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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Felicidade noturna.




Ora, assalta-me o sono,
Os poucos ruídos desfazem-se como brasas trepidantes aos pingos da chuva,
Conto as estrelas que brilham invisivelmente em meu teto branco,
Tantas constelações imaginárias...
Estou no topo do mundo,
Desse tal mundo que assalta-me quando desfaço-me de mim,
De minha real identidade...
Dessas tantas e diárias identidades,
Pesam-me as pálpebras,
Estou a alçar voo,
Tocando o imenso céu de sois alaranjados,
Brasas totalmente apagas são os ruídos...
Campos, tantos...
Correndo por entre eles como livre gazela,
Livre, totalmente liberta das amarras do tempo...
Nada mais...
Nada mais...
Andando por entre transeuntes sorridentes,dançantes, cantantes...
Livres estão,
Livres enfim...
Todos, tantos!
Vou seguindo, sempre...
Pelas estradas, pelas estrelas...
Silêncio de brasa apagada...
Vou seguindo...
Ao ritmo da canção dos povos felizes...
Felizes povos...
E o silêncio...
Acende-se tal brasa inflamada,
E o trepidante som obriga-me a despertar,
Vida comum,
Identidade comum,
No mesmo lugar,
Com minha única identidade,
Em meio a transeuntes impacientes,
Nesse mundinho chamado cidade...




Raquel Luiza da Silva

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Lógica


Vozes esculpidas nos átrios dessa vida,
O grito que incomoda o silêncio que dorme,
O farfalhar de galhos secos na imensidão da floresta viva,
O céu pintado na descrição eloquente do poeta bêbado,
O sol que curva-se diante da aurora,
A morte que espreita pela janela semi-serrada,
E a lógica disso tudo onde está?
Na mente incomodada que persegue a lógica,
Na poesia que faz-se intensa aos olhos da alma,
No sentido inverso dos versos que nada dizem,
Na boca que vocifera teatralmente tais palavras...
E a lógica onde está? No vazio incômodo,
Em tudo que não tem lógica de nada.



Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Coração.


Não tinha som,
Não tinha toque,
Era apenas um coração em seu silêncio,
Talvez também não tivesse vida,
Talvez também não tivesse amor,
Veio vindo das noites boêmias,
Veio vindo dos braços que não retêm calor,
Veio vindo da solidão de si,
Da solidão acompanhada,
Da solidão dos grandes salões,
Veio vindo do nada...
Seu silêncio era intocável,
Seu silêncio de gelo,
De navalha...
Cortando as artérias do vazio,
Sangrando a livre alma,
Não tinha som, não tinha toque,
Talvez também não tivesse vida...
Sangrando as invisíveis feridas,
Da já liberta alma.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 22 de abril de 2012

Tempo perdido.


Hoje não tenho tempo...
Amanhã não terei tempo...
Depois de amanhã não terei tempo...
Talvez não tenha mais adiante...
...
...
...
Porque não vem me ver hoje que tenho todo tempo do mundo?
Porque já se perdeu no tempo como todo meu tempo...


Raquel Luiza da Silva.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mundo que sou.

Se o meu sussurro perturbar teu coração,beije-me.
Se minhas lágrima incomodarem teu orgulho abrace-me.
Se meu silêncio agredir tua consciência,cante para mim.
Se meu sorriso nada disser, complete-me.
Se meus sonhos forem tão abstratos quanto meus pensamentos, reinvente-os.
Se meu olhar se perder na amplidão do espaço, dê-me um foco.
Se eu parar, reanime-me.
Se eu desistir, incentive-me.
Se eu me perder, encontre-me...
Mas não diga nada diante de minhas palavras,
São o silêncio que abraça o universo que sou,
O grito que traz á tona o meu coração que pulsa,
Sou eu,límpida, pura...
Tão capaz de morrer e numa ressurreição inesperada tocar os céus,
Sou eu,
Tão fugaz,
Tão voraz...
Nessa transformação fingida,
Oculta,
Imoral,
Real...
Apenas ouça-me sem questionar,
Palavras que me fazem,
Desfazem-se...
Nesse mundo de sentimentos crentes e ateus...
Nesse mundo que sou eu...


Raquel Luiza da Silva.

domingo, 15 de abril de 2012

Cadente.




Hoje vou olhar para o céu e contar as estrelas,
Conterei toda minha revolta reprimida,
Calarei todas as minhas perguntas sem respostas...
Não desafiarei o estúpido silêncio de palavras mortas...
Uma estrela,
Tantos segredos...
Talvez eu acredite em desejos,
Faça um áquela ali, que será cadente um dia,
Tão doce decaída nessa terra,
Fria terra,
De gigantes adormecidos,
De homens sem corações de meninos,
Talvez eu acredite em desejos,
Talvez eu faça um...
Estrela...
Apenas não perturbe-me,
Apenas não tire de mim esse momento,
Tão cadente...
Tão mutável...
Tão... Passado tempo...


Raquel Luiza da Silva.

domingo, 8 de abril de 2012

Horas mortas.



Se hoje o tempo mais rápido passar...
Olhe-me nos olhos apenas,
Não digas nada,
Apenas deixe-o partir enquanto cá ficamos nós,
Límpidos mares incontidos de desejo,
Ondas indomáveis,
Calor incontrolável,
Almas pecadoras...
Seja teu corpo meu trono,
Seja meu corpo morada tua,
Enquanto passa esse tempo...
Cá ficamos nós.
Entre o flagelo das horas,
Entre a eternidade do toque,
Eu sou teu mar,
Tu és ondas minhas,
Triunfante torpor do Éden,
Tomando forma,
Tomando vida...
E o embriagante momento,
Formas toma,
Formas de vento,
Entrelaçados nessa uníssona canção de gemidos,
De prazer,
Já não ouço mais meu coração...
Tão surdo aos apelos da razão,
É corpo,
É fogo,
É paixão...
Brasa viva pulsante,
Nessa carne que desfaz-se em pura nudez,
Tocada pelo relento das horas,
Horas nossas...
Horas mortas...


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Parte (Poema adolescente)




Um dia aquele idiota que você amou vai embora,
Deixa para trás algumas palavras,
Alguns olhares,
Alguns sorrisos...
Você chora,
Você se revolta...
Depois da eternidade de poucas semanas,
Apaga as palavras,
Apaga os sorrisos,
Abre a janela e sorri para a vida,
Ele não era tudo,
Ele era apenas parte,
Parte de um pequeno mundo,
Partes que se vão,
Que não voltam...
Aliás,
Quem precisa de uma parte idiota?!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Melodia.









Há um som ritmado em cada palavra,
Talvez um coração que bate,
Talvez uma lágrima que rola,
Talvez uma alma que implora...
Eu não sei dizer ao certo o que ouço,
Até mesmo o que sinto desafia-me,
Talvez sentimentos em busca de alforria...
Não sei se os conheço a fundo,
Se estão soltos,
Se estão presos em tantos mundos,
Se são meus...
Dos outros...
De mim...
De todos...
Sons que misturam-se,
Encontram-se casualmente,
Versam,
Rimam,
E não desafinam,
Vão-se embora,
Adormecem,
Renascem,
E feito poeira desfazem-se...
E o ritmado som não sei a quem toca,
Se a mim,
Se a ti,
Pertinente incógnita,
Coração humano,
Alma transparente,
E faz-se melodia...
Ditam-se rimas,
Se é tua canção,
Por favor, tape-me os ouvidos da razão.


Raquel Luiza da Silva.