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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amor de momento.


Amar-te-ei sem pedir nada em troca,
Dar-te-ei por asilo meu corpo sem negar calor,
Falar-te-ei das tantas aventuras passadas nesses amontoados de anos,
Afagar-te-ei os cabelos para que sintas meu toque,
Selarei teus lábios com meus beijos, para que na mudez em que se revestirá esse momento não hajam palavras que definam um futuro,
Não negar-te-ei meus segredos,
Mas também não forçar-te-ei a entregar-me os teus,
Ainda que eu seja verdade, algo será oculto em mim,
Então peço-te que ame-me e que seja tão intenso quanto a chama que brota de uma vela,
Que arda e dê luz e calor durante toda uma noite,
Mas quando acabar, não delongues em despedidas,
Que não dure o adeus por toda uma vida que corre,
E quando acabar, que seja eu a partir de teus braços,
Que seja eu a carregar a culpa,
Porque a culpa de quem vai-se em nada compara-se á dor de quem fica,
Deixe-me ser a culpada para carregar na mente tua doce imagem,
E de mim...
Guardarás todos os momentos, de tantas horas em lembranças passadas,
Serás tu tudo para mim, e eu para ti nada,
Então não tardais!
Amemo-nos por essa noite que será de nós a eternidade,
E entre os lábios teus não haverão palavras que definam um futuro,
Porque se revestirão em silêncio, selados pelos beijos meus.

Raquel Luiza da Silva,

Tempo de vento.






Eu era feita de vento,
Na amplidão de um tempo de rocha,
Corria uivante por entre as frestas,
Como se nada fosse real,
Como se o ser intocável que era eu, fosse indestrutível...
Mas um dia descobri que na verdade o tempo era feito de vento,
Que na verdade era eu quem era feita de rocha,
Rocha que desfazia-se á cada toque do vento,
Vento que passeava por entre minhas frestas...E a cada toque levava um pouco de mim...
Não me desfazia totalmente, por ter a firmeza e a consistência da rocha que era eu...
E na verdade o vento apenas espalhava-me por essa terra,
Como pó da criação,
Mas feita de rocha dançante com o vento.
E a música de sabedoria entoada a cada passagem sua, me era doce,
Por vezes feita de nostalgia,
Por vezes desafiadora,
E o que ainda sei é que o tempo continua a ser de vento,
E eu...


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Poema do dia.




Tal qual cortesã sedenta de desejo espreita-me a morte,
Na loucura esfaimada de dar-me seus quentes beijos de febre terçã,
Deslumbrada com a nudez de minha alma quase infantil,
Rodeia-me a ouvir meus poucos poemas,
Tocando as linhas imaginárias como se ali pudesse sentir a vida que em mim habita,
E seus olhos de púrpura cintilam á cada verso,
E posso ouvir cada passo seu ao meu redor,
Circunda-me com sua vontade,
Mas sabe ela que ainda é cedo,
Que terá que ouvir-me tantas e tantas manhãs,
Ou estarei eu errada?
Nada sei do dia que virá,
Mas posso senti-la ,
Posso ouvi-la ao meu redor,
Ao encalço da vida,
Tão necessitada e insaciável com sua vontade insana,
E então a olho nos olhos que não posso ver e recito meus poucos poemas,
Ela ri-se de minha ousadia,
E eu sei que ri,
Mas ela não pode me tocar,
Não agora,
Toco a escrever o poema dessa hora que respiro, visto que o amanhã me é incerto,
E ela ouve-me recitá-lo,
E já decora as ultimas estrofes que serão suas,
Não hoje...
Amanhã, talvez.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

....

Se minha poesia for capaz de calar minha consciência,
Se minha poesia for capaz de submeter-me á cegueira,
Se minha poesia for capaz de enganar-me á cerca do mundo,
Se minha poesia mutilar meus objetivos...
Eu renuncio á minha poesia.
Porque ela será viva, na alma de um ser humano morto.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sem palavras.



