dizer ao coração o que é real ou não?
Calam-se bocas de cegas palavras diante do que não lhe é imaginado,
E o coração toma formas, de rastejantes desejos ou sonhos alados,
Corpos num Éden desejado,
Paraíso de pecados,
Será o céu lugar de almas que nunca amaram?
E segue o humano, em busca do divino,
Emprestado pelos anjos no que nunca será visto,
Caídos de um céu,
Em lençóis de seda carmesim,
De corpos impregnados de desejos em si,
O que seria amor ou pura atração?
Corpos que se desejam num sempre que dura até o raiar do dia,
Ou corpos que sempre se pertencerão até o final da vida?
E o que é desejo ou amor, segue em nós com fervor,
Caminhando para um controverso paraíso,
Que se divide em duas partes,
O do mero e cego desejo ou o do puro eterno amor.

Raquel Luiza da Silva

Infinito...


Perdi meus sonhos em meio aos turbilhões da insegurança,
A poeira da estrada cegou-me por diversas vezes,
As feridas na alma eram maiores que as dos pés ja cansados de caminhar,
Erguer após cada queda ja me era um sacrifício terrível,
Grandes abutres me rondavam com suas caras humanas,
Tinham cede de derrota, minha derrota,
Sei que não parariam,
Sei que jamais desistiriam,
O sol a torrar-me a pele,
A vertigem já fazia sucumbir o corpo em declínio,
Então olhei para mim,
E notei que estava ali alguém que talvez fosse uma das poucas pessoas pelas quais eu devesse lutar,e que valesse a pena lutar
E eu lutei,
Os grandes abutres não seriam páreos para a grandeza de meus planos,
E então ergui-me,
Sacudi toda poeira,
O sol continuava a arder-me a pele,
Mas não o suficiente para me ferir o espírito,
Então caminhei, caminhei...
Braços abertos para as oportunidades,
Contrariando vãs expectativas,
Afugentando os grande abutres com pequenas vitórias,
Até que por fim recuperei meus sonhos,
Já não existem mais abutres em meu céu,
Se foram, derrotados pela minha persistência,
Ainda tenho grandes feridas,
Coisas que preciso cicatrizar,
Aprendi em meu ostracismo sentimental á acreditar mais no sobrenatural,
Nem sempre humanos são perceptivos o suficiente para entenderem alguém que necessita de socorro,
Aprendi á confiar mais em mim,
Buscar o infinito se tornou minha nova tarefa,
Porque enquanto busco algo que não tem fim, continuo a caminhar,
Sempre, em direção do infinito que há em mim.

Raquel Luiza da Silva

quinta-feira, 25 de março de 2010

Eloi, Eloi, Lama Sabachthani


Rompe no peito um grito de várias vozes,
Fazendo morrer nas trevas o que sufoca a alma,
"Eloi, Eloi, Lama Sabachthani",
Não se rasga o véu do templo,
Porque não existe mais véu, nem mesmo templo,
As manchas fluorescentes da vergonha se espalham,
Estão nas mãos dos homens feito navalhas,
"Eloi, Eloi, Lama Sabachthani",
É o brado das vítimas do terror,
Das vítimas da exclusão social,
Dos pobre pequeninos vítimas de pedofilia,
Das vítimas da guerra,
Dos que bradam e ainda esperam,
Onde está a importância da vida?
Onde ficou o amor?
"Eloi, Eloi, Lama Sabachthani",
E estampadas nos jornais estão as verdades,
São tantas, absurdas e incorpóreas,
Que parecem regras da retórica,
E os gritos saem rasgando o peito,
Como um soluço escondido, sem jeito...
"Eloi, Eloi, Lama Sabachthani",
E se despe o homem diante de suas fragilidades,
Caindo por terra tantas vãs verdades,
E do alto de tantas cruzes,
Tantas bocas em corpos dilacerados á gritar,
Do alto de tantas golgotas,
Esperando que alguém os ouça,
"Eloi, Eloi, Lama Sabachthani",
Implorando por mais vida e menos sangue.

Raquel Luiza da Silva

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sempre aprendendo


Já tive medo do escuro,
Mas descobri a luz e que ela afastava todas as sombras,
Já tive medo do vazio,
Mas descobri que um abraço aplaca a fúria do nada,
Já tive medo de perder pessoas queridas...
E por vezes as perdi, mas descobri que as lembranças nunca se vão.
Já tive medo da chuva,
Mas descobri sua beleza ao tamborilar seus dedos invisíveis em minha janela,
Já tive medo da partida,
E várias vezes vi pessoas eu amava partirem, mas as experiências ficaram.
Já tive medo de enfrentar olhares,
Mas aprendi a ter confiança e a me sentir forte.
Já tive medo de ouvir não.
E o ouvi quando queria que dissessem sim, e isso me deu novo ânimo.
Já tive medo de andar só,
Mas aprendi a valorizar uma boa amizade.
Já tive medo do mundo...
Mas aprendi que também faço parte do mundo e não poderia sentir medo do mundo que também faz parte mim.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 23 de março de 2010

Gaiola.


Não há mais nada a fazer,
O trem já partiu,
A casa está vazia,
Apenas uma foto a me olhar,presa á parede,
Esquecida propositalmente ou presente de despedida?
O cheiro de perfume ainda invade as narinas,
Porém não há mais calor ou sinal de outra humana vida,
Migalhas de pão sobre a toalha,
Resquício do ultimo café tomado na sala,
O canário se calou,
Talvez também sinta a minha dor,
Fingi ser forte até o ultimo instante,
Mas agora não tenho que simular tranquilidade em meu semblante,
Só o canário me espia, a casa está vazia,
Me olha da gaiola,
Isso me incomoda,
Talvez sinta como eu o valor de algo que perdeu,
Sei o que devo fazer é hora de deixar o tempo correr,
Abro a portinhola de metal ele se vê livre afinal,
Então ele voa tranquilo a gozar a liberdade,
Enquanto me aprisiono numa gaiola de saudades.

Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Coração.


Coração em devaneio,
Abraçando o sonho alheio,
Na esperança de ser ouvido,
A bater num compasso totalmente indefinido,
Se abre em flores,
Em cores,
Perturbado entre dois amores,
Um que há tempos trás consigo,
Outro que lhe sussurra ao ouvido,
E o pobre coração não sabe se lhe cabe salvação,
E por vezes se questiona em vão,
Seguindo dividido,
Não sabe se será um dia compreendido,
Abrindo-se em partes iguais,
Em tempos e formas racionais,
Num beijo de lábios,
Num beijo de sonhos,
E as vezes sente-se enfadonho,
E pergunta-se porque não pode se dividir entre dois amores,
Um que é feito de desejos e outro que é feito de flores.

Raquel Luiza da Silva.

Flores


Hoje levarei-te flores,
Conversarei de um modo solitário,
Uma oração talvez,
Ouvindo um pássaro triste a cantar,
Talvez também sinta alguma falta...
O céu está nublado,
O vento frio,
Também assim são as lembranças,
Levarei-te flores,
Preferia que não fosse assim,
Que não as precisasse levar,
Que não precisasse estar lá,
Mas teve que ser,
Não verei a luz dos teus olhos,
Nem teu sorriso de agradecimento,
Nem a tristeza natural que sempre esboçavas,
Levarei-te flores,
Sentindo saudades,
Um pouco de tristeza talvez,
É natural,
É real.
Ficarei a olhar o vazio,
Sentindo o vazio,
Árvores a balançarem com o vento,
Cheiro de flores,
Cheiro de lembranças,
Sinto-me criança.
Levarei-te flores...
Antes não tivesse necessidade de levá-las,
Mas levarei-te flores...
Descanse em paz, meu bom velhinho.

Raquel Luiza da Silva

Dia 22/03/010, 4 anos sem meu vô, Saudades!

domingo, 21 de março de 2010

Silêncio.


Pérolas guardadas em bocas de sábios,
Palavras que adormecem sob proteção da consciência,
Faz-se seguir o curso da vida em sã ciência.
Transpondo o que não é conhecido,
Mantendo oculto o que não pode ser ouvido,
E diz-se que o silêncio é irmão da razão,
Porque cega qualquer vã pretensão.
Se o que vai á mente é sem valor,
Não se despe o corpo diante do pudor,
Se o que vai ao coração é doente e febril,
Porque sair da boca o que há de mais vil?
E calar por vezes é remédio,
Ainda que não alivie todo tédio,
Mas priva de várias situações sem fazer cair em contradições.
Ainda que nada seja ouvido,
Haverá sempre livramento em face do perigo,
Aquele que cala trás consigo a sabedoria,
Aquela que não se explicita em livros,
Mas guarda como preciosas pérolas sua razão,
Mantendo a tranqüilidade da consciência e do coração.


Raquel Luiza da Silva.

sábado, 20 de março de 2010

Aprendiz


Não sei o quanto custa uma vida,
Mas sei o quanto custa perder um amigo,
Não sei de quantos caminhos é feito o destino,
Mas sei que uma escolha errada pode valer o meu destino,
Não sei a duração de um momento,
Mas sei que um bom momento contem em si tantas mil horas em poucos minutos,
Não sei como ter tudo que sonho,
Mas sei sonhar e isso já me é suficiente,
Não sei cicatrizar as feridas da alma,
Mas sei o quanto doem e posso conter-me para não criá-las em alguém,
Não sei técnicas revolucionárias para afastar a solidão,
Mas sei que um abraço cura vários males,
Talvez não saiba tanto quanto devia, mas...
Posso sempre aprender enquanto vivo,
Pois a vida é uma grande escola,
Principalmente para aqueles que se esforçam em serem bons aprendizes.

Raquel Luiza da Silva

sexta-feira, 19 de março de 2010

O que falta para que o mundo seja melhor?


É precioso o tempo que corre,
São preciosas as palavras que deixamos,
São grandiosas as ações que praticamos.
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Temos grandes oradores,
Temos grandes empresarios,
Temos grandes presidentes,
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Sagramos grandes músicos,
Sagramos grandes atores,
Sagramos grandes escritores,
E então o que falta para que o mundo seja melhor?
Condecoramos grandes médicos,
Condecoramos grandes biólogos,
Condecoramos grandes cientistas,
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Fizemos festa porque o homem foi á lua,
Fizemos festa porque nosso time foi campeão,
Fizemos festa pelo novo governante que prometeu um novo tempo,
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Descobrimos novas espécies,
Descobrimos novas curas,
Descobrimos novos planetas,
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Fabricamos máquinas,
Fabricamos remédios,
Fabricamos alimentos,
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Construímos estradas,
Construímos arranha-céus
Construímos aeronaves,
E então, o que falta para que o mundo seja melhor?
Temos,Sagramos, Condecoramos,Fizemos,Descobrimos,Fabricamos, Construimos,
Somos mesmo inteligentes e eficientes,
Sabemos o que fazer e quando fazer,
Porém ainda não conseguimos dominar nossa ganância,
Criamos heróis de guerra,
Criamos armas letais,
Criamos a desigualdade...
Não conseguimos controlar o lado animal que tenta sobrepujar o lado racional,
E assim seguiremos sempre, sem entender o que falta para que o mundo seja melhor,
Porque acreditamos que já possuímos tudo.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Preciso de um pouco de tempo


