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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Prazer.


Todos os meus segredos estão ainda guardados,
Toda minha realidade camuflada em pequenos sonhos,
E em minha velha gaveta escondo meus medos...
Talvez um dia você possa conhecer-me,
Prazer, serei quem você sonhou em toda sua existência,
Ou apenas mais uma decepção imperceptível,
Posso deixar a porta aberta para que entre,
Para que vislumbre cada canto do meu ser,
Pode ser que surpreenda-se com minhas qualidades,
Ou mesmo perturbe-se com minhas tantas identidades...
Se sou doce?
Poderá provar-me,
Minha amargura é apenas um contraste de cores que esvaecem ao amanhecer...
Sou assim meio conflitante,
Meio certa,
Meio errante.
Não tente me desvendar,
Sou um caso sem solução,
Traçada no silêncio,
Amadurecida pelo tempo.
A porta ficará aberta...

Raquel Luiza da Silva.

Adeus!


Eu poderia ligar,
Poderia me importar com tamanha perda,
Porém sinto-me bem,
Incrivelmente bem!
Nunca pensei que dizer adeus deixar-me-ia leve
Incrivelmente leve!
Tantos anos de escuridão dissiparam-se,
Tantos silêncios melancólicos foram-se,
Tantas palavras ásperas desapareceram...
Não deixarei perder os bons e velhos momentos,
Seria injusta se dissesse que também não foi bom,
Mas isso é outra história, guardada em fotos, cartas...
Vou comprar uma roupa nova,
Talvez aquele vestido vermelho...
Vou beber algo,
Talvez eu dance...
Oh céus! Como estou leve!
Incrivelmente leve!
Adeus! Adeus! Adeus!
Demorei muito á libertar-me,
Perdi parte do meu coração,
Mas meu orgulho mantém-me de pé,
Hoje confio mais em mim,
Sei que posso andar sem temer o que se esconde na próxima esquina...
Fui capaz de libertar-me...
Não era bom,
Não era meu,
Não era...
Adeus! Adeus! Adeus!
Desculpe-me por não chorar,
Não quero borrar minha maquiagem...
Sinto-me bem,
Incrivelmente bem!
Não vou chorar...
Desculpe-me,
Sinto-me leve...
Incrivelmente leve!

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O palhaço e a flor.


Abriu-se o amor tal flor de primavera
Trazendo a beleza de sois eternos,
Trazendo a cegueira de seu clarão...
No peito de um palhaço solitário,
Tal flor era um tema imaginário,
Era a canção de violinos mudos,
No abraço apertado de dilemas profundos,
E tal flor crescia...Crescia...
E sua beleza alva era de singeleza celestial,
De carne humana, ardor imortal,
E a alma de saltimbanco curvava-se em pleno encanto,
E a alva flor, crescia, crescia...
Tomando cada espaço daquele recanto.
E entre risos,
E entre aplausos...
A flor era indiferente àqueles encalços,
E abria-se bela e plena,
Tão doce...
Tão serena.
E era seu ambiente de devoção profundo,
Altar divino naquele mundo.
Até que um dia o espinho da indiferença, vasou daquele palhaço o mortal coração...
E a alva flor, tornou-se carmesim então,
E sua beleza de dor não roubava o sorriso do palhaço,
Apenas acrescentara uma pequena lágrima naquele rosto sarcástico.
E ele então descobrira que o crescera em si, nada mais fora que o amor,
Pleno e doce e por vezes cheio de dor.
Mas sentia-se honrado por ter sido palco,
De tão bela criação,
Desejo sagrado.
Esperaria tantas primaveras fosse preciso,
Ainda que isso lhe roubasse tantos sorrisos...
Mas sabia que teria em si belos jardins,
De belezas alvas, de belezas carmesins.

Raquel Luiza da Silva

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Abraços.


Há abraços que perderam-se no tempo,
Na distância de almas aflitas,
Em sussurros de noites quentes,
Na solidão do silêncio intermitente...
Entre as linhas de um poema qualquer,
Na voz rouca do bêbado na esquina,
No choro vazio da solitária mulher ,
Há abraços que foram encontrados,
Entre risos,
No banco da praça,
Naquele caminho,
Naquela estrada,
E o calor de quem encontrou,
E o frio de quem perdeu,
Tudo é indiferente,
Á mim, á tanta gente,
Nesses braços de abraços,
Nesses braços de partidas,
Abraços perenes,
Abraços de despedidas...
Nesses braços que abraçam tantos infinitos em si.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Jardim do tempo.


Não pude prender o tempo,
Fugiu-me por entre os dedos,
Tal qual areia do deserto,
Tão quente, tão árido...
Disseram-me que podia cultivá-lo,
Prendê-lo jamais...
E então muni-me de algumas sementes...
Flores amarelas,
Flores azuis,
Flores vermelhas,
Flores...
E semeei ,
E reguei,
E cuidei...
Disseram-me que podia cultivá-lo,
Prendê-lo jamais...
E tive meu jardim,
Em meio ao calor e aridez do tempo,
Tão deserto...
E dancei por entre o colorido,
Amarelas,
Azuis,
Vermelhas,
Flores...
E mudaram as estações,
E mudou meu jardim,
Mas eu não deixei de persistir,
Por vezes as flores não eram tão belas,
Por vezes haviam ervas daninhas,
Mas eu cuidei...
Sim! Cuidei do meu jardim!
Cultivei no solo do tempo,
Sem tentar prendê-lo jamais...
E mesmo que ninguém se lembre eu tive um belo e colorido jardim de...
Amarelas,
Azuis,
Vermelhas,
Flores...

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Felicidade bipolar.



Tanto peso trago sobre os ombros,
Curvado sob o fardo de minha insignificante racionalidade,
Por vezes deixo á mostra o que de divino existe em mim,
Contrapondo o que de quimera me povoa,
Sou a luz que ofuscou os olhos de quem nada vê,
A mão que ergueu-se ao cansado na desistência dos sonhos,
Sou também um pouco desse sonho,
Perfeito, imperfeito caminhar...
Posso ser obra de arte desse tempo,
Escultura do imaginário,
Caminhando rumo ao tudo desses caminhos de sol e suor,
Jardim e flores,
A lógica que povoa a vida,
A vida que por vezes não tem uma lógica,
E os ombros doloridos acumulam pesos ao longo dos anos,
Em canto ,
Em cada passo,
Ao som dessa melodia...
Esvaindo-me nos prazeres dessa felicidade bipolar,
Consumindo-me na entorpecente ilusão, de que sou eu a única solução para os meus problemas...


Raquel Luiza da Silva.