Queria dizer-te ao menos uma palavra de conforto agora,
Mas não há palavra alguma que conforte a dor de quem fica,
Nem a de quem com culpa vai-se embora.
Tenho vontade de abraçar-te, sentir tua cabeça sobre meus ombros...
Chorar contigo essa dor amarga,
Ouvir-te a dizer que de mim não guardarás mágoas.
Mas utópico é esse meu pensar,
Egoísta essa forma de querer,
Não posso impedir-me de sentir culpa e nem tu de sofrer.
E diante desse vazio perverso,
Olhando-te pálido,
Silencioso e triste,
Questiono-me se a felicidade a mim algum dia fará convite.
Não há mais nada que prenda-me a essas paredes,
Não há nada mais que prenda-me a teu corpo,
Partirei antes que brotem sufocadas palavras, ditas por esse meu coração oco.
E se seu silêncio doí-me na alma,
Sou merecedora de tal sentença,
Pois paga o corpo, pela cabeça que não pensa...
Adeus!
Até mais?
São palavras por demais perversas,
Para quem fica ou para quem vai-se.
Apenas fecho a porta, num adeus mudo e doído,
Enquanto do lado de fora espera-me com um sorriso,
Aquele que de ti roubou-me,
Amor impiedoso,
Amor bandido.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aquele meu tempo antigo.




Sou de um tempo meio antigo,
De uma visão sem demora,
Onde filho respeitava pai,
E pai respeitava filho,
Onde a benção pela manhã era essencial para começar a vida lá fora,
Vida a mercê de tantos males,
Que nada era mais seguro que a benção dos pais.
Sou desse tempo meio antigo,
Perdido para tantos,
Para outros apenas sem sentido,
Mas era um tempo em que o respeito era passaporte para a vida,
Onde o sorriso fazia algum sentido,
E onde o sentido era uma necessidade,
Onde sofrer fazia parte de um aprendizado constante,
E onde lutar era meta de horizontes,
Esse já é um tempo antigo,
Hoje os pais não dominam as mesmas técnicas de ensino,
São velhos perdidos na modernidade avassaladora,
Sem diálogo,
Sem força.
E esse tempo tão moderno, por vezes muitos comparam-no ao inferno...
Feito de almas vazias,
Feito de liberdade excessiva,
Feito de vícios,
Feito de caprichos...
Eu sou de um tempo antigo,
E é esse o orgulho que trago comigo,
Sem invejar tudo que se tem hoje,
Amontoados de valores perdidos.
E esse tempo que se foi, parece que não mais voltará...
Perdido em tantos que se vão,
Guardados em qualquer lugar...
E se sou antiquada, não me causa constrangimento,
Orgulho-me de ser de um tempo antigo, perdido...
Onde filho respeitava pai,
E pai respeitava filho.

Raquel Luiza da Silva

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tão complicado...




Não quero brincar de amor e guardar todas aquelas velhas cartas,
Espalhar fotos por toda casa,
Ouvir o som enfadonho daquela canção que já foi nossa,
Esperar que volte após bater a porta,
Não quero a saudade bandida,
Ou o triste adeus da partida,
Velar um sono tardio,
Ou rolar pela cama feito fera no cio,
Não quero esconder o rosto para chorar,
Se tiver que ir, vá!
Se me prender é perder o tempo,
Quero a liberdade que vem com o vento,
Não quero essa ilusão mesquinha,
Que assalta-me pela noite e vai-se á luz do dia,
Levando aquele bocadinho humano,
Que só me aparece em sonhos,
Não quero asas atadas,
Que espera o regresso na calada,
Vazia de mim, perdendo a alma,
Não quero ter grades á minha volta,
Quero abertas todas as portas,
E se é vazio que anseio,
Voarei pelo meu desejo,
Só não quero brincar de amor e guardar todas aquelas cartas...
Repletas de sentimentos, ou meras palavras.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Desejo.





Suave veneno que corre de teus lábios,
A embriagar-me,
Deixando-me indefesa, refém destes beijos,
E entrelaçada nesse corpo viril,
Sinto-me tal qual ave cativa,
Despindo-me da virginal face e entregando-me a lascívia,
E entre sussurros e juras,
Entre suspiros e gemidos,
O calor a rasgar-me as entranhas,
Dando-me uma personalidade de indomável animal,
Dando vida a outro ser,
Ser humano, ser real.
E ao sentir-te por completo,
Nesse desejo mútuo,
Fundindo-se a mim,
Não sei onde tu começas,
Nem onde é meu fim.
E nossos corpos a bailarem,
Sem necessitarem da razão dos dias comuns,
Perdemos a noção do tempo,
Perdemos o paraíso enfim,
Na eternidade de poucas horas,
Enquanto a vida corre do lado fora.
E ao chegar o final,
Não nos diremos palavra alguma,
Despedir-nos-emos como amigáveis criaturas,
Para não desconfiarem de minha vida, nem da tua,
Porque amanhã...
Ah...Amanhã...
Estaremos cá novamente, segredando a essas paredes,
Nossos desejos, essa insaciável sede.

Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Versos de vento.