Preciso de um pouco de tempo para entender o que quero da vida,
Preciso de um pouco de tempo para ter tempo de encontrar uma saída,
Buscar ou até mesmo imaginar coisas boas,
Coisas boas para minha estadia,
Estadia nessa terra que um dia se encerra,
E se encerra como toda história,
Que se perde ou se guarda na memória,
Memória esta que preserva tantos arquivos,
Arquivos mortos e arquivos vivos,
Vivos estão ao meu redor,
Toda espécie humana,
De gente que cura, de gente que sangra,
Sangra sentimentos, sem atirar o corpo á vala,
Vala que se abre para corpos, e para almas,
Almas que nunca aprenderam a doar,
Doar tempo, doar sentimento, aprender á amar,
Amar é uma questão de consciência,
Não apenas de coração,
Coração para e as vezes morre,
Mas os atos ficam e nunca se destorcem,
Destorcem histórias, destorcem palavras...
Mas nunca o que a alguem marca,
Marca que fica,cresce,
Coisa que não se explica,
Explica ao mundo o que vem lá do fundo,
Fundo do peito,
Não a carne que morre,
Mas o sentimento que sempre se descobre,
Descobre e transforma vidas,
Vidas sedentas, vidas feridas,
Feridas que saram com tal balsamo precioso,
Mostrando para mim que o tempo é algo caro e valioso.

Raquel Luiza da Silva

quarta-feira, 17 de março de 2010

Que...


Que meus olhos se encantem com os teus como na primeira vez que os viram,
Que teu sorriso seja para mim a novidade mais bela que já presenciei,
Que meu corpo ao tocar o teu retenha todo calor que os une,
Que tuas lágrimas me doam sempre que as vir rolar,
Que teu cheiro me faça viajar de tal maneira á tentar descobrir tua essência,
Que teu caminhar me faça conhecer a suavidade do belo corpo que ostentas,
Que o que sinto por ti seja uma revelação dada á cada manhã,
Que “eu” nunca seja palavra freqüente, mas que “nós” sempre seja pronunciado,
Que caminhar juntos não signifique apenas caminhar, mas mutuamente ajudar-nos,
Que estar só ás vezes, sirva para mostrar a necessidade que temos um do outro,
Que necessidade um do outro não seja apenas física, mas de todas as formas existentes,
Que o seu significado para mim seja profundo e sem alarde interior, para que te sinta e ouça sempre como numa oração,
Que saber respeitar teus limites, espaços e tempo, seja o mesmo que respeitar a mim mesma,
Que entender-te seja tão necessário quanto entender a mim mesma, mas sem que perca minhas convicções,
Que estar contigo não seja apenas um momento, mas todos os momentos de suprema importância em minha vida,
Que nossos caminhos nem sempre de flores, sejam repletos de sabedoria para que nunca desistamos de caminhar,
Que tu e eu sejamos nós e que nós sejamos um só a olhar a eternidade como o minuto que corre, e que cada minuto que corre seja para nós a eternidade.


Ao querido Micael.



Raquel Luiza da Silva

terça-feira, 16 de março de 2010

Morreu o João


O corpo a jazer no chão,
Gritos histéricos,
O cheiro forte de sangue...,
Um cigarro aceso,
Amanhã não vão bater a laje, o João morreu,
Morreu o João, bom pedreiro, bom marido, bom pai de família, bom amigo...
Mais um, aponta o jornal,
Mais um trabalhador, ou mais um marginal?
Acerto de contas?
Engano?
Assalto?
Ninguém sabe, ninguém viu.
Quem vai cuidar da viúva?
Quem vai cuidar das crianças?
Era o João que ralava no sol,
Era o João que ralava na chuva,
Era o João que protegia,
O João morreu,
Morreu o João, amanhã não vão bater a laje,
Amanhã não tem cachaça,
Amanhã não tem farofa,
Amanhã não tem samba,
Amanhã não tem amanhã,
Morreu o João,
Ninguém sabe, ninguém viu,
E diz o jornal que é apenas mais um,
Mais um João a morrer de violência no Brasil.

Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Arte de viver.



Noites e noites tardias,
Num tempo certeiro que á tudo espia,
A beleza da vaidade se vai,
Dando espaço á beleza da sabedoria.
No espelho não reconhecerás teu semblante,
Porém trarás gravado no peito inesquecíveis instantes,
Talvez a memória o traia,
Mas poderás seguir á vislumbrar o por do sol na praia,
E começar a fazer do instante presente,
O teu eterno, o teu sempre.
Sentirás a vida de outra forma,
Dando vida á tantas coisas sem normas,
E no alvo dos teus cabelos,
Trarás consigo histórias que nunca contarão os espelhos.
E ainda perguntarão por que sorris, se a vida não te parece tão bela assim,
Nunca saberão que a vida se pinta á cada dia como uma surpreendente tela,
Daquelas que só se vê quando ao alvorecer se abre uma janela.
Talvez nunca entenderão tal beleza em teu semblante marcado,
Que traz em si teus sonhos, teu passado.
E nunca sentirás que estas a envelhecer,
Apenas que passara á apreciar com mais delicadeza a arte de viver.


Raquel Luiza da Silva.

domingo, 14 de março de 2010

Verdade.


Em algum lugar na baixada do mar se esconde,
Ou será nos bolsos de algum conde?
Tão brilhante joia de lampejos mil,
Ou será pequena pedra que ninguém viu?
Tem a sutileza da sorte
Ou será a agonia do moribundo á espera da morte?
Tem a clareza dos finos véus,
Ou traz em si o gosto amargo do fel?
Tem a leveza em si,
Ou quem sabe grades que impeçam de sorrir?
É procurada com fervor,
Ou por vezes escondida com temor?
Abre-se quase sempre em clarões,
Ou carece do silêncio em bocas de guardiões?
É tão buscada por vários artifícios,
Ou será escondida para não se perder os princípios?
Há tantas respostas,
Ou ela é a resposta que há?
Nunca se saberá.
Pois cada um a guarda ou traz á tona sempre que precisar,
Cheia de respostas é algo que por muito tempo não se pode privar,
Adormece,
Mas nunca morre,
Talvez se oculte ou demore,
Mas não existe nesse plano ou realidade,
Quem esconda ou se esconda da temível ou aliviante Verdade.

