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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Coração de poeta.


"Não tenho coração", descobriu o poeta certa vez, de tanto sentir as dores e o amor alheio esqueceu-se de sentir suas próprias dores e viver seus próprios amores.
Pensou ele ter sete vidas, planejou vivê-las com o suave timbre melancôlico das almas perdidas no vácuo das lembranças, misturando os amores infinitos que ouvíra ao longo de sua existência, porém no fenecer do dia, a noite passou a ser sua real companheira, via que nem sempre o que estava á sua frente era real como se imaginava, ou os dias eram tão efêmeros quanto o suspiro ao sair dos pulmões, e ele começou á perder o sentido das rimas, viu-se no espelho tal como reflexo do que trazia no peito, a velhice de seus planos e anseios estampada de forma grotesca no vazio pulsante do peito.
Amou o que era dos outros, viveu as histórias que ñ eram suas e o que lhe sobrou?
Apenas rimas contidas em versos lacônicos espalhadas em empiricas formas que se tornavam ...histórias.
O poeta suspirou, pela primeira vez, notava que sua obra estava a se findar, como as tantas formas de ver o mundo se findavam no ponto final de suas experiências não sentidas, ñ vividas.
Pela primera vez ele notou que suas rimas não rimavam, que seus versos ñ tinham sentido, que o labor de duras horas alí em seu quarto, ñ passaram de vidas mortas, de tempo passado, de vida perdida...
Então o poeta pousou a caneta sobre a mesa, apanhou outra folha de papel e descobriu que era possível recomeçar, justamente quando tudo parecia perdido, ele se encontrou e sentiu que tudo em sua vida tinha sentido,perdeu o medo de sofrer e saiu á luta, a sua luta, aquela que travava com seu intelecto, com seu sentimental e aos poucos percebeu que ñ era o vazio que pulsava em seu peito, mas algo...sim, algo!
Então o poeta descobriu que sempre havia tido coração, apenas ñ o pudera ouvir em diversas ocasiões porque ñ havia tido tempo p/ olhar p/ si mesmo.

Raquel Luiza da Silva

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