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terça-feira, 27 de março de 2012

Quando o amor...




Talvez um dia eu encontre o amor,
Talvez ele surpreenda-me na próxima esquina,
No próximo ônibus,
No próximo filme,
Na próxima canção,
No próximo poema...
Talvez ele venha como uma suave chuva ao amanhecer,
Como o vento á noite a açoitar as cortinas do quarto,
Como o ultimo cometa a visitar a terra,
Como as estrelas namoradas da lua,
Como a lua, namorada da terra...
Talvez um dia eu encontre o amor,
Num beijo roubado,
Num acaso,
Num sorriso,
Num abraço...
Talvez eu encontre o amor,
Quando não mais o esperar,
Quando não mais sonhar,
Quando assim for,
Quando o amor, a mim quiser encontrar.

Raquel Luiza da Silva.

domingo, 25 de março de 2012

Jardim.



Em mim as palavras misturam-se,
Fazem-se de loucas,
Bebem de tantos sentimentos,
De toscos fingimentos,
E desabrocham feito flores,
Flores mudas,
Tão graciosas e cheias de mistérios,
Transbordantes de céus e infernos,
Completando o ultimo espaço de meu silêncio,
Necessário,
Nato.
Espalhando-se tranquilamente,
Em mim,
Em toda gente...
Palavras loucas,
Transparentes,
Soltas...
Inflamadas de desejo,
Mistérios sem medo,
Metamorfoseando entre o real e o abstrato,
Clara caricatura,
Obscuro autorretrato.
E a sobriedade por vezes é minha,
Trazendo sentimentos em linha,
Se são de loucas palavras minhas flores,
Talvez seja eu jardineiro
de loucos amores.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Hoje vai chover.


Hoje vai chover,
Hoje tem chuva,
Hoje tem terra molhada,
Hoje tem saudade doida...
Tem cheiro de infância,
De vida há muito perdida...


Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Defina-me.

Perdida na amplidão desse abandono,
Sou a fera que feriu-se pela estrada,
Perdeu seus traços por entre os transeuntes das vagas lembranças,
Mergulhou de corpo e alma nos sonhos,
Atingiu o ápice de suas loucuras vis,
Contemplou o nascer do sol de um lugar qualquer,
Encontrou-se em alguém,
Perdeu-se por completo...
Volveu as cinzas da lareira e descobriu que eram apenas cinzas,
Renasceu no beijo de uma boca indigente,
Lavou a alma na chuva tardia,
Gritou com a figura do espelho,
Encontrou a fé em meio à perdição de suas vidas,
Tantas, todas...
Sou a fera, quimera...
Animal adestrado com instintos inesperados,
Possuidora de uma racionalidade humana,
Pecadora em todas as definições do tempo,
Filha dessa vida que encontra-se, que perde-se, que esvai-se...
Sou a fera...
A quimera...
Sou apenas eu.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 17 de março de 2012

O que guardas?

Há quem guarde sonhos,
Há quem guarde medos,
Há quem guarde segredos...
Também há os que nada guardam,
Nem sonhos,
Nem medos,
Nem segredos...
Mas vivem num emaranhado de vazias ilusões,
Tentando desvendar o que os outros guardam,
De forma indescritivelmente sutil,
No silêncio de seus corações.


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Despida de mim.


Eu era o coração pulsante numa folha de papel,
Despida de mim,
Despida da carnal imperfeição,
Tão pura e sincera que causava medo,
Tão liberta e sem destino que prendia segredos,
E eu tocava a superfície de loucos egos,
E cegava os olhos dos apaixonados,
Um coração pulsante...
Uma folha de papel...
E me fragmentava em destinos,
E morria em vidas,
E me entregava á sorte,
Tão destino,
Tão vida,
Tão morte...
Rasgava o véu das Eras,
Ardia em pecado em tantos Édens,
Eu era jardim,
Serpente,
Desejo,
Apenas ensejo,
Areia sob o sol,
Deserto,
Mundo,
Mundos,
Incerto...
Coração ...
Pulsante...
Folha...
Papel...
Eu era...
A transparência viva da alma,
A alma.
E fora dali eu me perdia,
Transformava,
Sumia...
Podia deixar de ser tudo,
Podia ser tudo,
Menos despir-me da roupagem tecida naquelas linhas,
Coração pulsante numa folha,
Viva e doce poesia.


Raquel Luiza da Silva.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sonhos.


Existem sonhos alados,
Sonhos que concretizam-se,
Sonhos que desfazem-se...
São tantos,
São todos,
São meus...
Deixados em caixas empoeiradas em velhas gavetas,
Escondidos no intimo desse coração,
Compartilhados com alguém,
Guardados por ninguém...
São feitos de vento,
São feitos de reais possibilidades,
São tantos...
De irrelevantes intenções,
Sustentados dia após dia,
Silenciosos,
São todos...
Lindos,
Perdidos,
Loucos,
São meus...
Sonhos...

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 10 de março de 2012

Tantas formas de ser...



Eu sou aquela que dormiu ao relento,
Que ao piano dedilhou uma canção,
Aquela mesma que despiu-se por algumas moedas,
Que ergueu-se bem cedo e preparou o café,
Eu sou aquela que pintou um quadro famoso,
Que perambulou pelas ruas sem tino,
Aquela mesma que escreveu um livro,
Que ensinou os pequenos á lerem,
Eu sou aquela que recitou o poema e comoveu á todos,
Que em meio ao lixo despiu-se do luxo,
Aquela mesma que parou o carro no sinal vermelho,
Que desenhou aquele belo vestido,
Eu sou aquela que apareceu na novela das 8 e no filme da tarde,
Que deixou a carta na caixa de correio logo cedo,
Aquela mesma que de joelhos orou á Deus,
Que sem pudor deitou-se com o amor primeiro,
Eu sou aquela que desenhou o prédio imponente,
Que jogou-se na piscina para aliviar o stress,
Aquela mesma que atendeu o paciente em estado crítico,
Que ofereceu flores aos que passavam pela calçada,
Eu sou aquela que pousou a cabeça no teu colo e pediu carinho,
Que chorou quando tudo parecia perdido,
Aquela mesma que gritou ao mundo que podia ir mais longe...
Eu sou aquela que deu vida ao poeta,
Que povoa os sonhos cheios de lascívia e ternura
Aquela mesma, frágil e forte ao mesmo tempo,
Eu sou aquela que se cala para meditar,
Que grita mais alto para lutar pelo que é seu,
Que tem garra,
Que tem nome,
Que tem valor...
Eu sou aquela que Deus chamou mulher.

Raquel Luiza da Silva.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Absoluto.


Quando o silêncio é absoluto, maiores sãos as palavras,
A doçura complacente se espalha em uma profusão tocante,
Eu sou o tudo nesse vão de portas,
A força que desafia o vento num piscar de olhos,
Reinando entre mundos,
Sentindo o vazio das coisas,
Tocando as virtudes terrenas,
Tão sutil quanto o profanar das verdades...
E quando o silêncio é absoluto minha voz é ouvida.
Tão muda,
Tão calada...
Tão viva,
Tão palavras.

Raquel Luiza da Silva.