Raquel Luiza da Silva

sexta-feira, 12 de março de 2010

Um pouco de mim...





Nasci Raquel Luiza da Silva, Raquel em homenagem a minha bisavó, Luiza em homenagem a minha avó, avó e mãe de meu pai Antônio Pinto da Silva, adotei o pseudônimo literário Júlia Bibiana D’Brígida, sendo Júlia D’Brígida, mãe de minha avó e Bibiana, mãe de meu avô, pais de minha mãe Maria da Conceição Silva.
Cresci em uma família pobre na cidade de Gouveia, interior de Minas, há exatamente 26 anos atrás, sou a 6º de sete filhos totalizados e a 5º dos cinco filhos vivos, sendo meu pai carpinteiro e minha mãe dona de casa.
Aos 5 anos de idade não pude freqüentar a escola, o que era meu sonho, devido há uma doença chamada nefrite, uma das poucas coisas que me fazem lembrar desse tempo são as fortes cólicas de rim e os poucos amigos que tinha, uma menina paraplégica que chamávamos de Rapunzel, pelas suas longas tranças, nunca soube o nome real dela, e um menino chamado Carlos, só me lembro que tinha cabelos negros e lisos, éramos inseparáveis á correr pelos corredores da pediatria e arquitetarmos planos de fuga, porque não entendíamos o motivo pelo qual estávamos ali enquanto todas as crianças estavam á brincar lá fora, acho que éramos felizes, ou eu era feliz, já que no outro hospital passei boa parte do tempo amarrada ao leito por querer ir embora com minha mãe.
No hospital aprendi á detestar café com leite e pão com manteiga, pois era obrigada a tomar e comer sob os olhos de uma enfermeira que não lembro o nome, mas a víamos como uma megera, aprendi também á detestar wafer, pois na época havia um lanche que levava o nome de personagem infantil e pedi a minha mãe que me levasse isso na próxima visita, comi e minutos depois me senti mal.
Acho que fui uma criança mimada, é feio, mas era egoísta, detestava partilhar as coisas gostosas que meu pai comprava ou que parentes me traziam, protegia balas e chocolates como se fossem meus tesouros.
Aos seis anos o mundo mágico da escola se abriu á mim, as tias, os coleguinhas, os lápis de colorir, os trabalhinhos feitos com papel picado, as tintas, o uniforme cruzado nas costas, o cheirinho da merenda, a escola Estadual Augusto Aires da Mata Machado foi definitivamente meu “reino encantado”, também foi lá que aprendi á detestar matemática e á amar literatura, o que mais gostava? Hum...Dia de redação, só ficava triste quando limitavam por linha e a gente tinha tantas idéias...
O Rapha era meu companheiro, todos os dias na biblioteca da escola, sempre queríamos ser os primeiros, sempre recebíamos prêmios em sala por termos lido mais livros que o resto da classe, e todos os anos estávamos juntos, pois ele também era meu vizinho.
Na segunda série fui reprovada, não que eu não fosse boa aluna, na verdade foi a junção de dois fatores, dificuldade em aprender matemática e pavor da professora de matemática. (Risos) Me lembro uma vez que fingi estar doente porque teríamos argüição de multiplicação e divisão de números, a tal professora mandou um recado com o Rapha dizendo: “Galinha não foge da panela”, não era isso maldade, mas me apavorava, minha sorte é que ela nunca se lembrara de me argüir.
Essa foi uma época meio triste, pelo fato de eu ser uma criança triste, nunca tinha as coisas que queria, era a menininha feia da sala, a estranha, mas também foi uma época que mais aprendi á gostar de poesia, meu irmão e eu fomos premiados pela escola num concurso que falávamos sobre a cidade, uma experiência impar.
Bom...O tempo passa e se aprende muitas coisas, passei á estudar na escola Estadual Joviano de Aguiar, sonho de toda criança, já estava na 5º série, mas não mudara a minha pessoa, sempre calada, sempre séria, estudiosa e a mais feinha da sala, centro de ataques constantes.(Oh céus!). Conheci pessoas boas e pessoas nem tão boas assim até concluir o ensino médio.Ainda tenho saudades de alguns colegas, sempre se tem.
Meu primeiro trabalho foi aos 18 anos, seguindo os passos de minhas irmãs mais velhas, éramos empregadas domésticas e recebíamos R$ 50,00 por mês, lavando, passando, cozinhando, no meu caso ainda cuidava de crianças, mas sempre pensávamos que antes isso do que nada e tocávamos a vida feliz. Nesse período de doméstica senti na pele o preconceito quando uma patroa, não a primeira com quem trabalhei me entregou um prato, um garfo e um copo, pedindo que os deixasse separado, acho que nunca havia sentido uma coisa tão ruim como senti naquele dia, mas...Continuei á trabalhar.
Aos vinte anos participe na rádio local do programa locutor por um dia, tenho a gravação, foi exatamente no dia 8 de março 2003, para a época foi legal, hoje não seria(Risos), após essa primeira apresentação, algum tempo depois passei á trabalhar, de graça, aos sábados, mas precisava ganhar algo e pelo visto não era possível me pagarem, fui para BH no dia 11/04/2004, não deu certo e voltei no dia 16/05/2004, rapidinho...Mas se não deu certo, fazer o que, não é?
Pois bem, voltei para a rádio, substituindo um colega que se afastara para concorrer á câmara municipal, alguns meses depois um grupo de homens do partido que governava a cidade entrou e destruiu tudo, só não me bateram, gritei e esperneei enquanto pude, daí aprendi a me meter em política, á brigar pelo que achava certo, não pensem, pois não me sai candidata e nem pretendo, mas me tornei popular sendo amada ou odiada, conquistando um espaço permanente no quadro de funcionários da rádio.
Me tornei Raquel Luiza, ganhei amigos, aprendi á entender ás pessoas, á atender telefonemas e ás vezes entender que as pessoas só queriam um pouco de atenção, alguém que as ouvisse, não me importava mesmo em ouvi-las, mesmo que aquilo atrapalhasse um pouco minha programação.
Início de 2007 comprei meu computador, com ajuda de minha irmã, aqui na net fiz alguns amigos de verdade, gente que às vezes penso que nasci conhecendo como é o caso da Faby, uma pessoa simplesmente extraordinária, claro que tem várias pessoas, mas ela foi a primeira e para não ser injusta não citarei outros.
Em 2007 tive coragem de ousar e participei de minha primeira antologia, um texto escrito no Orkut , numa comunidade, selecionado para um livro de microcontos (Retalhos-Andross Editora), digo que era ousado porque tinha que vender um certo número de exemplares já que não podia comprar todos, então passei á perseguir as pessoas que conhecia para alcançar meus objetivos e consegui, com todos os exemplares vendidos estava eu satisfeita e feliz.
Participei de várias seleções para antologias mas não pude estar nos livros por falta de recursos, mas em 2009 participe de algumas e sou orgulhosa por isso são elas: Preces e Reflexões (Editora Taba Cultural), Projeto literário Delicatta IV(Organização Luiza Moreira), Uma viagem pra Pasárgada( Litteris Editora) e Mulheres em prosa e verso(Hoje Edições) e conquistei o 3º lugar nos 2ºs Jogos Florais do séc.XXI , o que é para mim algo muito valoroso.
No dia 20/12/09 resolvi deixar a rádio, creio que foi algo necessário para que eu aprendesse á me valorizar e não concordar sempre com o que não estava certo.
No dia 24/02/2010 lutava por meus direitos os quais me haviam sido negados por 5 anos, venci, não foi apenas o meu direito assegurado, mas foi quando enfim aprendi á ter voz e vez.
Tenho saudades dos meus amigos ouvintes, guardo comigo mais de 5.000 cartas, parte do meu trabalho de locutora amadora, aprendiz da vida, amiga á distância, enfim parte de mim.
Como está em meu perfil sou parte do que me criaram, por isso agradeço á minha mãe, de coração, por sempre estar ao meu lado torcendo por mim, por ter lido para mim quando criança, por me fazer ler para melhorar a escrita...Tantas coisas devo á ela e á tantas pessoas que se foram e amo de coração.A outra parte é o que crio, sempre estará em constante transformação, creio eu que isso durará a vida inteira.
Essa sou eu, Raquel Luiza da Silva, claro que não falei toda a minha vida, deixarei para uma futura biografia (Risos).
Exatamente amanhã 13/03/2010 completo 26 anos e posso dizer que valeu á pena cada momento e que nada foi ou é por acaso, viver nessa grande esfera chamada terra é uma experiência significante e fascinante, algo inexplicável para uma “criança” de 26 anos,acreditem, começa á dar os primeiros passos agora.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vontade de ser gente...Pequena!



