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sexta-feira, 25 de março de 2011

Sábios?


Se a sabedoria que eu tanto almejo me fosse dada,
Seria um tolo diante da ignorância que me cerca,
Pérolas em meio ao lamaçal serão sempre pérolas,
Porém despidas de sua beleza natural não atrairão tantos olhares,
Todo o principio da sabedoria já foi desvendado por algum sábio,
Porém ninguém nunca o conseguiu viver, por ser mais fácil desvendar do que por em prática,
Não há tempo ruim quando se tem um bom sorriso no rosto e um belo rosto,
Todo mundo é poeta, mas poucos sabem ser poesia,
De que adiantaria se minhas palavras mudassem o mundo,
Se o mundo contido em minhas palavras não fizer sentido ao humano imutável?
Só tem consciência quem tem um coração,
Só tem razão quem não tem consciência,
Cabe a cada um desvendar o porque disso.
Nem sempre gosto de dias de sol,
O inverno me faz sentir falta dos dias de sol,
Todo começo começa no início,
Mas há finais que começam no início também,

Já vi crianças chorarem por um doce e homens chorarem por uma perda financeira enorme,
No fim tudo era lágrima, não importando o tamanho da perda...
Se o mundo se acabasse hoje todo mundo gostaria de fazer um ultimo pedido,
Porque não nos lembramos disso enquanto o mundo se acaba um pouco a cada dia?
Porque sempre deixamos tudo para a ultima hora?
As maiores perdas sentimentais estão ligadas justamente as pequenas coisas que pouco damos valor,
Quem hoje já disse eu te amo a alguém que ama de verdade?
"Eu dançaria na chuva se tivesse uma perna": Diria quem não tem pernas,
"Eu dançaria na chuva se tivesse chuva": Diria eu num dia ensolarado,
Mas creio que ficaríamos os dois em casa caso chovesse, temendo um resfriado,
Só desejamos o que nos falta em momentos de nostalgia,
É bobagem desejar que o tempo volte atrás após um erro cometido,
Se voltasse seria cometido novamente, porque não se teria noção de seus efeitos futuros,
Por isso há necessidade de se fazer as coisas certas nos momentos certos.
O que sei da vida se resume em apenas uma única palavra: Viver,
Fora isso nada mais sei.
Tudo que acabei de dizer alguém já disse um dia e de outras formas,
E com outras interpretações,
Porém isso mostra que apesar de reciclarmos ensinamentos ao nosso bel prazer pouco aprendemos a cada dia que se passa,
E passamos os dias que se passam tentando nos reciclarmos para nos adequarmos aos ensinamentos que nós mesmos criamos para mudar a vida...dos outros.


Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Experiência divina.


Há tantos caminhos traçados no escuro,
Tantas lágrimas que rolam no silêncio de corações mudos,
Tanta frieza nos gestos de quem se diz chefe de uma nação,
Há lama sob as intenções que cobrem tantos poderes,
Tantas fases,faces
Tantos seres,
Há tanta fome que vai além dos estômagos vazios da humanidade,
Tanta sede de vida,
Tanta sede de verdades,
Há pés que tocam o mesmo chão, mas nunca se cruzarão,
Tanta vaidade,
"Tudo é vaidade"...
Há quem ainda acredite no que não se pode ver e tocar,
Tanta realidade dolorosa,
Tanta injustiça sem volta,
Há medo, quem teme em segredo,
Tanta mentira,
Tantos lobos em peles de cordeiros...
E o mundo gira enquanto o tempo passa,
E o tempo passa enquanto o mundo gira...
Somos seres mutáveis de uma experiência divina,
Meio anjos, meio quimeras,
Erguendo o braço e jurando lealdade aos nossos iguais,
Fazendo tombar nossa raça,
Tantos nobres ideais,
E tantos que ainda seguirão no escuro,
Sempre sozinhos,
Num caminho de tantas almas...
Por não conseguirem transpor em si tantos "muros"...


Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Apenas um sentimento, apenas um poema...


