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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Intenso.


Por vezes preciso de um amor,
Um amor que me ouça quando meu silêncio for profundo,
Que me tome nos braços quando o cansaço for visível em minha face,
Um amor que por vezes enfade-se de meu jeito estranho,
Que me beije o sorriso quando me for oculta a dor,
Por vezes preciso de um amor...
Que admire-se com o por do sol,
Que seja meu sol...
...A observar o por da juventude em mim...
Por vezes...
Eu espero,
Aquele amor,
Cheio de travessuras,
Tão doce e pequeno em seu gigantesco significado,
...Preciso de um amor,
Que divida-se para me completar,
Tão amor,
Tão necessário...
Abrindo-se em mim como aquela flor que ontem brotou no jardim,
E beije-me como um beija-flor sedento,
Por vezes preciso de um amor...
Que perca-se ao meu encontro,
Que seja um pouco de mim sem nenhuma semelhança,
Preciso por vezes...
Encontrar-me em um amor tão preciso e certeiro,
Que seja de fato um amor,
E que ele seja o que eu jamais senti,
Doce e intenso...
Tão necessário quanto o que eu imaginava...
Apenas meu amor...

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meias verdades.


Eu não quero olhar esse mundo de costas,
Como se as costas do mundo estivessem voltadas prá mim,
Não quero entender essa linguagem de gente que diz que entende,
Que diz que é gente,
E não faz sua parte no que diz que entende,
Não quero trocar palavras com as poucas palavras que aprendi no dicionário,
Porque cegam minha visão humana, de ser, de revolucionária,
Não me venha com esse papo de meias verdades paliativas na busca para definir justiça,
Todo dia tem morto na calçada,
Todo dia tem direito humano, prá quem mata,
Não me venha com histórias que ficaram na gaveta,
Que dizem que temos um país para todos,
Mas sei que nem todos possuem esse país,
Então não venham trazer nos papeis obras,
Porque o tempo apaga o que não se ergue do lado de fora,
Eu não acredito em muitas coisas,
Coisas que se fazem presente na vida da gente,
Mas a gente é diferente daquela gente que diz que entende,
Que diz que é gente,
E não faz sua parte no que diz que entende,
Porque a gente luta,
Rala,
Se mata,
Prá ser gente de forma concreta,
Na vida desse país que degrada o nosso direito de ser humano...
De ser gente.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 20 de novembro de 2011

Qual a cor da Consciência?





Era a oração calada vinda do âmago dos navios negreiros,
Era um amontoado de gente, sem vida de gente,
Numa dor doída e vazia,
Silêncio gritante nos olhos inflamados,
A história que se criava,
De lutas, derrotas e vitórias...
E o cântico doloroso que se espalhava em fraca voz,
Ganhou coro em tantos cantos,
Em tantas vozes,
E era a liberdade desejada,
Buscada na luta dos dias comuns,
No morro de tantos Cristos,
Longe de chibatas e fuzis,
E o choro que outrora doía,
Abriu-se em fortes brados,
De homens e mulheres, rompendo as algemas da história,
Detendo a chibata maldita,
Abraçando sua real identidade,
Afundando os navios de onde o choro e o lamento eram orações,
Abrindo os olhos ao invés de fecha-los diante da insanidade da intolerância,
E o cântico outrora doloroso, fere os ouvidos dessa história,
Escrita com sangue de tantos,
Com a fé de muitos,
Pelas mãos da insensata covardia,
E não se calaram as vozes,
E ainda não cessaram os lamentos,
Porque a luta não finda,
É renovada a cada dia,
Revestida de tantas formas,
De derrotas e vitórias...
Marcando na pele a certeza de que é a cor da alma que revela real cor da pureza.

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sobrenatural.



Olhai para a campa fria que jaz sob os braços negros do velho carvalho,
Não há nada mais sublime que a vida abraçando a morte em seu leito nupcial.
Ambos perdidos num abandono silencioso, em que a terra,
Apenas a terra, concentra todo o conteúdo vital...
Enquanto guarda o sopro fenecido,
Dá vida ao que parece morto, de forma sobrenatural.


Raquel Luiza da Silva.

Vamos embora.




Vamos embora,
Dessa terra já não brota mais as sementes que lançamos,
Os frutos já pesam envelhecidos nos galhos,
Não há mais motivos para continuarmos,
Vamos embora,
Essa pátria outrora mãe, desgarra-nos de seus seios,
Dá-nos por alimento o amargo de seu âmago,
Não nos alimenta mais como filhos,
Despede-nos de mãos vazias como indigentes,
Partamos antes que a lembrança nos assalte e a pobreza venha bater em nossa porta,
Antes que choremos de saudade,
Vamos embora,
O mundo com sua boca escancarada nos aguarda,
Oferece-nos a oportunidade de sermos gente novamente,
Dá-nos seu peito duvidoso e farto de mãe de todos,
De mãe de tantos,
Partamos antes que a lágrima venha a cegar-nos,
Antes que os belos momentos passem pelos nossos olhos como um filme há muito passado,
Vamos embora,
Findou-se nosso tempo nessa terra,
Digamos adeus e partamos sem olhar para trás,
Partamos em busca do que a mãe terra nos negou,
Encontremos outro ventre para abrigarmos nossos sonhos e lançarmos nossas sementes,
Não percamos mais tempo...
Vamos embora...

