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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dona do salão.


Quando ela entrou no salão com ares primaveris,
Calou-se a orquestra então diante daquela beleza cortesã,
Tantos olhares nela pousavam que sentia-se estrela num imenso céu sem fim,
Rodopiava mostrando as belas pernas  naquele ousado vestido carmesim,
As moças  invejavam-na,
Pareciam cobiçar sua beleza juvenil,
Enquanto os moços suspiravam como apaixonados de abril,
E ela rodopiava...
Rodopiava...
Com seu brilho de estrela terrena,
Trazendo na tez o rubor de uma pequenina açucena,
Seu sorriso marcante mostrava sua real felicidade,
Enquanto todos comentavam que nunca  haviam-na visto pela cidade,
Alheia a todas as  indagações  ela era dona,
Da noite, daqueles salões...
E no final quando já cansada,
As luzes já apagadas,
Alguém puxou-a pelo braço,
_Sei quem tu és... Moço transvestido de mulher.
_Cala-te. _Disse ela com rompante diante do susto. _Não, durante o dia voltarei á minha real fantasia, mas nessa noite, não roubarás de mim o direito de ser uma perfeita mulher.

Raquel Luiza da Silva.


Ao querido Miguel.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Das horas que não sei.



Hoje rasguei aquelas cartas,
Rasguei aquela marra,
Dei um grau no visual,
Nada casual,
Sou ser,
Sou humano,
Sou normal,
Imoral talvez,
Sensato ou insensatez,
Depois escolho,
Escolho talvez...
Já refiz os meus planos,
Aos olhos podem ser estranhos,
Para a mente insano,
Mas para mim, meus planos.
Quebrei aquele relógio,
Que ditava as horas,
Nada agora,
Pouca demora,
Não quero horas.
E há quem não goste desse meu jeito,
Um pouco sem jeito,
Há algum direito?
Isso não sei,
Imperfeito talvez,
Vou lá pra fora,
Não quero mais horas,
Para ser agora,
Tem que ser dessa vez.

Raquel Luiza da Silva.

sábado, 22 de setembro de 2012

...

Então você descobre que ninguém vive feliz para sempre,
Que poucos casais conseguem manter o romantismo depois de algum tempo,
E que tudo aquilo que você julgou lindo e perfeito não era amor,
Era tipo amor,
Mas não era amor...
E então acabou-se,
Como o anel que tu me destes e quebrou-se por ser de vidro,
Como o toucinho que tava aqui e gato comeu,
Como o cravo que saiu ferido e a rosa despetalada,
Como atiraram o pau no gato...
E assim você para, pensa e se pergunta, mas o que tudo isso tem a ver?
Não sei, mas talvez entenda que quando não há sentimento,
Haverá sempre algo para explicar a ausência deste,
E percebe que perdeu um bom tempo da vida pensando que fosse amor,
Que era tipo amor,
Mas não era amor...

R.L.S



Ps: Que que isso?rsrs

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Conexo.

Esse corpo preso á terra,
De poeira,
De pó,
De sopro,
Feito de matéria real,
Carne, sangue, mortal.
Deixa livre uma mente que vaga,
Sem peso,
Nua,
Sem nada,
E fundem-se num misto tão controverso,
De prisões, de liberdades...
De mundo conexo.
E sou livre enquanto vago,
Presa aqui me acho,
E a mente nua, translúcida,
Foge dessa terra,
Dessa carne viva, 
Desse sangue que corre,
Foge para longe,
Onde não há suspiro que fenece,
Nem tempo que corre.

Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

...

Os gritos que vêm de fora não assustam-me,
Quando ultrapassam os umbrais tornam-se sussurros,
Encontram-me absorta em um mundo que não conhecem,
Desfazem-se rapidamente diante de meu silêncio.


Raquel Luiza da Silva.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Consome-me.


A poesia sorve-me em prolongados goles,
Tritura-me entre seus dentes invisíveis,
E meu sangue surge em estrofes,
Torno-me mar por entre as linhas,
E corro e transcorro pelas arestas inconscientes dessa minha mente,
Sóbria?
Insana?
Apenas mente...
Enquanto devora-me essa poesia,
Degusta-me cada canto existente,
E sorve-me,
E revolve-me,
E esse alimento que de mim alimenta-se,
Faz-se presente utopia,
Arrepio de almas vazias...
Sem segredos,
Apenas complicado de se entender,
E essa boca quente que sorve-me,
E desfaz-me por entre seus afiados dentes,
São  na verdade  a alegria e a dor pungente,
De um eterno fingidor.

Raquel Luiza da Silva.








quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Companhia.

Poesia é companhia...
É boca que fala quando quer silenciar-se,
É boca que emudece quando quer gritar,
É alma em esplendor de ascensão repentina,,
É tempestade...
É neblina.
Poeira da estrada,
Fé,
Cegueira,
Dor,
Amor...
Noite enluarada.
É o respirar lento, do corpo a perder a centelha existencial,
É toque,
É vida,
É chegada,
É partida,
Lágrimas encantadas em cristais,
Canção,
Emoção,
Vontade,
Tentação,
É o passo de dança esquecido pelos salões,
É festa,
É tristeza
É monotonia,
É paixão...
Poesia é companhia...
É a casa da alma cheia quando se está sozinha.
Poesia é companhia...

Raquel Luiza da Silva.






segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vidas.



Quando a lua deixar cair a sombra de seu clarão pela terra,
Espiaremos pela  sacada todos os nossos fantasmas,
E nossos corpos nus bailarão pelos salões da silenciosa consciência,
E cada passo da dança será como um novo ato em nosso teatro diário,
Somos feitos de matéria cintilante que despeça-se com o vento,
E quando o clarão da lua tocar nossa pele desnuda, sentiremo-nos imortais,
E deixaremos que nossos fantasmas tomem parte á mesa como bons amigos,
Beberemos da mesma taça,
Partilharemos o mesmo vinho.
Eternas horas de noites que findam-se,
Vidas que navegam em barquinhos de papel...
Tão frágeis criaturas,
Tão controversas criaturas...
Tão criaturas...
Dançantes ao clarão da lua,
Desnudadas de suas verdades,
Transvestidas de tantas faces,
Pobres criaturas espiando pela janela,
Bebendo com seus fantasmas,
Em silenciosas noites,
Em bocas caladas,
De eternas horas, de noites que findam-se...
Além da sacada.

Raquel Luiza da Silva.