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sábado, 3 de novembro de 2012

Identidade.


Há um pouco de sombra nas pinturas abstratas dessa mente que vaga,
Ontem arranhei as paredes,
Hoje escreverei um livro,
Sou ser imprevisível,
Humano...
Tocado pelas aparições que desenham-se nos côncavos indeléveis de minha memória,
Apregoando ao mundo as virtudes que faltam-me,
Talvez estejam escondidas embaixo dos tapetes da sala,
Talvez eu esteja escondida por esses cantos...
Minhas digitais apagaram-se,
Tenho uma identidade qualquer,
Num papel com números,
Sou um número transvestido de mulher.
E o dia que nasce lá fora, grita-me com sua luz que cega-me os olhos,
Não quero mais ouvir essa luz que arrebata-me aos dias vindouros de incógnitos futuros.
Não tenho pressa,
Não tenho medo,
Nem dinheiro,
Nem ouro...
Disseram-me que minhas asas são de vento,
Palavras são tempestades de tormentos,
Paradigmas universais que crucificam-me a cada manhã,
E meu grito ecoa levado pela extensão de minhas palavras,
Palavras mudas...
E as horas que desenham-se nesse corpo,
Traçados do tempo,
São caminhos de vislumbre de alguns viajantes,
Homens...
Amantes...
Não digam-me que sou ancoradouro de poucas virtudes,
Não cumulo definições,
Sou mutável.
E na rapidez de meus passos deixo-me perder por esses caminhos,
Numa conversa,
Num sorriso,
Num copo de vinho...
E meu preço é justo,
Valho a infinidade das coisas que cultivo,
Posso valer todos os seus tesouros,
Posso valer as histórias contidas num velho livro.
E não sigam-me os exemplos,
O que sei perde-se por entre os dedos como poeira ao vento.
Se quer de mim desvendar segredos,
Não procure-os nas canções ou nas velhas histórias,
Eu sou apenas o que sua mente comporta,
O arremate de uma escultura da costela de barro,
Fruto de um pecado,
Sou um pouco desse paraíso que a loucura não quer,
Um número, transvestido de mulher.

Raquel Luiza da Silva.

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