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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Voltando...

Tou sem Pc, sem inspiração, difícil entender o que é pior, mas logo estarei de volta, com meu pc e com minha inspiração....
Aguardem!

domingo, 15 de novembro de 2009

O ajudante de Papai Noel. (Conto Infantil 22 pgs)




A noite estava fria e também ameaçava ser chuvosa, Carlinhos esperara como nunca que aquele momento chegasse, era Natal, correu para fora ansioso a espera do Bom Velhinho, porém achou melhor tentar avistá-lo da janela, pois o vento movimentava os galhos das árvores com muita força, o frio era intenso e chegava a congelar os ossos, pensativo com o rosto colado ao vidro, tinha o olhar distante observando as pessoas que corriam para suas casas se abrigando da tempestade que logo começaria.
_Bolo de chocolate! Quem quer?_A mãe gritou da cozinha tentando anima-lo já que o vira ansioso.
_Acho que estamos sem apetite por aqui hoje, Zuleica.
Vovô Noel abandonara seus finos óculos de lentes cristalinas e aros de metal dourado e repousara o jornal que lia sobre os joelhos, fazendo seu costumeiro gesto de alisar a longa barba branca que juntamente com seu grande bigode, quase lhe tapavam a boca, parecia um monte de algodão doce.
_O que houve com ele, papai?Sempre fica animado nas noites de Natal.
_Acho melhor eu ir lá perguntar, volte para a cozinha minha filha, e prepare muitas guloseimas para nossa ceia, pois será uma noite mágica!
Dona Zuleica sorriu voltando com seu delicioso bolo para a cozinha, não ficara chateada, sabia bem como eram as crianças e quando elas ficavam chateadas, era melhor deixar que alguém com mais jeito tentasse anima-las, o que o vovô Noel fazia muito bem.
_Acaso temos alguém triste por aqui?_Se aproximou do netinho postando-se ao lado dele e ficando também a olhar pela janela a movimentação externa.
_Acho que o Papai Noel não vem. _Não tinha coragem de fitar o vovô, pois seus olhos estavam cheios de lágrimas e não queria que ele o visse chorar.
_Quem lhe disse isso?Acaso um duende lhe trouxe o recado?
_Ninguém, eu sei, olhe lá fora, as pessoas estão se escondendo em suas casas, nem mesmo os gatos apareceram para procurar sobras, o céu está acinzentado e escuro... Acho que dessa vez não teremos presentes. _Baixou a cabeça deixando que uma lágrima deslizasse pelo seu rosto.
_Venha cá. _Conduziu o netinho pela mão até a enorme árvore montada no centro da sala. _É bela, não é?
_Sim, muito, eu ajudei a mamãe a enfeitá-la, demoramos quase o dia inteiro para isso.
_Que bom! Mas sabe me dizer como se chama essa árvore?
Carlinhos meneou a cabeça negativamente.
_Pinheiro, não parece, mas é uma árvore muito forte, saberia me dizer por quê?
_Não sei, eu nem sabia que ela tinha um nome.
Apesar de ser muito curioso e inteligente, Carlinho não havia pensado que aquela árvore tivesse um nome tão diferente, sempre a chamou de árvore de Natal.
_Porque possui o seu caule flexível, quando vem a chuva forte ou vento,geralmente todas as outras árvores de grande porte se quebram, porém, ela se inclina o máximo que pode e quando tudo passa volta ao normal.
_Mas o que tem isso a ver com o Papai Noel?Ele não é uma árvore!
_Eu sei. _Sorriu-lhe. _ Só lhe contei isso para que saiba que talvez a chuva forte que está caindo lá fora não consiga fazer com que ele desista de levar alegria ás crianças nesse Natal, imagine que o Papai Noel seja tão persistente e corajoso quanto o pinheiro.
_Mas ele pode se resfriar ou cair do trenó por causa do vento!Viu como estão as árvores lá fora?E como as pessoas se escondem?
_Mas pode também não se resfriar se alguém bondoso lhe oferecer uma boa xícara de chocolate quente, deixando-a perto da lareira, ou ainda, pode não cair se tiver um resistente cinto de segurança.
Carlinhos estava a se animar com as idéias do vovô Noel, quando a porta se abriu e o papai entrou correndo, estava todo encharcado.
_Parece que o céu está desabando lá fora!_Falou se livrando do casaco molhado.
Carlinhos olhou assustado para o vovô e em seguida sua feição se tornou triste novamente, lhe bateu com as palavras do papai a certeza de que seria impossível o Bom Velhinho aparecer ali naquela noite, por causa do temporal.
_Se o céu está desabando, acho que o Papai Noel não vem mesmo, como as renas voarão?
_Ele poderá vir de carro, creio que não haverá problema algum, o que lhe importa é que todas as crianças estejam felizes na noite de hoje, e as renas ficarão descansando num estábulo quentinho, aliás, elas merecem um dia de folga.
Carlinhos achava impressionante como o vovô Noel sempre tinha resposta para tudo.
_Acho que vou ir para a cama, está frio e não tenho fome.
_Quer que lhe conte uma história?Conheço várias.
_Faria isso, vovô?!
_Claro que sim!_Segurou-o pela mão e seguiram para o quarto.
Lá fora os galhos das árvores balançavam com mais força, enquanto a chuva batia na janela fazendo muito barulho, vovô Noel cobriu o netinho e em seguida se sentou na poltrona ao lado da cama, se ajeito bem, porque aquela seria mais uma de suas longas histórias.
_Mas vovô, onde está o seu livro?_Olhou para ele notando que não trouxera nada consigo.
_Bem aqui. _Sorriu indicando a cabeça com o dedo.
_Você tem um livro dentro da cabeça?E isso não doe?
O vovô sorriu acariciando a longa barba branca e em seguida ajeitou o sobretudo surrado, de lã verde sobre sua enorme barriga e colocou os óculos nos olhos.
_Vou lhe contar a história do pequeno Joel... Ele era um garotinho da sua idade, dez anos, e morava com sua família em um casebre bem pobre na floresta, a mãe era uma magra e enrugada lavadeira e o pai um lenhador gordo e desajeitado, a irmãzinha do Joel era a pequena Lilí que tinha apenas sete anos, eram muito felizes com o pouco que tinham, roupas simples, brinquedos feitos de madeira que o papai lhes fazia, ou de pano, que ficava por conta da mamãe...E assim vivendo longe da cidade não se preocupavam com o luxo que não possuíam,mas naquele Natal, resolveram ir até lá para verem as luzes coloridas que enfeitavam as ruas,como era tudo lindo!As pessoas diferentes, em seus carros importados, seus belos vestido e ternos e o que lhes encantou mais ainda, as crianças, muitas da idade deles andavam pelas ruas com seus brinquedos novos, coisas que eles jamais haviam visto, bolas coloridas, bonecas que pareciam verdadeiros bebês...Eles acabaram se sentindo inferiores, desejosos de possuírem tais objetos que lhes enchiam os olhos com sua beleza, foi da pequena Lilí a idéia de perguntar:
_Papai, posso ter uma boneca como aquela?_Apontou para a menina ruiva de laços no cabelo que atravessava a rua com uma boneca quase maior do que ela.
_O pobre lenhador olhou para a mulher que não teve coragem de encará-lo.
_Acho que não podemos no momento, querida._Lhe doía dizer aquilo, mas era necessário.
_Joel notou a decepção no rosto da irmãzinha e a tristeza nos olhos dos pais e resolveu dar um jeito.
_Porque não voltamos para casa e brincamos com meu pião de madeira e sua boneca de trapos?_Tentou animar a irmãzinha lhe oferecendo o mais belo sorriso.
_Não quero mais aquela boneca velha. _Parecia muito chateada.
_Naquele momento Joel viu uma lágrima rolar dos olhos da mamãe, pois sabia que ela havia feito aquela boneca de trapos, recolhendo com cuidado cada pedacinho e os juntando até formá-la, levara dias e dias para confecciona-la e enfim, quando a terminou, embrulhou-a no papel de presente mais bonito que suas economias lhe permitiram comprar.
_Mas ela é tão linda! Já notou como é colorida?E como tem o corpo todo mole que lhe permite dançar com ela?E aquele sorriso?!Nunca vi em nenhuma outra boneca nesta cidade algo parecido.
_Lilí ergueu a cabeça e notou que o irmão tinha razão, não existia nenhuma outra parecida, a sua boneca de trapos, de fato era a coisa mais linda que existia naquele lugar, segurou a mamãe pela mão e disse sorridente.
_Mamãe, quer dançar comigo e com minha boneca de trapos?
_Claro!_Respondeu não mais se sentindo triste.
_E todos seguiram para o pobre casebre, mas antes, Joel apanhou a lágrima da mamãe que havia caído sobre a grama, era tão cristalina e cheia de sentimentos que se transformara numa espécie de diamante, enfiou-o rapidamente no bolso, aquele seria seu tesouro.
Vovô Noel continuava, estava de olhos fechados como se estivesse de fato a ler algo em sua mente, Carlinhos o fitava com atenção, sempre se encantava, ficava a imaginar onde ele aprendera aquilo tudo, pois era capaz de contar uma história nova a cada dia se o quisesse.
_Lá no casebre não havia nenhum sinal de alegria, mas o papai deu um jeito, retirou a velha vitrola do baú e assoprou-lhe a poeira, a musica que encheu a casa era alegre, e de mãos dadas com a boneca de pano rodopiavam pela casa, apenas o pequeno Joel ficara de pé em frente a janela, seu olhar estava perdido no céu escuro salpicado de pequeninas luzes, onde uma enorme estrela cadente acabara de cruzar, caindo em alguma parte da terra, olhou para o seu pequeno diamante e notou que era tão belo quanto aquelas luzinhas que via ao longe.
_Papai, será que o Papai Noel vem dessa vez?
_Ele se aproximou do menino e lhe afagou os cabelos negros, sabia o quão importante era a esperança de encontrar um presente ao pé da árvore enfeitada, mas sequer tinham uma, lhe doía o coração imaginar que o filho ficaria horas e horas acordado, a espera do Bom Velhinho que nunca lhes visitara no Natal.
_Não sei, filho.
_A mamãe vendo aquela cena sabia que ficariam tristes se continuassem a falar daquela presença mágica, que na sua opinião, não apareceria por ali naquela noite, teve uma idéia, se lembrara que havia sobrado do almoço alguns bolinhos de bacalhau.
_Eu adoro bolinhos de bacalhau, vovô!
_Eu sei... Eu sei... _Sorriu, fazendo com que suas bochechas ficassem mais rosadas._Bom... Então, a mamãe se lembrou dos bolinhos e o pai também recordou que havia em seu embornal um pote de geléia de morangos, que havia recebido como pagamento por alguns feixes de lenha que entregara na cidade. O banquete estava pronto, bolinhos de bacalhau e de sobremesa geléia de morangos, foi a refeição mais maravilhosa que haviam tido em todos os Natais, enfim estavam exaustos quando a lua começara a ir alta no céu, cada um foi para seu quarto,porém no silêncio da noite, Joel se esgueirou pela porta e foi para a sala, o que iluminava o lugar era o seu pequeno tesouro, a lágrima da mamãe que havia se transformado em um belo diamante e cujo brilho atravessava a janela e se espalhava por toda a floresta, de repente ouviu algo, vinha da direção da pequena lareira que possuíam na sala.
_Tem alguém aí?_Se encheu de valentia e mesmo com as pernas trêmulas se aproximou. _Tem alguém ai?_Insistiu, porém não obteve resposta, ouviu apenas um barulhento espirro, se aproximou mais um pouco, e de dentro da lareira viu sair um simpático e gordinho velhinho, com suas roupas vermelhas um pouco sujas de fuligem, esperou que ele ajeitasse os finos óculos no rosto e limpasse a barba branca. _Você é um duende?_Arregalou os olhos assustado.
_Não!_Gargalhou gostosamente, levando á mão sobre a fofa barriga. _Duendes são pequeninos, talvez aquele seja um, aquele também e aquele ali... _Apontava para todos os lados de onde saiam pequeninas criaturas com suas roupas coloridas.
