E então a Bela Dona se veste com seus trajes nobres,
Seus saltos carmesim á ricochetearem sobre as pedras soltas da praça,
Em algum canto alguém á espera, será um amor?
Será uma farsa?
Ela segue por entre ruas vazias,
É solitário o coração que bate-lhe no peito,
Alguns gatos vagabundos ainda namoram os resquícios da lua,
E ela segue só por entre ruas.
Ajeita o casaco de peles sobre os ombros,
O frio parece incomodá-la,
O vento assanha-lhe os negros cabelos,
Negros tal como a noite que lhe veio.
Ela tem o olhar sempre á frente,
Nada a incomoda, parece decidida,
Vira á esquerda de uma esquina,
Respira fundo antes de seguir sua sina.
O lugar está escuro,
Seu toque na madeira da porta é firme,
Aguarda, respira fundo,
Será ali o fim de seu mundo?
Ajeita novamente o casaco ao ouvir a porta se abrir,
O cheiro de perfume de mulher invade-lhe as narinas,
Aquilo á incomoda, mas de alguma forma á anima,
Sorri ao homem á sua frente, sente-se como uma serpente.
Ele não entende o porquê de sua visita,
E ela não a especifica,
Afasta-lhe os braços e entra,
Tudo aquilo era seu, não se agüenta.
Ele a questiona sobre inusitada visita,
Ela se aproxima e sente o cheiro do tronco desnudo,
Seus lábios quase tocam os deles,
Ela o deseja, porém o orgulho lhe mete medo.
No quarto uma voz feminina se fez ouvir,
Ele virou o rosto como indicando que a outra estava ali,
E a Bela Dona chorou por dentro,
O ódio á invadiu como um frio vento.
E antes que ele dissesse algo, transpassou-o com um punhal,
Fazendo jorrar sangue daquele coração que um dia fora seu,
Rasgando-lhe o peito como ele lhe fizera sem usar lâmina,
Apenas ferindo-a como a vida não manda.
E ele tombou ao lodo dela,
A voz no quarto era insistente,
Ela apenas guardou a lâmina no casaco e saiu,
Ainda pôde ouvir ao longe os gritos.
Acendeu um cigarro, ajeitou os cabelos negros,
Chorava por dentro para não borrar a maquiagem,
Respirou profundamente o aroma da friagem,
E seguiu com seu bilhete de viagem.
Apanhou o primeiro trem,
Levando consigo a dor da perda, não da culpa,
Sentiria falta do corpo dele sobre o seu,
Só agora sentia que tudo se perdera.
A paisagem acinzentada do inverno, a enchia os olhos,
Respirou fundo,
Recostou-se na poltrona, despedindo se do mundo,
E após breve silêncio leva a lâmina contra o próprio peito e adormece...
Raquel Luiza da Silva
Seus saltos carmesim á ricochetearem sobre as pedras soltas da praça,
Em algum canto alguém á espera, será um amor?
Será uma farsa?
Ela segue por entre ruas vazias,
É solitário o coração que bate-lhe no peito,
Alguns gatos vagabundos ainda namoram os resquícios da lua,
E ela segue só por entre ruas.
Ajeita o casaco de peles sobre os ombros,
O frio parece incomodá-la,
O vento assanha-lhe os negros cabelos,
Negros tal como a noite que lhe veio.
Ela tem o olhar sempre á frente,
Nada a incomoda, parece decidida,
Vira á esquerda de uma esquina,
Respira fundo antes de seguir sua sina.
O lugar está escuro,
Seu toque na madeira da porta é firme,
Aguarda, respira fundo,
Será ali o fim de seu mundo?
Ajeita novamente o casaco ao ouvir a porta se abrir,
O cheiro de perfume de mulher invade-lhe as narinas,
Aquilo á incomoda, mas de alguma forma á anima,
Sorri ao homem á sua frente, sente-se como uma serpente.
Ele não entende o porquê de sua visita,
E ela não a especifica,
Afasta-lhe os braços e entra,
Tudo aquilo era seu, não se agüenta.
Ele a questiona sobre inusitada visita,
Ela se aproxima e sente o cheiro do tronco desnudo,
Seus lábios quase tocam os deles,
Ela o deseja, porém o orgulho lhe mete medo.
No quarto uma voz feminina se fez ouvir,
Ele virou o rosto como indicando que a outra estava ali,
E a Bela Dona chorou por dentro,
O ódio á invadiu como um frio vento.
E antes que ele dissesse algo, transpassou-o com um punhal,
Fazendo jorrar sangue daquele coração que um dia fora seu,
Rasgando-lhe o peito como ele lhe fizera sem usar lâmina,
Apenas ferindo-a como a vida não manda.
E ele tombou ao lodo dela,
A voz no quarto era insistente,
Ela apenas guardou a lâmina no casaco e saiu,
Ainda pôde ouvir ao longe os gritos.
Acendeu um cigarro, ajeitou os cabelos negros,
Chorava por dentro para não borrar a maquiagem,
Respirou profundamente o aroma da friagem,
E seguiu com seu bilhete de viagem.
Apanhou o primeiro trem,
Levando consigo a dor da perda, não da culpa,
Sentiria falta do corpo dele sobre o seu,
Só agora sentia que tudo se perdera.
A paisagem acinzentada do inverno, a enchia os olhos,
Respirou fundo,
Recostou-se na poltrona, despedindo se do mundo,
E após breve silêncio leva a lâmina contra o próprio peito e adormece...
Raquel Luiza da Silva
Bela Dona no início parece ser biográfico, mas no final vejo que é um belo poema, longe de ser algo pessoal.Bela Dona é a mulher em busca do amor mas incapaz de perdoar a traição e que sucumbe a ela.Parabéns,Raquel.
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