Despi-me das minhas vestes morais, o pudor que me intoxicava a alma se desfez em fumaça e eu voltei naquele dia a ser criança, comi doce me lambuzando, sujei o vestido com sorvete, brinquei de roda com as crianças, me empanturrei no cachorro quente.

Quem passava não me via e se me via me julgava como doida, louca, sei lá, eles que não tem coragem para serem crianças ao menos uma única vez na vida nunca entenderiam o que era aquilo, apenas ficarão olhando com aqueles olhos sedentos para fazerem igual sem coragem e tal.

Pela primeira vez aprendi a me deitar na grama e ficar namorando o pôr do sol, desejando que aquele dia não acabasse nunca, amando sentir a brisa a brincar com meus cabelos desarrumados, e nem me importei com meu total desalinho visual, apenas vivi aquele dia sem ter vergonha da criança que ainda sou.

Esqueci naquele dia meu, a correria do trabalho, os saltos que me doíam as pernas e a louça na pia, deixei de lado as noites nas boates e resolvi namorar a vida, amando cada momento belo que eu assim havia esquecido que o era, porém sempre esteve ali dizendo que não se cansara de esperar por mim.

Acabei descobrindo em cada instante que só se vive uma vez e quem se esquece disso perde a razão, pois louco é quem não se permite deixar levar pelos apelos dentro de si que desejam voar, tocar a grama, brincar de roda, amar o pôr do sol, sentir a brisa com os cabelos brincar, empanturrei de cachorro quente e de sorvete se lambuzar.

Amanhã? É um novo dia eu sei, terei que deixar de lado o que fui hoje, entrar no corre-corre do dia novamente, crescer, ser adulta em minhas decisões, estar alinhada visualmente,porém com a alma mais saudável tenho certeza que estarei, porque me permiti por um dia mergulhar nos tesouros dessa vida e me lembrar que fui criança um dia.

RAQUEL LUIZA DA SILVA.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Querido diário... (Primeiro amor)


Hoje notei que você tem belos olhos que me fascinam,
Que cada gesto seu me completa,
Me encanta me deixa repleta...
Repleta de um sentimento que até então não conhecia,
Algo meio relutante entre o normal e a magia.
Notei que você está diferente...
Ou eu estou diferente?
Não sei se me entende,
Mas é algo que me assusta,
Complicado,
De dimensões absurdas.
Sinto ciúmes se alguma garota está com você,
Uma coisa, incontrolável, sem querer.
E então choro sozinha,
Com medo que alguém me veja e me ache idiotinha.
Então resolvi escrever em meu diário,
Depois o tranco no armário.
Para ninguém saber que ando caidinha por você.
Desenhei flores coloridas,
Mas o fiz escondida.
Até me imaginei como sua bela adormecida,
E que me acordavas com um beijo,
Claro, ficará também em segredo.
Sei que vou te ver amanhã na escola,
No intervalo,
Como todo menino á correr atrás de uma bola.
Sei que não vai me notar,
Já havia me esquecido, você me tem como amiga,ou coisa do tipo.
E vou voltar a desabafar com meu diário,
Aquele que sempre tranco no armário,
Coisas que ninguém pode saber,
Coisas do meu coração.
Do tipo...Amo você.