_Joel se aproximou para melhor vê-los, tinham as orelhas pontiagudas e grandes olhos, talvez seriam assustadores se não possuíssem um belo e encantador sorriso, olhava-os com grande espanto.Ainda não acreditava no que seus olhos viam quando alguns ruídos vindos do lado de fora lhe chamaram a atenção, correu para a janela e viu pastarem no gramado do jardim seis belas renas, enquanto um pouco mais adiante se encontrava um enorme trenó de madeira, cheio de presentes.
_Aquilo são...?!
_Renas, minha amigas e companheiras. _Completou o simpático velhinho.
_Então você é o...?!_Fitou-o com espanto ainda maior do que teve ao ver os pequenos duendes.
_Como sou distraído!Esqueci de me apresentar, sou o Papai Noel. _Sorriu-lhe estendendo as mãos. _Venha cá. _Conduziu Joel até o centro da sala e para sua surpresa estava montada uma enorme árvore de Natal, cheia de bolas coloridas e enfeites diversos.
_Como ela apareceu aqui?Nós não temos condições de ter algo tão lindo!_Olhou encantado para tudo aquilo, luzes de várias cores e enfeites também.
_Você acredita em mágica?
_Não, quando o meu papai faz desaparecer as castanhas que traz da floresta, sei que ele as esconde na manga do casaco, mas finjo que estou surpreso para não desaponta-lo.
_Que bom, porque isso não foi mágica, enquanto falávamos os duendes montaram tudo, são bem espertos, não acha?
_Ah sim! São muito espertos!
_Quero te levar á um passeio, gostaria?
_Por alguns instantes, Joel se perguntou se seria certo deixar a casa sem a permissão dos pais, ainda mais àquela hora, e se a mamãe acordasse no meio da noite para verificar se ele e a irmãzinha estavam cobertos e não o encontrasse?Como ficaria desesperada!Não, ele não podia ir, apesar da vontade que tinha de dizer sim, olhou para o Bom Velhinho e lhe disse com voz firme.
_Não posso, senhor, meus pais estão a dormir, se acordarem e não me encontrarem em casa, ficarão desesperados, não quero preocupá-los.
_Não se preocupe, cuidei de tudo, fiz com que eles durmam e assim ficarão até o nosso regresso.
_Tem certeza, senhor?_Perguntou seriamente.
_Não mentiria, ou acha que eu mentiria?
_Joel meneou a cabeça discordando.
_Está bem, vou com o senhor, já que eles estão dormindo não poderão se preocupar.
_O velhinho bateu palmas e os duendes sumiram rapidamente.
_Hum... Parece que vai chover. _Notou que o vento balançava as folhas das árvores.
_Mas a noite estava tão linda há pouco!
_Mas parece que mudou, veja como o vento está soprando e como está frio!
_Verdade, acho que suas roupas são muito finas, espere um pouco.
_Aonde vai?
_Joel não respondeu e correu para o quarto onde dormiam os pais, voltou em seguida segurando um velho sobretudo verde, de lã .
_Olha, está um pouco velho e puído, mas acho que vai aquecê-lo, meu papai não se importará se usá-lo.
_O velhinho sorriu-lhe e se cobriu com o, sobretudo notando que de fato era bem quentinho.
_Agora acho que podemos ir.
_Mas as renas ainda estão pastando no jardim!
_Sim, iremos de carro.
_Carro?
_Sim, de carro, assim não corremos o risco de nos molharmos e aos presentes também.
_Ah...!
Carlinhos estava ansioso para saber como seria a noite do pequeno Joel, por isso se sentou na cama para melhor ouvir o vovô Noel, que imitava com perfeição as vozes dos personagens, parecia se tornar cada um deles a cada citação.
_A lista de endereços era enorme, na verdade parecia não ter fim, embrulhos de vários tamanhos e cores diversas, para o pequeno Joel, aquilo parecia mais uma aventura, á cada parada ou decida pela chaminé, seu coraçãozinho se enchia de satisfação, aliás, ele nunca imaginara ver o Bom Velinho e quanto menos ser seu ajudante.
_Está cansado, pequenino?
_Não senhor! Sou forte como um touro!_Repetia sempre que o velhinho lhe indagava.
_Joel passava a entender porque a noite de Natal parecia longa, para que o Bom Velhinho fizesse seu trabalho sem preocupações.
_O que está achando, meu pequenino?
_É maravilhoso!_Sorria batendo palmas.
Carlinhos estava inquieto e acabava interrompendo quando tinha uma pergunta.
_Vovô, mas porque o Papai Noel nunca havia deixado um presente para o Joel e sua irmãzinha?
_Calma, meu netinho, calma... Ainda chegaremos lá.
Carlinhos se enrolou no edredom para manter-se aquecido, pois o frio parecia aumentar á medida que a noite avançava.
_O Papai Noel, resolveu parar um pouco, parecia cansado e resfriado, em nenhuma das casas ricas em que entrou havia alguém acordado para oferecer-lhes algo para se aquecerem, se encontravam agora nos lugares mais pobres da cidade, onde as casas eram acinzentadas e não haviam jardins, várias delas tinham suas luzes acesas, Joel se afastou do velhinho ficando bem próximo de uma janela, pelo viro embaçado viu uma família inteira ao redor de uma pequenina árvore montada no centro da sala, apesar da pobreza visível, pareciam felizes e até cantavam uma música de Natal, as crianças, mesmo sonolentas dançavam.
_O que viu aí que lhe assustou?_Se aproximou tocando-lhe o ombro. _Ah...!Com certeza está se perguntando por que essa gente tão pobre ainda está de pé e sorridentes comemoram o Natal.
_Joel com um gesto de cabeça confirmou as palavras do Papai Noel que parecia ter lido sua mente.
_Veja, bem ali perto da lareira tem algo, pode me dizer o que?
_O menino fixou bem os olhos no lado direito da lareira que ainda possuía resquícios de fogo, notou que sobre uma mesinha estava montado algo que ele identificara como bonequinhos, porque nunca havia visto nada igual.
_Sim, posso ver, parece uma gruta, montada com pedras e capim.
_E o que tem nessa gruta?
_Cavalos, bois, um pastorzinho, três homens bem vestidos que parecem reis, um homem, uma mulher e um pequeno bebê de braços abertos.
_Isso é um presépio. _Disse o Papai Noel sorridente com os olhos brilhando, talvez tivesse ficado emocionado.
_E o que é um presépio?
_É a representação do nascimento do Menino Jesus.
_Agora me lembro!Minha mamãe contou para a Lilí e eu a história do menino Jesus, ele era pobrezinhos igual... _Baixou a cabeça com tristeza ao se lembrar do que ia dizer.
_Sim, ele era pobrezinho igual á vocês, mas se tornou o maior homem do mundo, um príncipe!
_E porque ele era pobre?
_Porque foi ali que o acolheram e aqueceram, o Papai do Céu queria que todos entendessem que a humildade é um grande tesouro.
_Você o visitou, Papai Noel?
_Oh, não!_Gargalhou.
_Então porque sabe tanto sobre Ele?
_Porque foi Ele quem me deu a tarefa de alegrar as crianças, acaso você sabe que hoje é o aniversario Dele?
_Do menino Jesus?
_Sim, é, no Natal se comemora o seu nascimento, por isso as famílias montam seus presépios, para nunca se esquecerem daquela bela noite.
_E onde será a festa?
_Em cada um desses lares que você viu e está vendo hoje, o menino Jesus se alegra com todos aqueles que lhe abrem as portas, mas as portas do coração.
Carlinhos achou estranha aquela frase, ”portas do coração”, em sua cabeça ele tentava imaginar como seria um coração com portas, vai ver se parecia uma casinha, igual às de passarinhos que o papai havia construído no quintal, sobre as árvores.
_O Papai Noel é igual ao senhor, vovô, acabou de dizer que coração tem porta, vê se pode!
Vovô Noel apenas sorriu e continuou, gostava quando o netinho dizia algo ou perguntava, assim demonstrava estar prestando bastante atenção na história.
_E os dois continuaram seu trabalho, juntamente com os duendes, levando á todos os lares a alegria do Natal, até que Joel, ao final da satisfatória tarefa, parou cabisbaixo, o que chamou a atenção do Bom Velhinho.
_Acaso estou notando uma pontinha de tristeza bem aqui?_Tocou-lhe o rosto com sua mão coberta pela branca luva.
_É que hoje a minha irmãzinha ficou muito chateada por não ter uma boneca bonita, como as que as meninas da cidade possuem, nossos pais não têm dinheiro para nos comprar algo novo, por isso o papai me fez um pião de madeira e a mamãe lhe fez uma boneca de trapos, usando nossas roupas estragadas.
_Imagino que isso deixou seus pais muito tristes, mas me diga, o que você fez?
_Disse a ela que a boneca que tinha em casa, feita de trapos, era mais bonita do que as que existiam pela cidade.
_E o que aconteceu?
_Ela ficou muito feliz e junto com papai e mamãe dançou até se cansar e adormeceu abraçada com a boneca.
_Então a velha boneca de pano tem o mesmo valor que aquelas bonecas da cidade?
_Acho que sim, pois a Lilí não mais tocou no assunto.
_O Papai Noel meneou a cabeça para espanto de Joel, será que ele iria dizer que as bonecas da cidade eram mais bonitas?
_Está enganado, meu pequeno, o carinho e afeto que foram dedicados na fabricação da boneca de trapos, a transformaram num tesouro de grande valor, cada pedacinho foi escolhido e costurado com carinho pela mamãe, ela ficou horas e horas sentindo dores na coluna e as vistas cansadas, mas mesmo assim só parou quando julgou que a boneca estivesse pronta, as da cidade são deveras bonitas, mas são feitas em fábricas e não são depositados nelas os sentimentos de uma mamãe.
_Eu vi a mamãe chorar e apanhei isso. _Estendeu a mãozinha mostrando o pequenino diamante que brilhava.
_Então foi isso que me guiou até sua morada!Foi essa luz que vimos lá do alto, notei que vinha da floresta, achei estranho que algo tão luminoso saísse de dentro de um casebre que até parecia abandonado.
_Joel viu o rosto do Papai Noel se iluminar de alegria.
_Isso é uma jóia, sabia?
_Eu achei bonito e o guardei, quanto acha que vale?
_Não! O valor dessa pedra é para a vida inteira, mas não vale para o mundo inteiro, é só para você e para sua irmãzinha, quando entender o quanto é preciosa a lágrima de uma mãe.
_Por quê?
_Porque as mães são anjos.
_É verdade, quando a minha irmãzinha e eu estamos doentes, a nossa mamãe nos prepara mingau, é um pouco aguado, mas é delicioso e logo ficamos bons novamente.
_Viu?Existem coisas que somente os anjos podem fazer e ninguém mais.
_Papai Noel, porque nunca nos visitou?A Lilí e eu esperamos a sua visita em todos os Natais. _Tinha agora um tom triste na voz.
_Porque hoje fui guiado pelo brilho do seu tesouro.
_Como a estrela que levou aqueles reis ao menino Jesus?
_Sim, como aquela estrela.
_Está com sono, Carlinhos?
Vovô Noel abriu os olhos, para ter certeza que não falava para as paredes.
_Não vovô!_Parecia curioso para saber o final daquela história.
_Então está bem, vou continuar... Já era bem tarde quando enfim o carro estacionou na porta do casebre, apenas se via as luzes da enorme árvore de Natal que os duendes haviam montado na sala, Joel notou que o Papai Noel tremia de frio, entraram juntos, foi até a cozinha, apanhou um pouco de leite que ainda havia na garrafa, colocou-o numa caneca e deixou que se aquecesse junto às brasas do fogão á lenha, voltou para sala levando o líquido quente.
_Tome tudinho, assim não irá se resfriar.
_Obrigado. _Sorriu-lhe com um brilho de alegria nos olhos enquanto bebia vagarosamente o leite quente, quando terminou se levantou e chamou os duendes. _Está na hora de voltarmos para casa.
_Por quê?Não querem ficar e dormir?Já está chovendo.
_Obrigado, amiguinho, mas se ficarmos aqui essa magia não será mais a mesma e as crianças não irão esperar com tanta felicidade que eu volte, mas se eu for embora antes do dia amanhecer, novamente me aguardarão no próximo Natal.
_Papai Noel, quero presente.
