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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Insônia




Em algum lugar tiquetaqueia um relógio, posso imaginar os ponteiros á lamberem vagarosamente a superfície numérica.


Um leve ressonar vem do quarto ao lado, o que indica que meu pai já dorme á sono solto, ás vezes acordo com aquele som, seguido de um engasgo e uma crise de tosse demorada, depois um demorado suspiro vem novamente o calmo e pausado resonar.


Ouço agora o gotejar da torneira da pia do banheiro, meu irmão nunca á fecha direito, parece ter birra do objeto, só percebo esse som após minha irmã com quem as vezes divido o quarto se sentar na cama e dizer algo sem nexo, acontecimento não muito raro, faz isso várias vezes na noite e nunca se lembra de nada, agora uma suave música, aposto que minha irmã mais nova esqueceu o PC ligado de novo, apenas minha mãe dorme tranquilamente, calma...Talvez impássivel aos sons noturnos, apenas eu estou aqui a ver o reflexo da luz do poste entrando pela cortina verde da janela, graças ao enorme muro que separa minha casa da do vizinho, não temos nada para criar formas fantasmagóricas na parede, o que antigamente acontecia e me fazia chamar minha mãe altas horas para me levar ao banheiro, bom...Isso acabou quando eu completei 19 anos, mas essa é outra história.


Me viro de um lado para o outro, tentando me livrar da falta de sono que me agarra por todos os lados e me torna impaciente.


Agora os sons se tornam estafantes e parecem que me vão engolir, o pior deles vem do banheiro, parece que á cada gota que se desprende da torneira levo uma martelada na cabeça e me chega á doer as têmporas, tenho enxaqueca, falava-se que tal moléstia era coisa de rico, antes fosse, ao menos nós pobres estaríamos livres.


Me lembro de olhar as horas no celular, 1:45 da manhã, me levanto ás 5, já sei como vou trabalhar, parecendo um zumbí, meio acordada, meio dormindo entre os intervalos das músicas, bom que durantes as primeiras horas da manhã não me vão visitar.


Quando criança era fácil começar á contar carneirinhos e o sono vir, depois que crescemos os carneirinhos parecem se tornar touros bravos, a soltar fogo pelas ventas e trotar em nossa direção, me encolho embaixo das cobertas, meus pés começaram á gelar, resolvo apanhar as meias na gaveta do guarda-roupas, rapidinho e no escuro, me deito novamente agora já aquecida, a chuva parece um alívio brando que veio sem eu perceber, imagino coisas boas, viagens...E de repente me vem o sono, devagar...devagar...devagar...estou a fechar os olhos quando algo ensurdecedor me faz despertar assustada.


São 5 da manhã e tenho que me levantar.


Affffffffffffffff




Raquel Luiza da Silva

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