Faço versos de vento em outonos cinzentos,
Embriagados de um fulgor harmônico,
Modelados pela mente que não dorme,
Regidos pelas mãos de uma alma incessante,
E as notas?
Ah...As notas...
São composições de um coração entre mundos de sentimentos inconstantes,
E os versos são de outonos,
São de vento,
São cinzentos.
Nascidos do toque,
Suave toque,
De tudo que me absorve,
Desse tempo,
Que me leva,
Que me traz,
Que foge,
Contido em palavras,
Gritantes,
Caladas,
De mim,
De tudo,
De nada...

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sou.




Eu diria a essa montanha lança-te ao mar,
Oxalá fosse minha fé do tamanho de um grão de mostarda.
Sempre perco-me por entre mundos de conhecimentos e ignorância nata,
Sou tão humana quanto minhas conflituosas palavras,
Por vezes crente nos sonhos que me aparecem em espasmos,
Por vezes cética diante do que posso tocar,
Vislumbrando o mágico mundo em sua mutação frenética á minha frente,
Sou luz,
Sou trevas,
Tudo num estado de espírito totalmente humano,
Natural,
Moldado pela divergente forma de ver,sentir, agir e pensar...
E é essa complexidade de coisas pequenas que moldam-me,
Tão cheia de perguntas sem respostas, de regras indefinidas...
Magia visionária de uma alma abrasiva, penetrante...
De um coração relaxado, por vezes amante, por vezes amargo...
E diante de meus olhos erguem-se as montanhas,
Pesadas...
Negras...
Oxalá tivesse eu a fé do tamanho de um grão de mostarda...

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

De mim.





Meias palavras de culpa,
Encravadas na morbidez de um papel velho e encardido,
Diziam de mim,
De algo perdido,
Era eu aquele objeto que riscava seu âmago,
Sôfrego,
Torpe,
Feito de aromas, feito de puro mofo,
E não me diziam as bocas escancaradas,
Que eu era vazio,
Cheio de nada,
Na pureza perdida ao nascer,
Eram de mim tais palavras que sangravam o velho e encardido papel,
Antes de morrerem por baixo do invisível véu,
Ditas de mim em silêncio,
Como se pudessem rasgar esse virginal ventre,
Na aspereza sentida,
Dessas palavras,
Dessa vida,
Eram de mim que falavam afinal,
Criando vida,
Antes de adormecerem no ultimo ponto final.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Canção muda.





Trago nas mãos apenas um punhado de dedos cansados de dedilharem teclas mudas,
Dando vida a palavras surdas,
Que esgotam suas vertentes sentimentais por ai...
Tão cheias do humano tocável,
Na vastidão desse mundo interior revestido de eus,
Ora criando,
Ora morrendo,
Ora construindo,
Ora destruindo o que foi criado,
Numa profecia inconstante e silenciosa,
Tão real,
Tão invisível quanto o ar que invade as narinas e me possui,
Trago nas mãos apenas um punhado de dedos cansados,
Dedilhando o imaginário de uma mente que não dorme,
Perdendo-se num emaranhado de vidas e desejos,
Como se o mundo parasse ao me ouvir dedilhar tais teclas...
...Mudas, dando vida a palavras surdas.


Raquel Luiza da Silva.

sábado, 1 de outubro de 2011

Sem resposta.

Porque lamentar-se por algo que nunca se teve?
Algo que nunca venceu as barreiras da imaginação...
Perdido por entre linhas de pensamentos,
Crescendo e crescendo...
Tão agoniante quanto o tempo a transcorrer por entre os ponteiros do velho e empoeirado relógio,
E era assim toda aquela história,
Vivida,
Sofrida,
Perdida...
Não há porque lamentar-se pela pele nunca tocada,
Pelo beijo nunca dado,
Ou pela lágrima jamais sentida,
Porque nada disso foi real,
Era apenas o desejo impregnado no coração,
Ou no pensamento talvez,
Numa distância de mundos,
De um oceano, talvez...
Nada que explique-se em palavras,
Ou aos normais,
Talvez numa dor doída,
Sem porque nem pra que...
Enquanto as lágrimas cegam os olhos que tentam conter-se,
E o peito tenta ocultar o que sente, a mente ,única sóbria nesse momento tenta entender...
Por que lamentar-se por algo que nunca se teve?

Raquel Luiza da Silva.

...

Da janela de minha mente posso ver o mundo, o mundo que me pertence e não posso tocá-lo.


Raquel Luiza da Silva.

...

A ciência recria o homem a cada dia, a história perpetua esse homem, entre a ciência e a história não teria algo para concertar as duas?


Raquel Luiza da Silva