_O bom velhinho já esperava que aquilo fosse acontecer, por isso não se mostrou espantado, já que o pequenino havia trabalhado tanto, era justo que recebesse uma recompensa pelo seu esforço e dedicação.
_Diga o que quer, lhe darei o que me pedir, por ser um bom menino e ter um grande coração não me importarei de lhe dar o presente mais caro do mundo.
_Joel pediu que ele se abaixasse um pouco e lhe sussurrou ao ouvido, em seguida o Bom Velhinho sorriu e abriu os braços aconchegando o pequenino.
_Esse é o melhor presente que dei a alguém em toda a minha vida, um abraço!
Os primeiros clarões do dia começavam a surgir, logo todos sumiram da sala, Joel se sentia muito cansado, por isso se encolheu ali mesmo, no velho sofá de couro, e quando todos acordaram, ele ainda dormia.
_Acorde, meu filho, você tem que buscar água na fonte, o dia já amanheceu faz tempo!
_Foi a voz da mamãe que o fez despertar, se lembrou daquela noite maravilhosa que passara com o Papai Noel e os duendes, olhou para o centro da sala á procura da enorme árvore enfeitada, mas não havia nada ali, além dos velhos móveis de sempre, entristeceu-se ao imaginar que tudo aquilo havia sido apenas um sonho.
_Ele deve ter ficado triste, não é, vovô?
_De inicio sim, mas quando o papai chegou da floresta, ao invés de um feixe de lenha vinha radiante trazendo consigo um grande pote cheinho de ouro, a irmãzinha encontrara na a cômoda que outrora era cheia de roupas velhas e sapatos furados, lindos vestidos e belos sapatos novinhos em folha e a mamãe encontrara no armário da cozinha tantos alimentos que não sabia nem o que iria preparar para o almoço.
_E o Joel?O que ele ganhou?
_O melhor Natal do mundo!Ele teve o prazer de conhecer o Papai Noel, coisa que poucas crianças tiveram, e mais, se tornou seu ajudante oficial, indo com ele em todas as noites de Natal, sem contar que sempre ganhava um abraço cheio de carinho.
_Mas ele ainda tinha a lagrima da mamãe que virou diamante, não é?
_Se lembra que ele pediu ao Papai Noel, de presente um abraço?
_Sim, me lembro.
_Naquela hora, ele a colocou no bolso do Papai Noel, para que a luz que brotava dela o guiasse sempre até os corações, que eram tristes por não possuírem condições de terem um Natal com presentes e guloseimas.
_Mas o Papai Noel não havia dito que o diamante só tinha valor para o Joel e sua irmãzinha?
_Verdade, mas ele esquecera de dizer que a luz que nascia dele tinha o poder de tocar todos os corações que se abrissem para recebê-la.
_Ele aprendeu a partilhar, não é, vovô?
_Aprendeu mais que isso, acabou descobrindo o quão bom é ajudar as pessoas, ver o sorriso contagiante no rosto delas quando recebem o que não esperavam.
_Vovô, se o Papai Noel vier, amanhã podemos doar alguns dos meus presentes para as criancinhas pobres?
_Claro!Irei com você ao orfanato da cidade, lá as crianças além de terem poucos brinquedos ainda não têm junto de si os pais.
_Que triste!
_Sim, muito, mas nossos pequenos gestos de carinho ajudam a amenizar a dor delas, imagina quando chegarmos lá com todos aqueles brinquedo semi-novos!_Tinha um brilho radiante no olhar, talvez o mesmo que o Papai Noel da história possuía quando agradava seus pequeninos.
_Eu sei, devia ter feito isso há muito tempo, tenho vários brinquedos quase novinhos que ficam guardados.
_Agora vamos jantar?Sinto o cheiro da delicias que sua mãe preparou, sou capaz de apostar que para a sobremesa teremos torta de maçã.
Carlinhos riu da esperteza do vovô, pois todos sabiam que era tradição a mamãe preparar torta de maçã de sobremesa, ela dizia que a fazia lembrar da infância.
Voltaram para a sala de mãos dadas, Carlinhos olhou para a enorme árvore montada no centro, se lembrou que o menino Joel também havia tido uma por alguns minutos, na história do vovô, se sentou á mesa e comeu junto com as pessoas que amava, não sabia por que, mas de repente aquele parecia o melhor Natal de sua vida.
_Acho que o Papai Noel não vem mesmo, vovô, já está ficando tarde.
_Talvez esteja atrasado, isso acontece às vezes.
_Estou com sono, não vou conseguir esperar, gostaria de vê-lo e contar que faremos uma boa ação amanhã.
_Está bem, caso eu o veja, direi que você o esperou quase que a noite toda e quanto a nossa boa ação, creio que ele já sabe.
_Por quê?
_Isso é um segredinho entre eu e o Papai Noel. _Piscou para ele num ato de cumplicidade.
_Obrigado vovô. _Desejou boa noite para os pais e o vovô e os beijou carinhosamente, entrou para o quarto e fechou a porta, a chuva agora caia fininha, ficou a olhar as figuras que as gotas faziam ao escorrer pela janela, se lembrou que não havia feito sua oração, pôs-se de joelhos sobre a cama, uniu as mãos e começou... _Menino Jesus, meu amiguinho, fique comigo e não me deixe sozinho. Anjinho da guarda, guardai-me, e não se esqueça de também guardar o Papai Noel para que ele se lembre das crianças pobrezinhas.
Vovô Noel olhava orgulhoso da porta semi-aberta, apenas sorriu e saiu sem que ele o notasse.
A lua já ia alta no céu em breve o dia nasceria, porém Carlinhos ainda mantinha-se acordado, na esperança de que o Papai Noel aparecesse, não queria mais os brinquedos caros que encontrava embaixo da árvore todos os anos, sua vontade naquele momento, era de fazer como o pequeno Joel, pedir-lhe um abraço bem forte e quente. Enquanto pensava, pareceu-lhe ouvir algo, talvez fossem gatos a andar no telhado, descobriu que não era, pois o telhado estava escorregadio e os gatos não se aventurariam lá em cima, correu até a janela, imaginara que fosse o vento a brincar com o portão de metal.
_É você!_Constatou a presença da figura que lentamente abria o portão. _Você existe!
O Bom velhinho lhe sorriu, usava o velho casaco verde, de lã sobre as roupas vermelhas, parou alguns instantes e lhe acenou, do seu bolso, algo brilhava intensamente chamando a atenção de Carlinhos.
_A lágrima!
O velhinho fez um sinal de positivo com a cabeça, atravessou a rua e entrou em seu carro, talvez fosse um modelo antigo, pois o menino não o conhecia.
_Papai Noel...!_Gritou.
Ele não pôde ouvi-lo, sumiu na primeira esquina, Carlinhos imaginara que a rapidez seria porque as poucas estrelas no céu anunciavam que o dia estava para amanhecer.
_...Eu só queria um abraço. _Se sentou na cama desconsolado imaginando que de nada adiantara ver o Bom Velhinho se não pudera tocar-lhe e pedir o seu abraço.
Todos na casa já dormiam, apenas a luzes dos postes na rua iluminavam o quarto, vovô Noel entrou ajeitando o seu sobretudo surrado.
_Acordado há essas horas?Está parecendo coruja sem poleiro. _Brincou.
_Perdi o sono.
O vovô se pós a olhar para todos os lados, abaixou-se erguendo os lençóis, como se procurasse algo.
_O que está procurando, vovô?
_O seu sono, ora!Você não disse que o havia perdido?
Carlinhos gargalhou, o vovô Noel era uma festa!Mas logo voltou a tristeza anterior.
_Me parece chateado, não vai me dizer que ainda está preocupado em não ganhar seus presentes.
_Eu vi o Papai Noel, ele estava perto do portão, mas não esperou que eu fosse lá fora.
_Então vamos até a sala ver os presentes que ele lhe deixou!Talvez encontre aquele aviãozinho com controle remoto que você tanto queria.
_Não quero mais. _Se sentou na cama com os braços cruzados sobre o peito.
_Não quer?Mas não sonhou com esse presente o ano inteirinho?
_Já tenho muitos brinquedos, nessa noite eu só queria uma coisa, um abraço do Papai Noel.
Vovô Noel sorriu estendendo-lhe os braços, sua história havia causado no netinho os efeitos desejados.
_Colo de avô serve?
Carlinhos se aconchegou no colo do vovô, era quente e aconchegante como imaginava que fosse do Papai Noel, aliás, começava a notar algumas semelhanças entre os dois, mas pensou ser besteira sua, já que imaginava que após o jantar o vovô também tivesse ido para a cama e não poderia ser o Bom Velhinho.
_Acho que você aprendeu muitas coisas nesse Natal, não é?
_Sim vovô.
_Amanhã, quer ser ajudante do Papai Noel?
Ele fitou o vovô com um pouco de espanto.
_Melhor, quer ser ajudante do vovô Noel?_Corrigiu.
_Assim como o pequeno Joel?
_Igualzinho á ele.
_Claro!E como vamos chegar ao orfanato?
_Eu não tenho noção de onde poderemos encontrar renas.
_Tenho uma idéia!
_Vai pedir ao Papai Noel de verdade as renas dele emprestadas?
_Não!_Riu. _Podemos ir no carro do papai, eu o ouvi falar com a mamãe que não irá trabalhar amanhã.
_É uma boa idéia, se chover não nos molharemos e nem os brinquedos, vejo que prestou bastante atenção na história.
_Sim e quero ser como o Joel, ajudante do Papai Noel, ou melhor, do vovô Noel.
Riram juntos.
_Acho que já está na hora de vocês dois irem para cama.
Dona Zuleica, aparecera, notando que o pai havia feito um grande milagre naquela noite, não ter deixado o Carlinhos desacreditar na existência do Bom Velhinho.
_Só mais alguns minutos, querida, já vamos nos deitar, só estou combinando com meu netinho e ajudante como será a nossa boa ação de amanhã.
Ela concordou, mas antes pediu que não demorassem muito, senão poderiam não conseguir acordar cedo para irem ao orfanato, como lhe haviam contado.
_Vovô, quero lhe dar um presente. _Pulou da cama e foi até a cômoda, abriu a ultima gaveta e retirou lá de dentro uma caixinha de fósforo.
_O que é isso?
_Abre.
Vovô Noel se sentiu emocionado, ao ver um quadradinho branco dentro da caixinha.
_Esse é meu tesouro, não tenho uma lágrima da mamãe como o pequeno Joel, mas dou ao senhor o meu primeiro dentinho que caiu e que eu guardei.
_Mas de fato é um grande tesouro!Vou guardá-lo com muito carinho, assim como tenho certeza que o Papai Noel guardou a lágrima da mamãe do Joel que se transformara no pequeno diamante.
_Pena que o dentinho não brilha, não é vovô?
_Claro que brilha!Você não vê?
Ele meneou a cabeça.
_Um dia vai aprender a ver as coisas com os olhos do coração e notará toda a sua beleza.
_Coração tem olhos ou portas?Estou ficando confuso!
_São só maneiras de falar, mas um dia você irá aprender sobre isso, assim como todas as criancinhas, mas temos que ir dormir, senão sua mãe vai ficar brava.
_Vovô, me canta uma música?
_Está bem. _Pegou-o no colo novamente e começou a murmurar a canção noite feliz que era símbolo do Natal e que retratava o real sentido daquela noite que de fato era maravilhosa, pois as famílias se reuniam para festejar o nascimento do Menino Deus.
Lentamente Carlinhos foi fechando os olhos até adormecer, por isso não pôde ver a pequena lágrima em forma de cristal que despontava do bolso do casaco verde, de lã do vovô Noel, era tão intenso seu brilho que iluminava todo o quarto e ultrapassava a janela, deixando que seu facho de luz invadisse os lares, cujos moradores já dormiam, a procura de corações que estivessem com suas portinhas abertas para que pudessem sentir o quão bom é partilhar. Antes que a noite findasse totalmente, em várias casas podia se ouvir um ruído na chaminé, talvez fosse um gato no telhado, talvez não... O importante era que todas as crianças ricas ou pobres, negras ou brancas em qualquer parte do mundo esperariam ansiosas o nascer do dia, para abrirem seus presentes, ainda que simples como a bonequinha de trapos da irmãzinha do Joel, mas o mais importante era que todas elas, manteriam viva a magia daquela noite, a magia do Natal.
Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ele e Ela