Antes eram só palavras,
Um sentimento entre vários sentimentos,
Intocável como as borboletas da primavera passada,
Sem cores,
Sem morfologia definida,
Sem diagnóstico preciso,
Palavras escritas num papel,
No vazio branco de um papel qualquer,
Nada dizia de si, a não ser alegrias passadas e dores sentidas,
Era o suspirar vazio de pulmões inexistentes,
Num preciso momento de inspiração pungente,
Não se sabe ao certo se de fato sangrava a escrita,entrelinhas,palavras,
Ou se o burburinho de sorrisos era da mente que vagueava, delirante, cansada,
E aos poucos o vazio branco era preenchido,
Deixando de ser vazio...
E podia se tocar aquela escrita,tão alegre, tão desdita,
Como se os relevos invisíveis fossem artérias de um coração qualquer,
E o pulsar das palavras por vezes iluminava, por vezes cegava,
E o tempo, alienado, insano, curvava-se em dias e noites,
Dançando com a sorte das coisas,
Enquanto a vida, tão doce vida, passava...
Por entre os dedos da poesia,
Longe de ser vista, porém perceptível,
Deixando de lado o pudor variável de sua beleza invisível,
E eram de palavras os sentimentos,
Embebidos na tinta negra que beijava o branco papel,
Como mãos que tocavam o corpo, na lascívia de um pecado carnal,
E o deleite daquelas palavras,
Tão bem ditas,
Tão nefastas,
Não passavam de sentimentos de um poeta,
Que dava forma ao seu humor,
Deixando que tomasse vida para serem lidas,
Tocando os corações como as cordas de uma lira,
E depois iriam adormecer ali...
Num canto qualquer,
Até que alguém voltasse a desvendar os fatos,
Daquelas palavras, ou sentimentos em relato.

Raquel Luiza da Silva.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Heróis


Vou errando por ai,
Fazendo malabarismo com as coisas sérias,
Deixando de lado essa sombra,
Essa vida de miséria,
Já me vi destituindo reinos,
Lutando contra gigantes...
E o que restou de mim nessas paragens distantes?
Era só história,
Notícia sem foco,
Transformando em ouro o que toco,
E aquela dor não era minha,
Escondida na mochila,
Era um pouco de sal,
Era um pouco de rima,
As feridas não eram marcas de lutas,
Nem tão pouco sobre a pele a maquilagem,
Me disseram que os heróis deviam ter sua própria tatuagem,
E não era de mentira meus sonhos,
A insensatez de meus planos,
Talvez fosse uma busca,
Ou apenas mudança de conduta,
E então eu descobri que os heróis de fato existiam,
Que era apenas uma questão ludibriosa vê-los na TV,
Bastava apenas me ver,
Sem couraça,
Sem capa,
Sem nada,
Eu estava no time de tantos outros heróis,
Do tipo que já o eram por tentarem viver,
E então me senti assim, meio desconcertada,
Porque sabia que não pensava errado,
Podia ficar e terminar mais uma história,
Mas acabaram se as rimas e tenho que salvar um mundo,
Mundinho de coisas minhas.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Traços.


Tenho a eternidade contida nos traços deixados pelo tempo,
Outrora queria eu que tudo tivesse a duração de algo que adormece,
Tão pouco sólidos eram meus anseios,
Tão pouco verdadeiras minhas vontades,
Tudo a caminhar como se o percurso se acabasse na próxima esquina,
E então eu passei a pisar mais firme no chão,
E a transpor esquinas sem temer que o fim estivesse logo a frente,
E as marcas desse tempo, passaram não mais a me incomodarem,
Se tornaram minha maquilagem diária, cheia de histórias,
Incontidas verdades.


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Samba adormecido.


O meu samba adormeceu no baú da saudade,
Tinha um quê de virtude, um quê de raridade,
Era samba de nêgo,
Era samba de criôlo sem segredo,
Cantado no barzinho da esquina,
No gingado do capoeira,
No rebolar da menina,
Era feito de batuque de copo,
De choro do cavaco sem remorso,
Era o som malandro do pandeiro,
O rebolo que não se cansava o dia inteiro,
Era meu samba,
De nêgo,
De criôlo,
Feito no barzinho,
Aquele lá do morro,
Era um pouco de mim,
Era um pouco de tudo,
Era choro sem lágrimas,
Era dor velada,
E então, ele adormeceu,
No calor desse carnaval, nesse peito meu,
Fecharam o barzinho da esquina,
Aquele lá do morro,
Eu desci pra cá, deixei tudo lá,
Morrer, o samba não morre,
Mas quando esquecido, se transforma em choro contido,
E esse tempo transformou tudo em saudade,
O barzinho,
O morro,
O batuque,
Eu...
Esquecido nesse canto,
Lembrando do samba meu.

Raquel Luiza da Silva.