Raquel Luiza da Silva

terça-feira, 9 de março de 2010

Meu mundo.


No meu mundo, me visto, me pinto com as cores da liberdade...
Sou deusa, sou nobre, sou a verdade...
Não escondo o que sinto, nem sinto o que escondo...
Me torno quem sou sem vírgulas nem pontos.

No meu mundo me revelo, me entrego...
Me deixo fluir em rio, em cio, em amor...
Te levo ao delírio como amante apaixonado...
Ou te deixo na lama como um louco sonhador.

No meu mundo não tenho face, não tenho rosto...
Me viro, me reviro, num conto, em qualquer canto...
Faço verso no reverso da vida...
Porque ponho fim á dor quando não suporto a feridas...

No meu mundo me crio, forjada no calor ou no frio...
Sou a feia, a bela, a que aquece a que regela...
Sou o encontro o reencontro, a marca a saga...
De tudo sou a história que o tempo um dia apaga.

No meu mundo de brisa, de concreto, deixo a minha alma nos versos...
As palavras presas no papel, como pássaros a voar no céu...
Enfim, me visto de poesia, de rima...
Para ter a doce sensação que a vida é infinita.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 7 de março de 2010

Mulher.


Aprendi á me olhar no espelho,
Ver a perfeição em meio há tantos defeitos,
Aprendi á sonhar quando tentaram me fazer parar,
Aprendi á me calar quando necessário,
E não ter medo de falar, mesmo enfrentando calvários,
Aprendi á ter asas,
Viajar para além das paredes de minha casa,
Perdi o medo de lutar por meus direitos,
Exigir com firmeza que me tenham respeito,
Aprendi á ter olhar firme,
Não ser mais vítima de tantos crimes,
Descobri que tenho forças,
Mesmo sendo idosa, menina, moça...
Tenho voz,
Voz para exprimir o que penso, o que sinto,
Ao ar livre ou em algum recinto.
Descobri que tenho mãos para me tornar o que quero,
Inteligência para externar minha essência,
E sabedoria para construir uma história de vida.
Aprendi á ter força para dizer não quando não concordo,
À aceitar as coisas quando se é necessário e não impostas,
Deixei de estar sempre atrás da porta,
Meu lugar é aqui,ali, em toda parte.
Porque me descobri,
Ser mulher não é ser complemento,
Mas sim parte essencial de uma sociedade.

Raquel Luiza da Silva

sexta-feira, 5 de março de 2010

Coração doente e Mente insana.


Tenho um coração doente e a mente insana,
Nos bolsos pedras de sonhos,
Nas gavetas recortes de passado,
Em algum lugar deixei minhas lembranças mil,
Em algum lugar no esquecimento,
Nunca saberei se as encontrarei um dia...
Ando por ai sem rumo,
Rumo para tantos lugares,
Não faço questão do tempo,
Apenas sei que ele passa por mim e deixa suas marcas.
Não tenho calos nos pés,
Nem as roupas empoeiradas,
O cheiro de relva e de terra vem-me de alguma parte,
Talvez parte distante de mim,
Que ficou em algum lugar,
A felicidade que me invade é ilógica,
A tristeza também,
São momentos que passam,
Que passam,
Nunca sei quanto duram,
Depois se vão, como tantas pessoas.
Vem a noite,
Vem o dia...
Ouço falar em semanas, meses, anos...
Não sei a duração da vida,
A correspondência nunca chega,
Talvez nunca chegue,
Tenho algumas feridas,
Curativos que não curam a alma,
E a dor é meio que invisível em meio a tantos tormentos,
Às vezes grito tentando me ouvir,
Mãos me sufocam,
Acalmam a minha ira,
E eu espero aqui,
Sentado num jardim,
Os dias, as semanas,os meses, os anos...
Porque tenho um coração doente e a mente insana.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Fé não tem cor


É o batuque no terreiro,
Os tambores o ano inteiro,
No gingado da fé,
Fé que não tem cor,
Nos cânticos,
Em todo canto,
Dos filhos de Ogum, Nanã, Iemanjá, Exu, Xangô...
Nas orações e nas cantigas,
Das entidades libertárias,
É a cultura que cresce em meio á represália,
Nas histórias que o vô contava,
Numa realidade imaginária,
Dos filhos de Oxalá, Oxum, Iansã, Obá...
E são tantos filhos, de tantos Santos,
De cores diversas, de tantos cantos,
Abraçando a cultura da fé,
Fé que não tem cor,
Nos cânticos á Oxossi, Obaluayê, Ossaê, Oxumaré...
Na difusão de uma paz sem barreiras,
De um interior sem fronteiras,
Que se abre na proteção de quem nos guia,
Na coloração de várias guias.
E o Cântico é de liberdade,
Sem dor, sem mágoa, sem maldade.
Na beleza do gingado,
No respeito ao sagrado.
Na dança sagrada da vida,
Num grande terreiro, com muito axé,
De filhos de todas as cores, de todas as raças,
Agradecendo á seu modo a paz, a saúde, o amor...
Difundindo a certeza que fé não tem cor.