FOI AMOR A PRIMEIRA VISTA...
ELE MAIS VELHO, ELA METADE DA IDADE,
ELE SE ENTREGOU AO AMOR, ELA TEVE MEDO,
ELE SE DECLAROU, ELA FUGIU,
ELE SOFREU, ELA RETRAIU,
ELE ABRIU SEU CORAÇÃO, ELA SUMIU
ELE CONTINUOU NA CAPITAL, ELA SE MUDOU PARA O INTERIOR,
ELE SE CASOU, ELA TAMBÉM,
ELE NUNCA A ESQUECEU, ELA NÃO O TIRAVA DO PENSAMENTO,
ELE TEVE QUATRO FILHOS, ELA DOIS,
ELE BATIZOU A FILHA COM O NOME DELA, ELA BATIZOU O FILHO COM O NOME DELE,
ELE TEVE NETOS, ELA TAMBÉM,
ELE ENVELHECEU, ELA TAMBÉM,
ELE CONTINUAVA PENSANDO NELA, ELA CONTINUAVA PENSANDO NELE,
ELE FICOU DOENTE, ELA TAMBÉM,
ELE FALECEU NUMA MANHÃ DE PRIMAVERA COM OS PRIMEIROS CLARÕES DO DIA, ELA FECHOU OS OLHOS NO MESMO INSTANTE,
ELE DESCANSOU, ELA TAMBÉM,
SE SEGUIRÃO JUNTOS NINGUÉM SABE, ELE SONHAVA COM ELA, ELA SONHAVA COM ELE, O DESTINO OS SEPAROU, MAS A MORTE OS UNIU?
NINGUÉM SABE, OS CAMINHOS FORAM DIFERENTES EM VIDA TAMBÉM O PODERÃO SER NA MORTE , CADA UM TEM SUA SINA, CADA UM TEM SUA SORTE.
ELE NÃO FORA DELA, ELA NÃO FORA DELE, SE AMARAM, SE DESSEJARAM, MAS PARTIRAM, CADA UM BEM LONGE FEZ SEU NINHO, CADA UM SEGUIU SEU CAMINHO, ALEGRE OU TRISTE, ESSE FOI O DESTINO.