Raquel Luiza da Silva,

domingo, 13 de novembro de 2011

Cegueira.






Ontem faltou-me a visão,
Debrucei-me por sobre as folhas em branco espalhadas em minha mesa,
Eram o espaço vazio que me desafiava,
Eu cega, elas sem palavras...
Entre nós um vácuo,
Eu a gritar interiormente,
Elas mudas, numa complexidade ausente,
Sem expressão nenhuma me fitavam,
Zombavam de minha incapacidade,
Eu em minha falta de visão,
Elas vazias de palavras,
Então abri os olhos,
Elas emudeceram em sua palidez de morte,
Tornei-me palavras,
Elas cegueira de minha sorte.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 12 de novembro de 2011

Talvez eu me encontre.



Cansei dessa luta,
Que a felicidade me encontre na próxima esquina,
Cansei dessa ilusão bandida que assalta-me constantemente,
Disseram-me que sou sonhador,
Que trago na bagagem amontoados de nada,
E sei que não estão errados,
Mas também nunca estiveram certos...
Atiram-me pedras, com seus pecados encrostados nos atos,
E eu acaso sou pecador?
Ora, não quero carregar essa cruz pela vida afora...
Tenho que levar comigo tantos planos,
Planos de acaso, planos de ninguém,
Cansei dessa ilusão bandida,
Assaltante de mim,
Roubando os espaços contidos nesse meu acaso,
Cansei...
Não volto mais,
Mas digam-me,
Para onde irei?
Para os braços do impossível?
Para debaixo das pontes imaginárias, dessa minha construção efêmera?...
E é tão pequeno esse espaço,
Revestido de coisinhas tão miúdas,
Tudo escondido aqui,
Aqui onde ninguém consegue perceber,
Mas digam-me, para onde vou?
Se emprestarem-me um pouco de imaginação...
Talvez eu consiga sem muito esforço construir morada,
Talvez a felicidade me encontre na próxima esquina,
Talvez eu me encontrei nessa tal felicidade...

Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Apenas eu.




Ora, foram-se embora os amigos, os amores, o cão e a juventude...
Partiram todos sem que eu notasse,
Ontem me faziam companhia,
Cercavam-me com seu calor,
Alguns partiram sem dizer adeus ou sem deixarem um recado qualquer num bilhete de papel velho e amassado,
Apenas partiram...
Por alguns chorei,
Por outros apenas uma saudade contida incomodou-me por algumas horas, alguns dias talvez...
Ou foram meses?
Ou foram anos?
Foge-me da mente o tempo,
Fogem-me da mente as lembranças,
Sei que partiram, sei por que vejo o espaço vazio,
Preenchido apenas em minha estante, por aqueles velhos porta-retratos,
Momentos encravados numa folha de papel especial,
Coloridos por tinta especial,
Tão especial que nunca fugirão dali,
Serão eternas e empoeiradas lembranças por sobre minha estante.
Mas ainda consigo recitar um poema,
Algo sobre felicidade,
Aprendi em minha infância a muito passada,
Mas não o irei recitar, dá-me saudade,
Saudade é tema?
Sempre foi de um ou dois de meus poemas sem fim,
Mas eram só palavras naquele tempo,
Viraram essa realidade,
Ora, todos, quase todos já partiram...
Os amigos, os amores, o cão, a juventude...
Ainda não sei quando me vou,
Disseram-me que ainda terei histórias para contar,
Mas para quem?
Todos já partiram...
Resta-me a breve visão desse tempo forjada no que um dia fui, adormecida na lembrança,
E é esse tempo que prende-me a ele sem que eu entenda,
Enquanto todos, quase todos já partiram...

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 6 de novembro de 2011

Tão doce mistério.

Essa poesia que grita,
Tão controversa em si,
Revestida de matizes fortes,
Desafia essa vida, enfrenta a desvairada morte,
E não são apenas palavras,
Não são flutuantes desejos,
São de firme propósito,
São do peito ensejo,
E não são feitas dessa vontade,
Tão humana vontade de gente,
É ela viva,
Tão viva quanto a realidade existente.
E eu não desafio suas linhas,
Não ouso questionar sua razão,
Mas como posso se sai ela de mim então?
Nada sei,
De palavras pouco entendo,
Não questionaria o que toma vida a seu contento.
E se esse peito fala,
Não existem para a mente palavras,
Poesia é feita de emoção,
Do tipo que liberta a alma,
Cega os olhos,
Mas é legível ao coração.

Raquel Luiza da Silva.