Raquel Luiza da Silva

Vaidade



Ele chegou numa noite de verão, pediu licença, não foi como os outros que vieram avassaladores, tinha pretensões de me tocar o coração, não o corpo como os outros, me olhou nos olhos e não os contornos corpóreos como os outros, me chamou de minha flor, não de minha gata como os outros...Ai eu me apaixonei, quis conhecer o mundo em um dia, quis ser melhor, ser diferente...Mudei a cor do cabelo, fiz regime, mudei as sobrancelhas, botei unhas postiças, comprei roupas novas,o batom era vermelho igual ao “daquela” atriz da novela das oito, calcei sapatos de salto, 400 ml de silicone nos seios, aumentei os lábios, botox no rosto todo, lipoaspiração total... Ele me olhou nos olhos, não da mesma forma de redescoberta que me olhava todas as manhãs e disse:
_Vou-me embora, você é tão... Comum.
E foi como todos os outros... Ai eu percebi que ele me amara por aquilo que eu era e eu havia mudado me tornando igual ha tantas, pura vaidade e pouco conteúdo.

RAQUEL LUIZA DA SILVA.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Amiga.


Regela-me a alma ao saber que não mais regressarás e que no meu coração, único porto no qual procuravas abrigo não mais ancorarás e que ao partir levastes consigo muito de mim.

Serei eternamente metade tua, apenas metade só, pois não me permitirás comtemplar-te, teus sonhos á outra pertenciam e em meu mar apenas buscavas calmaria após a tempestade de teus sentimentos aflorar.

Vai te, nunca saberás o que sinto, nunca ouvirás da minha boca o que meu coração chora em silêncio nas noites em que te desejo, nem mesmo verás em meu rosto a sombra da tristeza que me cobre a alma...

Vai te, ela te espera com os braços abertos, é por ela que suspiras, é por ela que vives, não saberás do meu amor, não saberás tão pouco da minha dor, dor esta que é só minha...

Vai te antes que eu chore, antes que me caia a máscara e revele o que não posso... Amigo não pares no caminho para que eu não me sinta sozinha, ela te espera, enquanto eu continuarei aqui sendo apenas sua amiga.

RAQUEL LUIZA DA SILVA.

terça-feira, 2 de março de 2010

Não acordes agora


Fala-me ao ouvido, deixe-me ouvir-te,
Não perturbes os meus sentimentos com teus medos,
Deixe-me adormecer em teus braços, deixe-me ouvir teu coração...
Para que seja a única canção a tocar nesse momento de pureza e paixão.

Não pedir-te-ei um beijo, não forçarei o que sentes...
Apenas deixarei acontecer, para não assustar-te...
Deixarei que o próprio amor se encarregue de unir teus lábios aos meus...
E me deixar livre para tocar os teus.

Não abra os olhos agora, aprecie, apenas aprecie...
Ouça, apenas, ouça a canção que vem de dentro...
Que fala de luar, mar, amar...
E assim te perderás na imensidão do meu eu e te encontrarás em mim
No sentimento desse instante momento.

Deixe, apenas, deixe, que o meu calor te envolva...
Sinta a minha pele a desejar a tua, ardendo em prazer..
Tal como o sol do meio dia
E apenas sinta o mundo a gritar em cada toque,
Em cada retoque.

Não acordes agora, não deixes passar por nós o que sentimos,
Completamos-nos, somos um, coração, corpo, alma...
Fomos feitos para sermos um, único ser em sua plenitude e imensidão.
Não, não acordes agora para não matar a magia que se concentra nesse momento único de poesia.

RAQUEL LUIZA DA SILVA

segunda-feira, 1 de março de 2010

Vai ter que engessar.


“- Vai ter que engessar, a fratura fora meio violenta, mas o que esse menino faz?Já são três fraturas em menos de um ano!
- Não sei doutor, esse menino é meio serelepe. -Riu, e o sorriso da mãe era tão límpido e puro que ele até se esquecera da dor que sentia por alguns instantes, isso mostrara-lhe que toda a raiva que ela sentira, quando ele chegara com o braço pendurado em casa fora apenas motivada pelo susto.
- Ele deve estar fazendo uma coleção de gesso, não é Lucas?- Sorriu-lhe mostrando os dentes brancos na boca meio que encoberta pelos bigodes que davam lhe o aspecto de ter engolido uma andorinha, cujas asas ficaram abertas do lado de fora.
- Acho que ele está é precisando de umas boas palmadas, doutor Fonseca, não sabe o nervoso que eu fico quando apronta as dele!
- Palmadas não, mamãe, é só um braço quebrado, não é pra tanto!
- Ele fala que é só um braço quebrado, como se isso fosse pouco ou se o braço não fizesse parte do corpo. Quando é que esse menino vai tomar juízo, meu Deus?!
- É a idade, Carmem, ele tem apenas dez anos, vai ver, quando ele crescer será um homem responsável. –Riu.
- Ai doutor, ai, ta doendo!
- Não se acostumou com isso?
- Ninguém acustuma com dor não, doutor!
- Esse português dele também me irrita, até parece que não pagamos colégio para ele!
- É só um menino Carmem...- Doutor Fonseca veio em meu socorro novamente.”