RAQUEL LUIZA DA SILVA.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A princesa solitária.


Vaidade cercada de sonhos,
A princesa esperava seu príncipe , da torre,
Imaginava-o em um cavalo branco,
Vestido ricamente,com pedrarias e tecidos finos,
Sois e luas se passaram e lá estava a princesa,
Olhava o vale com certa tristeza.
Todas as amigas já haviam se casado,
Umas com homens nem tão bonitos,
Nem tão ricos,
Nem tão...Príncipes.
Mas lá estava ela, tinha certeza que o seu amor apareceria,
Pois sua beleza era algo que merecia,
Bateram em sua porta padeiros, encanadores, sapateiros...
Alguns até bonitinhos, mas nenhum ela julgava ser seu príncipe,
E o tempo se passava, suas amigas tinham filhos,
Os filhos dos filhos tinham filhos,
E vinham lhe contar como era bela a vida,
Cheia de belezas e desafios.
E ela continuava a esperar, sempre a olhar da torre o vale,
Com esperança de o seu príncipe chegar.
Aconteceu que um belo dia,ela não mais resolveu esperar,
Embelezou-se e desceu até a cidade,
Ninguém a olhava de verdade,
Parou em um café e pediu um chocolate quente,
Ninguém a observava, era a princesa mais bonita de todas aquelas terras,
Pela lógica deveriam se encantar com ela,
A garçonete lhe aproximou sorrindo:
_Senhora, o que deseja nesse domingo?
Ela assustou-se pelo tratamento, senhora era coisa para gente idosa,
Pediu um chocolate quente, tinha as mãos trêmulas, não sabia porque.
Curvou-se um pouco sobre a xícara para se ver, levou a mão á boca horrorizada.
Dava para ver a pele frisada, enrugada, sem beleza, nem nada...
Pagou a conta e saiu sem olhar a monta,
Voltou para o castelo e se fechou,
De tanto esperar o tempo passou.
E seu príncipe talvez tinha batido em sua porta várias vezes,
Mas ela não o viu,
Queria um homem jamais sonhado,
Não um que estivesse ao seu lado,
Mas acabou descobrindo que não existem príncipes encantados,
Que o encanto se faz quando estão apaixonados,
E fechou-se para sempre em seus defeitos,
Acabando assim a solidão como sua companheira de desfecho.


Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nem tudo que se pensa...


Sandra andava apressadamente o homem de roupas pretas continuava a seguí-la, o suor lhe corria pela testa, quebrara o salto quando torcera o pé, por isso o tornozelo lhe doía, as mãos estavam geladas, a rua estava deserta, o homem já se aproximava, ela parou fadigada prevendo o triste fim, podia sentí-lo se aproximando.
-Tem fogo?
-Fogo?-Abriu os olhos.
-É, eu só queria acender o meu cigarro!
-Seu...seu...me fez correr tanto, torcer o pé, quebrar o salto... só para pedir fogo?
-?
-Esse mundo tá mesmo perdido!

RAQUEL LUIZA DA SILVA.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

MEU AMOR BOÊMIO


ME CONSOME A ANGUSTIA POR QUERER-TE,
DEVES ESTAR AGORA EM UM BAR DAQUELES QUE CHEIRAM Á FRITURA E BEBIDA BARATA, SE DIVERTINDO COM MERETRIZES DO MAIS BAIXO CALÃO E SORRINDO, E CANTANDO E VIVENDO...
ENQUANTO EU, EU ESTOU AQUI A DEFINHAR DE ANGÚSTIA .

VAIS CHEGAR, JUNTO COM A MADRUGADA A ESPULSAR DO CÉU A LUA,
ASSIM TAMBÉM FARAS COM MEUS SONHOS, ENTRARÁS POR AQUELA PORTA CANTAROLANDO ALGUM SAMBA BOÊMIO QUE APRENDESTES COM SUAS COMPANHIAS, ENQUANTO EU VIRAREI PARA O LADO DESEJANDO EVITAR-TE.

FINGIREI DORMIR, NÃO SUPORTAREI SENTIR O CHEIRO DELAS, A TANTAS AMASTES ESSA NOITE, MENOS A MIM.
NÃO ME IMPORTAREI SE TOCARES OS MEUS CABELOS SOLTOS, ÚNICA CARÍCIA QUE ME RESTOU, JÁ QUE TE VERTESTES EM PRAZER PARA ELAS, MALDITAS ELAS!

SINTO A RESPIRAÇÃO DESCOMPASSAR A CADA VOZ QUE OUÇO NA RUA E JULGO SER A TUA,
IMAGINO O ESTADO QUE TE ENCONTRAS, TODO DESFEITO DE SUA CLASSE E PUDOR,
CAMBALEANTE E ALEGRE SEM MOTIVO, SORRINDO E DESEJANDO BOA NOITE À TODOS QUE NÃO ESTÃO DORMINDO.

PORQUE NÃO CONTINUAS COM SUAS AMÁZIAS?
NÃO É NECESSÁRIO QUE VOLTES PARA CASA,
FIQUE NO TEU MUNDO DE LIBERTINAGEM E ESQUEÇA QUE TENS CASA E UMA MULHER, SUA VERDADEIRA MULHER, QUE ACORDADA ESPERA POR TI, QUE SEMPRE CHEGA DE BRAÇOS DADOS COM TUA “LIBERDADE”.

JÁ ME DECIDI, NÃO QUERO MAIS ESSA VIDA,
VOLTAREI PARA O LAR DO QUAL ME TIRASTES COM FALSAS PROMESSAS DE AMOR ETERNO,
LÁ SOFREREI SUA FALTA, NÃO A DOR DA TRAIÇÃO,
SEREI LIVRE PARA RECOMEÇAR AO LADO DE UM NOVO CORAÇÃO...

MAS SEMPRE QUE PENSO ASSIM E TU ENTRAS POR AQUELA PORTA SINTO-ME FRACA PARA DEIXAR-TE
E ASSIM, MAIS UM DIA COMEÇARÁ, E EU O AMAREI COMO NUNCA
E QUANDO A NOITE NOVAMENTE CHEGAR, SERÁS DELAS, BEBENDO E SORRINDO EM UMA MESA DE BAR.


RAQUEL LUIZA DA SILVA.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Canção da Sereia.