Depois de algumas horas estava tudo pronto lá ia eu novamente para casa com meu gesso branquinho, branquinho... E mais uma vez sabia que minha mãe ficaria durante todo o dia me mandando tomar juízo, o legal era ir para a escola no outro dia e deixar a turma escrever besteirinhas no gesso.
Mas de tudo isso me lembro de uma coisa que não me saiu da memória, quando cheguei em casa com o gesso todo desenhado fui ler o que tinha escrito.
O Mateus escreveu :Nada está tão ruim que não possa melhorar.
O Nando:O campeão em troca de gesso é você, devia tentar ir para as olimpíadas e implantar esse novo esporte(risos).
O Vadinho: Você é o cara.
A Camila:Você é um fofo.
A Jéssica: Você é meu herói!
A Carol: Se quebrar o braço mais uma vez vai ficar sem ele.
E tinha um montão, mas fiquei cansado,eu não era muito lá de ler, quando ia desistir em um cantinho escrito de canetinha cor de rosa um modesto escrito me chamou a atenção.
Amanda:Gosto de você.
Senti o rosto corar mesmo estando sozinho.
A Amanda não era lá a menina mais bonita da sala, aliás, nem chegava perto das que o eram, era franzina, tinha os cabelos cor de palha, sempre usava uma trança de cada lado, raramente abria a boca e nunca imaginei que iria escrever aquilo pra mim, aliás, eu nunca a notara. Passei todo o tempo que usei o gesso escondendo dos amigos aquela frase senão ia ser zoação do início ao fim e passei a evitá-la, até mudava de rua quando a via, tudo isso para fugir da mira daqueles olhinhos verdes que me fitavam com ternura.
Lembro-me que a vi pela última vez na oitava série, minha família se mudou para a capital. Nossa! Pareço ver a cena na minha frente, a menina agora maior, as pernas magricelas cobertas por uma saia azul que lhe ia até aos joelhos, os braços igualmente magros com as mãos cruzadas sobre as coxas, naquele dia ela estava de cabelos soltos e as longas madeixas lhe caiam ocultando os seios que começam a apontar, parecia uma pintura, ali parada, não ousava a me olhar, mesmo de cabeça baixa eu notei em seu rosto a expressão triste, e de repente me batera também um tristeza e eu não sabia por que, queria me aproximar dela e abraça-la, mas não tive coragem, me despedi dos colegas e fui embora, do carro ainda pude vê-la correr para a janela e acenar.
_Sua namoradinha filho?
_Não pai é só uma colega de classe. _Segui-a com os olhos até não podê-la mais ver.
Voltei oito anos depois á minha cidade, despistadamente perguntei por aquela garota de cabelos cor de palha, me disseram que se mudara para a capital a fim de fazer faculdade, não sabiam de quê.
Na cidade grande passei a imaginar como ela seria e vez ou outra me deparava com alguma moça magrela de cabelos cor de palha e óculos, ela não os usava naquela época, mas como o tempo passa imaginei que os tivesse usando por causa da cansativa carga de estudo e trabalho.
_Cadê meu filho?!
Pude ouvir minha mãe gritar no corredor do hospital, agora não tinha mais tempo para pensar na minha infância, teria que contar tim-tim por tim-tim porque estava ali, sorri meneando a cabeça afastando aqueles detalhes do meu tempo de ingenuidade, a porta se abriu e enfim minha mãe entrou.
_Menino! Você não toma jeito mesmo!_Me deu um tapinha na cabeça.
_Não se preocupe foi apenas uma queda.
_Apenas uma queda que poderia ter grandes conseqüências.
_Não se preocupe mãe estou inteirinho!
Aquele desespero me dava um conforto...
_Onde dói?
_Aqui no braço.
_Deixa eu ver._Ela se aproximou mexendo no meu braço.
_Ai mãe!
_Quebrado, eu sabia! E o doutor Fonseca me dizia que quando você crescesse iria tomar responsabilidade, até parece!
Já estava chateado com os conselhos que minha mãe começara a dar quando a porta se abriu e uma mulher alta , de olhos verdes, pernas bem torneadas , seios fartos e acreditem, cabelos cor de palha entrara com um lindo sorriso no rosto, parecia a menina feia da minha infância, só que linda.
_Deixe-me ver o seu braço.
Tocou suavemente o local.
_Vai ter que engessar.
_Esse menino tem 25 anos e não muda doutora, nem sei quantas vezes já quebrou esse braço...
Eu já não ouvia mais a minha mãe, absorto com a imagem á minha frente, uma doce mulher, linda e maravilhosa, eu nem sentia dor enquanto ela engessava o braço.
_Prontinho, daqui a pouco eu volto pra ver como você está.
Fiz sinal positivo com a cabeça.
Minha mãe saíra com ela, se despedira dizendo que iria á feira, mas não antes de me ordenar para ir para a casa onde ela e meu pai moravam e que eu não estava em condições de ficar sozinho.
Eu crescera, mas minha mãe não mudara.
Horas depois a doutora voltara, só agora eu me lembrara de olhar o nome no crachá preso á blusa branca, Dra.Cavalcante.
_Como se sente?_Sorriu-me.
_Melhor, já havia me esquecido de sentir essa dor, a última vez que quebrei o braço tinha dez anos. _Ri.
_Eu sei. _Riu também.
Parei olhando-a assustado, o coração batia descompassado.
_Sabe?
_Crianças geralmente quebram o braço nessa idade.
_Ah bom!
Retirou-se, eu confesso que estava desanimado, pois ainda nutria alguma esperança de aquela linda mulher ser a pequena feia da minha infância, acabei adormecendo e quando acordei meu pai já estava do lado da minha cama, fora me buscar enquanto minha mãe ficara em casa preparando guloseimas para me mimar.
_ A doutora já te liberou.
_Ela não vem me ver?
Meu pai riu, julgando que eu estava meio lento por causa do sono.
_Acho que você não é o único paciente desse hospital, então vamos?
Então fomos, minha mãe fizera o meu prato preferido, batata frita, bife acebolado, arroz branquinho e feijão preto, ela sempre me agradava assim quando eu quebrava o braço e não me forçava a comer legumes, de sobremesa fez mouse de chocolate, estava delicioso, mas aquilo me fizera lembrar da menina feia da escola e também da doutora...Fui para o meu quarto, confesso que triste.
_É, acho que terei que fazer a barba, já está bem grande.
Meu braço estava refletido no espelho e para minha surpresa notei uma modesta frase, olhei para meu braço e acreditem! Escrito com canetinha cor de rosa, num cantinho do gesso se lia.
“Gosto de você”.
Ass.Dr.Amanda Cavalcanti.


RAQUEL LUIZA DA SILVA.