Aquela noite na praia do Taboá seria trabalhosa e de agonia para seus moradores, a tempestade que desabara de repente causara prejuízos nas casas e afundara embarcações no mar, Maria de Jesus outrora enfrentava a ventania e se postara a beira-mar, agora não estava sozinha, outras a vieram acompanhar, algumas traziam no colo ou pela mão os filhos pequeninos que nada entendiam e alheios ás suas dores brincavam na areia. Maria de Jesus que ali chegara primeiro tinha expressado no rosto a dor da certeza de que a sua casa estaria vazia naquela e nas outras noites que viriam, apesar de o coração querer provar o contrário, deixara as crianças menores em casa, apenas Ramiro, o filho mais velho lhe seguira de longe, tivera medo que ela fizesse alguma loucura ao se deparar com o marido morto, como deviam estar todos da embarcação Estrela do Oriente que saíra àquela tarde.
Alguém se aproximou cobrindo-a com um velho xale, abraçando-a em seguida, como se pudesse com o gesto afastar o frio interior que a cobria o peito.
_Ele vai voltar, mãe.
Ela apenas voltou-lhe o rosto com os olhos marejados, tentou sorrir para retribuir o conforto, mas o que saiu foi algo dolorido, que nem de longe se assemelhava á um sorriso dando um tom mais triste ainda àquela face que não seria iluminada por um sorriso verdadeiro, talvez passaria a ser coberta por um negro véu de renda como faziam as viúvas daquelas paragens aos domingos nos cultos religiosos e que agora estavam ali, como abutres, em suas vestes negras amparando as suas novas companheiras de infortúnio que choravam e batiam no peito cientes do mal que se instalara em suas vidas.
_Vamos para casa mãe...
_Não, vou ficar.
_O mar está bravio e as ondas altas, ninguém entrará para resgata eles.
Aquela frase doeu-lhe o peito, ninguém mesmo se aventuraria a enfrentar aquelas ondas violentas que quebravam na praia com estrondo apavorante, o filho estava coberto de razão.
_Mãe... Mãe... O Pedrinho ta lá em casa querendo peito, ele ta com fome...
_O seu pai está no mar, no meio das ondas. _A lágrima corria fazendo caminhos tortuosos no rosto envelhecido pelo sol, pelo vento, pelo frio... E agora pela dor.
_O pai vai não vai voltar, mãe.
_Não vai, eu sei, você não ouve?
_Ouvir o que, mãe?
_O canto... _Os olhos vagavam nas ondas que se tornavam mais violentas.
_Que canto?_O rapaz fixou as vistas na direção em que ela indicara, tinha a testa franzida e os olhos cheios de lágrimas de comoção.
_ “Vem pescador... Vem pescador... Repousas nos meus braços, braços de amor, meu beijo é doce, doce é meu amor, na terra andavas, aqui flutuarás, nos braços das ondas, nos braços do mar. Vem pescador... Vem pescador...”._Cantava como se não houvesse mais ninguém ali na praia a ouvi-la.
_Que música é essa, mãe?Eu não a ouço.
_Iemanjá...
_Eu ouço apenas o som do mar. _Sacudia-a nervosamente tentando retira-la daquele estado de transe.
_Vem pescador... Vem pescador... _Continuava.
_O barco, o barco!_João Capão, um dos pescadores que se aventurara na busca saiu correndo no meio das ondas.
O rapaz Olhou para a mãe a procura de uma reação ainda que parecida com alegria, em vão, pois o olhar continuava perdido, agora naquele ponto marrom que era jogado de um lado para outro pelas ondas raivosas e parecia uma embarcação fantasma.
_José... José... _ A pobre da Maria Madalena Correu para o mar, mas foi segura pelos homens que queriam evitar mais uma baixa na praia.
Gritos e gemidos se misturavam com os uivos do vento, eram esposas, filhos, mães, amigas, amantes que lotavam a praia á espera dos seus mortos.
_Eles podem estar vivos!_Caio, um jovem pescador que voltara cedo para casa gritara, tentando acalmar os corações doloridos.
_Eu sei que vosmicê quer apenas ajudar meu garoto, mas só está piorando, essas pessoas que aqui estão sabem muito bem, que ninguém sobreviveria á uma tempestade dessas. _Era Romão, velho pescador que dizia tocando os ombros do jovem.
As mulheres agora estavam mais á beira da praia, menos a mulher que primeiro chegara e agora era amparada pelo filho.
_Vamos Maria de Jesus!_A mulher a segurara pelo braço.
_Não Carmem, eu não vou, eu ainda a ouço, não quero estar perto das almas que ela levou.
_Mas eles podem estar vivos!
_Não estão...
Carmen a soltou e foi em direção ás outras que esperançosas se amontoavam na orla do mar.
_Eu vou mãe, fica aqui. _Olhou-a compassível.
_Vai, eu fico aqui.
As ondas já acalmavam e o vento que outrora era bravio agora era quase que uma brisa, os uivos agora não eram do vento, mas de dor, porque os primeiros corpos eram retirados das águas.
_Não... Não..., me leva Tãozinho, me leva...
A mulher era Gracinha casada de pouco com o jovem Tãozinho, homem valente e bonito que também estava naquela embarcação e que o mar acabava de devolver sem vida.
_Tem outro ali...
As vozes se misturavam e homens corriam para o mar, Maria de Jesus, a mulher que chegara primeiro, continuava ali, já não tinha mais lágrimas haviam secado, agora era a alma que transbordava em medo e dor a espera de que gritassem o nome do marido, a cada novo corpo que surgia, fechava os olhos e comprimia os lábios.
Aos poucos a praia estava cheia de corpos estendidos na areia, eram os maridos adorados, os filhos amados, os irmãos unidos, os amantes desejados, os melhores amigos...
Todos passavam por Maria de Jesus, estranhando-lhe a ausência de lágrimas, o líquido salgado que deveria correr-lhe pela face, assim pensavam, pois não podias ver a sua alma que se desfazia em frangalhos pela dor.
_Não encontraram o pai, mãe.
_Eu sei.
_Ele pode estar vivo!
Ela afagou-lhe os cabelos negros.
_Vamos para casa.
_Mas mãe...!
_Deixem que os outros chorem seus mortos, ao menos têm os corpos para se debruçarem e chorarem, eu, nem isso tenho, ela o levou.
O rapaz olhou para o mar e depois para a mãe, pensou em dizer a ela que ficaria, mas mudou de idéia vendo-a se afastar, seguiram calados, ela apenas vez ou outra ajeitava o xale que escorregava pelos ombros magros.
O casebre onde moravam estava iluminado assim como os outros naquela praia, entraram, as crianças mais novas olhavam assustadas a espera de uma palavra qualquer.
_Mãe, cadê o pai?
Ela não tinha mais lágrimas, olhou para o pequeno Augusto de cinco anos que nada entendi e depois para filha de doze anos que segurava no colo o recém nascido, presente último do marido, única recordação das noites de prazeres em que se amaram ouvindo o barulho e o cheiro de mar, mesmo mar que o levara para longe.
A menina olhou para o irmão mais velho que chegara com a mãe.
_Ramires, cadê o pai?
_Ele não vem mais Neiva.
_Diz que é mentira mãe, por favor, diz!
A mulher apenas deu as costas e foi para o quarto, onde as lembranças afloravam, a cama, as roupas de pescador, pobres e cheias de remendos, o cachimbo, a rede que pendurava na varanda... Como desejou ter lágrimas naquele momento, para aliviar a dor interior.
Podia ouvir o lamento das mulheres na praia, lavou o rosto, os braços e os pés na bacia que lhe servia de lavatório, penteou os cabelos negros que lhe caiam pelas escadeiras, vestiu seu vestido novo que o marido lhe dera de presente no seu aniversário e o qual nunca usara por falta de ocasião, era simples de tecido barato, mas para quem não ganhava presentes todo dia se tornava maravilhoso ante os olhos, se perfumou com águas de laranjeira e aguardou que todos em casa dormissem e que as vozes na praia se silenciassem e na volta da madrugada saiu, o vento a balançar-lhe os cabelos soltos e sacudir-lhe as vestes, levava na mão flores que colhera no jardim, os pequenos pés deixavam rastros na areia fofa, seguiu até a orla do mar, onde ondas calmas vinham beijar-lhe os pés.
Ajoelhou-se, fez um longa oração, se levantou e foi até onde a água cobria lhe a cintura, deixou que elas levassem as flores.
_Ele tinha mesmo que ir, você me deu ele, agora levou, não te tenho raiva mãe dos mares, mas te invejo porque terás contigo o meu Manoel,homem mais bonito da praia, fará dele seu marido..._Engoliu as lágrimas que não vieram._...Não quisestes nem o corpo me devolver como o fizestes com os outros, me devolva apenas as lágrimas para que eu possa aliviar a minha dor._Sentiu o líquido quente e salgado a lhe banhar o rosto.
Saiu do mar e voltou para casa, os filhos dormiam, melhor assim, entrou para o quarto e acendeu o lampião, ficou a olhar a foto do esposo na parede, acendeu uma vela pela sua alma, sentiu um frio a gelar-lhe o corpo, foi até a janela que estava aberta, olhou demoradamente para o mar, sobre uma gigantesca onda pareceu que alguém lhe acenava, um homem, Manoel! Correu para a porta indo em direção á águas, não havia ondas, não havia homem, não havia Manoel, voltou para casa, fechou a janela, apagou o lampião e adormeceu, lá fora,apenas o cenário de destruição emoldurava o mar que calmo vinha com suas ondas lamber a praia, tocada pelo vento uma doce canção se ouvia,enquanto ao longe uma embarcação coberta pela névoa deslizava por sobre as águas, apenas podia se ver a linda mulher sentada sobre a proa a pentear os cabelos, a lhe admirar a beleza, vários homens se ajoelhavam aos seus pés, ela penteava os longos cabelos cor de noite que se misturavam com as águas...
“Vem pescador... Vem pescador...Repousas nos meus braços, braços de amor, meu beijo é doce, doce é meu amor, na terra andavas, aqui flutuarás,nos braços das ondas, nos braços do mar...Vem pescador...Vem pescador...”


Raquel Luiza da Silva

domingo, 8 de novembro de 2009

Sem...


Acho que minha veia poética anda meio entupida,

Não sei se pra ela existe uma sobrevida,

Olho para o tempo, não vem inspiração de nehum jeito,

Coração ultimamente anda calado no peito.

Não ando muito bem com os versos,

Parecem querer estar sempre no reverso,

No oposto da linha central de minha imaginação,

De acordo ou desacordo com minha intuição,

E a bagunça é sempre formada,

À falar de amores, flores, alma alada...

E eu de tal forma me embrenho nesse meio,

Falando de tantas coisas que nem me lembro,

E daí me pergunto qual a solução,

Abrir meu peito e mudar o coração?

Opa!

Revolta sem par, nada de bisturis para concertar,

Prefiro ficar e esperar que me desentupam a veia poética,

Que se desenrolará com tamanha simétrica,

Misturando formas e cores,

Num mundo de palavras e amores,

De tal forma que não saberão descrever,

Se são só palavras ou se é um manual para a arte de viver.


Raquel Luiza da Silva.


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu posso.


Descobri que a vida é muito curta para esperar por milagres,

Descobri que posso ter todos os milagres que quiser se ousar,

Descobri que o medo faz parte do aprendizado, mas que não pode-se tê-lo por perto por muito tempo, pois se torna destruidor,

Descobri que meus caminhos nem sempre serão de flores, mas quando a primavera se for, ainda me restará a grama verde para descansar meu corpo cansado,

Descobri que tenho pressa, porque o tempo não irá me esperar decidir se devo ou não continuar,

Descobri que tenho que ser perseverante se quiser chegar á algum lugar, e que os lugares mais lindos exigem um pouco mais de esforço, para podermos visualizá-los de onde apenas os vitoriosos têm esse prazer,

Descobri que o dia que se finda sempre será o mais importante da minha vida, porque se passou e eu o viví, amanhã...Não sei.

Descobri que posso sempre que tiver certeza da minha força, desafiando as lógicas e conceitos, me transformar no que sonho,

Sim! Porque a vida é isso, viver de sonhos, realizá-los, lutar por isso, sem sequer deixar a realidade de lado um segundo,

Então passei a descobrir as verdades da vida em cada pequena descoberta, de forma á crescer á cada dia, abrindo-me para contemplar as belezas as quais posso alcançar com um pouco mais de esforço,

Buscando a concretização de meus objetivos na batalha cotidiana, abrindo meus olhos á cada amanhecer e contemplando a beleza de estar viva e dizer:

"Obrigada meu Deus, por mais esse dia".

E assim aos poucos me descubro de tal forma á me permitir ver a imensidão de minha força quando acredito que posso.

Eu posso.


Raquel Luiza da Silva.



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quando...


Quando...

Quando lhe faltarem palavras e o coração se tornar pequeno no peito,

Quando o brilho da lua não mais encantar-te,

Quando o calor do sol não tiver a mesma doçura ao tocar-te a pele,

Quando teus braços estiverem vazios,

Quando teu sorriso tiver adormecido,

Quando as lágrimas forem tua única companhia,

E sobre tua alma pairar o negror de teus sentimentos,

Erga os olhos,

Erga além do que possa imaginar,

Alce vôo para além do horizonte,

Onde poderá encontrar-te com tuas reais origens,

Quando para o coração, morre um homem,

Quando morre a esperança, morre uma história,

Quando estiveres só e a noite for a única visão de tua janela,

Ore, porque encontrarás um Anjo,

Alguém que zelará pelos teus sonhos,

Para que quando regressares de teu ostracismo ainda possa colher os frutos que plantara até ali,

Não polpe as lágrimas, elas são a forma mais doce e forte de se dizer"Poderei vizualizar a pureza de uma belo amanhã",

Quando tiveres medo,

Medo das pessoas,

Medo da chuva,

Medo da vida...

Olhe para sí,

Ame a si antes de tudo, para que mais tarde compreendas as verdades da frase" Amai-vos uns aos outros como eu vos amei",(Jo 15:9)

O amor deve começar de ti e se espalhar ao teu redor como uma voraz epidemia, se não amas a ti mesmo, como saberá aplicar tal sentimento aos outros?

Sempre comece de ti,

E quando sentires só em meio á multidão, verás a luz no fim do túnel,

Um Anjo, que zelará por ti,

Não temas,pois Ele te olhará nos olhos e dirá num sorriso, tudo o que palavras não seriam capazes de expressar,

Olhe para esse Anjo,

Olhe em seus olhos e verás o quanto te amou durante sua dispersão,

Deixe que esse Anjo lhe toque,

Sinta os sulcos de suas mãos,

O peso que carregou para ver-te sorrir,

Não diga nada, apenas recoste tua cabeça, sobre seu ombro,

Feche os olhos e chore...

Ele te ouvirá, incanssávelmente, como sempre ouviu tuas lamentações,

E tu á perguntar onde Ele estava,

Sempre esteve ao teu lado,

E só agora o pode sentir, tão divino, tão real...

Quando chorastes , Ele chorou contigo,

Quando caistes, Ele te levou nos braços, sem que percebesse e cantou para ti,

E foi doce a canção, tocada pelo vento da chuva, acompanhada pelas gotas á brincarem em teu telhado,

Tu não percebestes, porque não tinhas aberto o coração,

Agora, o podes sentir, porque enfim adimitistes que precisas Dele,

E Ele...?

Te abraça como se fosse a primeira vez, susurrando em teu ouvido...

"Estarei contigo até a consumação dos tempos..."(Mat 28:20)


Raquel Luiza da Silva








terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nada além de mim.


Durante um bom tempo, construi meus castelos de sonhos sobre pessoas, vinham os temporais e tudo desmoronava.

Novamente me empenhava em nova construção e novamente por algum motivo a queda se tornava eminente, cheguei á pensar que não exitiam amigos verdadeiros, porém, mais tarde notei que o erro era todo meu, por estar á tentar solidificar coisas importantes sobre bases vulneráveis e imprevissíveis, porque assim são as pessoas, você, eu, nós.

Aprendi á construir meus castelos em terrenos seguros, ciente dos riscos, superando medos, e passei á convidar meus amigos para se sentarem comigo em meus banquetes em cada nova realização, ficou mais fácil assim realizar sonhos e ter ao meu lado pessoas queridas.

Muitos anos se leva p/ consolidar sonhos, pessoas são mutáveis e nem sempre estarão dispostas á contribuirem com nossos planos e projetos.

Boa vontade e perseverança são necessárias p/ nos tornarmos o que queremos ser, porém nada disso tem utilidade alguma p/ transformar alguém no que queremos que ela seja, elas apenas serão o que desejam ser, independente de qual seja nossa vontade.

Se temos sonhos podemos realizá-los, ter os pés sempre no chão e cabeça erguida são fundamentos essenciais p/ chegarmos onde tanto queremos, levando no peito várias pessoas, mas na mente a certeza de que somos os únicos capazes de construir nosso caminho, ninguém, definitivamente ninguém, será capaz de passar á frente de nossas vontades, porque a nobreza da realização a nós pertence.

Hoje caminho "só", porque aprendi á esperar e a exigir mais do que sou, não esperando tanto das pessoas, e descobri que que quando tenho que realizar algo, não existe nada além de mim.



Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

...


Hoje me deu uma vontade muito grande de sentir saudade das pessoas que amo, aquelas pessoas que se foram para o outro plano, que adormeceram sem dizer que já estavam indo, que não perguntaram se podiam nos deixar, que de certa forma deixaram a dolorosa saudade, a revolta latente que só se controla após anos, á entender que Deus toma para sí aqueles que ama.

Olhei pela janela a noite que se dicipava com os primeiros raios de sol, e o aperto no peito aumentava ao pensar que teria que ir ao cemitério, fazer orações pelos meus queridos, cujos corpos voltaram ao pó, como designara Deus um dia, e então trabalhei "De bem com a vida" como exige meu trabalho de radialista amadora, se bem que não há motivos para não se estar, mas sempre fica o vazio da separação que mais é sentido nesse dia por ser tão lembrado.

Á tarde na companhia de minha mãe, minha avó e meu tio, fui ás orações, flores coloridas, pessoas emocionadas, a saudade expressa através de belas lembranças, acontecimentos que por mais simples que foram permaneceram, e as vozes embargadas saiam como canção em meio áquele belo jardim que se tornara o cemitério.

Após minhas orações, parei perto da capela de São Miguel Arcanjo, pedindo á ele que zelasse por todos que ali estavam,que adormeceram na doçura de um chamado que apenas eles ouviram e partiram...Partiram levando consigo uma parte de nós e deixando a imensidão do que foram em nossas vidas.

Olhei para o belo jardim colorido que havia se tornado o local, totalmente longe do que nos vem á mente de forma destruidora "Lá estão todos mortos", apenas se via a ressurreição, a beleza colorida e invisível de almas sedentas que retornaram ao seu lugar de origem, ao lado do Criador.

Amo vocês e isso será eterno.


Raquel Luiza da Silva.

domingo, 1 de novembro de 2009

Belo Jardim.


Flor seca bruscamente, pétalas que descansam, adormecem sob a terra fria,

O soluço abafado pelo tempo,

De forma á consolar com várias lembranças, as quais a terra não pode ocultar,

E por aqui se segue, um dia após o outro...

Numa continuidade imortalizada em breves minutos,

Recontados em notas perfeitas,

Numa melodia compassada,

Fruto da criação divina,

Que recolhe para sí as flores de seu enorme jardim,

E assim para quem fica a sensação dee vazio é absurda,

Porém nunca deixamos partir tais flores,

Que recebem nomes diversos e que de alguma forma coloriram nossas vidas,

Pai, mãe, irmãos, amigos, filhos, primos, namorados, avos, tios...

E assim parecem retornar á sua origem de semente,

Adormecendo na terra fria,

Porém ressurgirão em outro jardim,

Numa bela terra,

Junto á um zeloso jardineiro,

Que delas cuidará, porque sempre foram suas,

Estavam aqui por empréstimo, para alegrarem tantas vidas,

Assim como nós, que também partiremos um dia,

Para nos juntarmos as tantas flores que conhecemos,

E nesse dia descobriremos a verdadeira origem do jardim.

E observaremos a real beleza descoberta pelo tempo,

No paraíso.


Saudades: Vô Geraldo, Tio Zezé, Tio João, Alice.





Raquel Luiza da Silva